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Acampamento de refugiados na Grécia é alvo de ataques

18 de novembro de 2016

Pedras e coquetéis molotov são atirados contra campo improvisado, resultando em incêndio e deixando dezenas de desabrigados. Local é palco de conflitos entre moradores e migrantes pela segunda noite consecutiva.

Campo de refugiados de Suda, em Quios, em foto de outubro de 2016
Campo de refugiados de Suda, em Quios, em foto de outubro de 2016Foto: Getty Images/AFP/L. Gouliamaki

Desconhecidos atiraram pedras e coquetéis molotov contra um abrigo improvisado para refugiados e migrantes na ilha grega de Quios, nesta sexta-feira (18/11). Segundo informações da polícia e de organizações humanitárias, os ataques deixaram um sírio gravemente ferido e dezenas de desabrigados.

O episódio começou na noite de quinta-feira, a segunda noite consecutiva de tensão entre moradores e migrantes. "Os incidentes destruíram o abrigo de cerca de cem homens, mulheres e crianças", disse Roland Schoenbauer, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Segundo Schoenbauer, um homem sírio foi gravemente ferido na cabeça por uma pedra e teve que ser hospitalizado.

Pouco depois das 20h desta quinta-feira, o grupo lançou coquetéis molotov contra o acampamento improvisado de Suda, provocando um incêndio que destruiu duas barracas.

Um segundo ataque ocorreu por volta de 23h. Após o novo incidente, um grupo de 150 refugiados deixou o local e passou a noite no porto da ilha de Quios.

Pouco depois da meia-noite, dois voluntários que saíram do acampamento foram agredidos, apesar da presença de policiais, por um grupo de cerca de 30 pessoas. Mais tarde, um refugiado chegou ao mesmo hospital para aonde tinham sido levados os voluntários e também afirmou ter sofrido agressões de desconhecidos.

"Se trata certamente de ataques organizados, não eram moradores indignados", disse à agência Efe um jornalista de um veículo da imprensa local que preferiu manter o anonimato.

"Ainda não sabemos as causas do incêndio. A investigação dos bombeiros segue em curso", destacou um porta-voz da polícia.

Mais de 3 mil migrantes e refugiados se encontram atualmente em Quios, que tem cerca de 50 mil habitantes e infraestrutura para acolher 1,1 mil pessoas. No abrigo improvisado, vivem mais de mil migrantes.

De acordo com um pacto migratório firmado entre a União Europeia (UE) e a Turquia, migrantes que chegaram ao continente europeu após o dia 20 de março devem ser mantidos em centros estabelecidos em cinco ilhas do Mar Egeu, incluindo Quios, enquanto seus pedidos de asilo são analisados.

A tensão nos campos de refugiados das ilhas gregas tem aumentado devido à demora no processo de pedidos de asilo, o que se soma à frustração diante das condições dos abrigos oferecidos. "As tensões não são completamente novas, mas a situação tem nos preocupado gravemente, pois se deteriorou muito. As tensões estão ligadas à superlotação dos locais", avaliou Schoenbauer.

Em setembro deste ano, milhares de pessoas fugiram de um campo de refugiados na ilha grega de Lesbos, depois de barracas pegarem fogo na sequência de violência entre os moradores.

IP/rtr/afp

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