Série de escândalos envolvendo instituição que concede a distinção resultou em adiamento da premiação em 2018. Fundação Nobel exigiu reformas para que Academia reconquiste confiança do público.
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A Academia Sueca concederá em 2019 dois prêmios Nobel de Literatura, o deste ano e o do ano passado, depois de ter adiado a entrega em 2018. Em anúncio feito em Estocolmo, nesta terça-feira (05/03), a Fundação Nobel reconheceu que após problemas internos virem à tona, fez-se necessário adotar diversas medidas para recuperar a credibilidade da instituição.
Desde o fim de 2017, a Academia Sueca se encontra em grave crise devido a escândalos envolvendo a escritora Katarina Frostenson, que nesse ínterim abandonou a instituição, e seu marido, o fotógrafo Jean-Claude Arnault, um dos nomes mais influentes na cena cultural da Suécia. Em dezembro último ele foi condenado por estupro a dois anos e meio de prisão, e atualmente apela da sentença.
Durante o escândalo, diversos membros renunciaram, à medida que se evidenciaram as divisões entre os indignados com o comportamento de Arnault e aqueles acusados de se escusarem de denunciá-lo.
Além do escândalo sexual, a Academia acusou Arnault e Frostenson, que era membro da Academia Sueca desde 1992, de vazarem a identidade dos laureados do Nobel antes do anúncio oficial, transgredindo assim seu compromisso de sigilo.
Também descobriu-se que Frostenson era sócia do clube de arte comercial particular do marido. A instituição recebia regularmente apoio financeiro da Academia Sueca, permitindo assim que, na prática, a escritora de 65 anos decidisse sobre doações para si mesma.
No próprio clube, também teriam sido cometidos delitos, tal como a distribuição ilegal de bebidas alcoólicas e fraude fiscal. Um escritório de advocacia a serviço da Academia Sueca chegou a propor que o clube fosse formalmente denunciado.
Devido à crise na Academia Sueca, a premiação no Nobel de Literatura em 2018 foi adiada para o ano seguinte, sob a condição de que fosse restabelecida a confiança do público na instituição.
Antes que se retomassem as premiações, a Fundação Nobel exigiu diversas reformas na instituição que concede o prêmio da literatura desde 1901, e a Academia Sueca as acatou na maior parte. Os vencedores dos prêmios de 2018 e 2019 devem ser revelados em outubro.
AV/dpa/afp
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O homenageado mais jovem, os mais controversos, os que não quiseram buscar o prêmio e outras curiosidades do Nobel de Literatura, que é concedido desde 1901.
Foto: picture alliance/dpa/V.Bucci
Por livro antigo
Quando Thomas Mann recebeu o Nobel de Literatura em 1929, não foi pela sua então obra mais recente, "A montanha mágica". O escritor foi homenageado por seu romance anterior, "Os Buddenbrook". Os jurados do Nobel na Suécia consideraram ""A montanha mágica" muito "prolixo e pesado", por isso optaram por uma obra mais antiga.
Foto: picture-alliance/dpa/Bifab
"Outros compromissos" mais importantes
Bob Dylan foi o primeiro músico a ganhar o Nobel de Literatur em 2016. Embora muitos músicos tenham celebrado o fato, Dylan demonstrou dar pouca importância ao prêmio. Ele não só não compareceu à cerimônia de entrega, alegando outros compromissos, como não enviou nenhum discurso para ser lido em sua ausência. Em março de 2017, então, ele deu uma passada por Estocolmo par apanhar sua medalha.
Foto: picture alliance/dpa/V.Bucci
Medo de aglomeração humana
Também a escritora austríaca Elfriede Jelinek não compareceu à cerimônia de premiação em 2004. Na época, alegou sentir medo em aglomerações humanas e da popularidade repentina: "Não estou em condições psíquicas de me expor a isso". Mas ela ao menos mandou um discurso por vídeo.
Foto: Imago/Leemage/S. Bassouls
Ameaça do regime soviético
O autor russo Boris Pasternak, famoso pelo romance "Doutor Jivago", foi homenageado em 1958. Seu governo, no entanto, o ameaçou de expatriação se aceitasse o prêmio. Pasternak não cedeu à pressão, o que lhe valeu a saída da Associação dos Escritores da União Soviética. Apesar de tudo, Pasternak permaneceu no país. A medalha pelo Nobel foi apanhada pelo filho dele em Estocolmo em 1989.
Foto: picture-alliance/dpa/Tass
Outro prêmio controverso
A elite literária se indignou em 1997, alegando que o italiano Dario Fo, homenageado naquele ano com o Nobel de Literatura, era apenas um "bufão divertido e não um autor de classe mundial". Ao que o escritor respondeu com um discurso memorável ao receber o prêmio da Academia sueca.
Foto: Vittorio Zunino Celotto/Getty Images
Nobel pela retórica
Por duas vezes, o então premiê britânico Winston Churchill esteve na lista de nomeados ao Nobel da Paz. Até que, em 1953, ele recebeu o prêmio, mas de Literatura. O júri elogiou sua "maestria na descrição histórica e biográfica" e por sua "brilhante oratória, em que defende os valores humanos".
Foto: picture-alliance/AP-Photo
Interesse pelo dinheiro do prêmio
Em 1969, o prêmio foi para o francês Jean-Paul Sartre. Mas ele surpreendentemente o negou, alegando que "todo prêmio cria a dependência". Mais estranho ainda foi que, alguns anos mais tarde, ele discretamente perguntou junto ao Comitê Nobel se não seria possível receber as 273 mil coroas suecas do prêmio.
Foto: picture alliance/AP Images
O mais jovem
O britânico Joseph Rudyard Kipling é o mais jovem agraciado com o Nobel de Literatura. Ele o recebeu em 1907, com 41 anos de idade, por suas histórias curtas e poemas sobre o tempo que passou na Índia e por suas famosas histórias infantis como "O livro da selva". Ele também foi o primeiro escritor britânico a ganhar o Nobel de Literatura.