Duas pessoas ficam feridas em ataque à vigília montada próximo ao prédio onde o ex-presidente está preso. Inquérito é aberto para investigar o caso. Prefeitura faz novo pedido para que petista seja transferido.
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A direção nacional do PT informou neste sábado (28/04) que o acampamento montado em Curitiba em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo de um atentado a tiros durante a madrugada.
Duas pessoas que estavam no local ficaram feridas. Uma delas, um homem de 38 anos identificado como Jeferson Lima de Menezes, levou um tiro no pescoço e foi levado a um hospital na região sul da capital paranaense. Ele veio de São Paulo e atuava como segurança do acampamento.
Segundo o jornal Gazeta do Povo, a segunda pessoa foi atingida por estilhaços no ombro, sem gravidade, após disparos terem acertado um banheiro químico.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, as primeiras informações sugerem que os disparos foram efetuados por uma pessoa a pé. Um inquérito foi aberto para apurar o caso. Imagens divulgadas por câmeras de segurança registraram quando um homem chegou de carro e depois caminhou até o acampamento. Na sequência, ele apareceu efetuando vários disparos enquanto deixava o local.
Estiveram no acampamento peritos da Polícia Científica do Paraná, além de policiais militares e da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Os investigadores recolheram no local cápsulas de pistola 9 mm, informou o jornal Folha de S. Paulo.
Desde que Lula foi levado para uma cela na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, em 7 de abril, apoiadores do petista permanecem acampados nos arredores do prédio. Após uma ordem judicial, eles deixaram as cercanias no dia 17 e se instalaram em uma área que fica a 750 metros da sede.
Depois do ataque, a Procuradoria-Geral da Prefeitura de Curitiba fez um novo pedido à 12ª Vara da Justiça Federal para que o ex-presidente seja transferido da sede da PF, segundo o portal G1. Uma primeira solicitação, em 13 de abril, alegava que a presença do petista no local tem gerado transtornos a moradores e funcionários.
A notícia do atentado foi divulgada inicialmente por páginas de notícias pró-petistas na internet. Membros da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, também relataram em redes sociais informações sobre os tiros, que teriam ocorrido por volta das 4h da madrugada.
Segundo essas primeiras notícias, os disparos foram feitos por um homem que circulou repetidamente pelo local gritando ofensas contra as pessoas que estavam acampadas.
Na manhã deste sábado, após o episódio, membros do acampamento organizaram um protesto. Eles bloquearam uma via no bairro Santa Cândida, onde fica a sede da PF, e queimaram pneus.
PT condena violência
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, publicou um vídeo na página do partido em que condenou o episódio. Ela contou que foi informada sobre o crime pelo presidente do PT paranaense, o deputado federal Doutor Rosinha. Segundo ela, mais de 20 tiros foram disparados contra o acampamento.
"O nosso acampamento foi atacado nesta madrugada a tiros, e uma pessoa foi atingida. (...) As pessoas que atacaram passaram em frente várias vezes gritando e se manifestando de maneira contrária", afirmou.
Hoffmann também disse que "a situação de violência e intolerância no país está muito grave". "Isso vem num rastro de violência que os movimentos sociais vêm sofrendo desde que o golpe do impeachment aconteceu", declarou.
A presidente do PT também aproveitou a ocasião para culpar a Rede Globo e o juiz Sérgio Moro, que condenou o ex-presidente em primeira instância pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e depois ordenou sua prisão.
"Essa violência é resultado desse processo construído de perseguição ao presidente Lula e contra o PT e os movimento de esquerda. A Lava Jato e o juiz Sérgio Moro têm responsabilidade objetiva nisso. Assim como a grande mídia, principalmente a Rede Globo, que dia após dia incita o ódio", disse.
Já os organizadores do movimento Vígilia Lula Livre criticaram a falta de proteção policial para os membros do acampamento.
"No fundo, é uma crônica anunciada. Desde o dia em que houve a mudança do local do acampamento, cumprindo demanda judicial, integrantes do movimento social haviam sido atacados na região. Desde aquele momento, a coordenação da vigília já exigia policiamento e apoio de viaturas, como foi inclusive sinalizado nos acordos para mudança no local do acampamento", disse o movimento em nota.
Outro ataque há um mês
No final de março, antes da prisão de Lula, uma caravana do ex-presidente que cruzava o interior do Paraná durante uma viagem pelo sul do Brasil também foi alvo de tiros, provavelmente efetuados a partir de uma arma de baixo calibre.
Segundo laudo do Instituto de Criminalística do Paraná, um dos ônibus foi atingido na lataria e outro no vidro. Inicialmente o PT indicou que dois veículos haviam sido atingidos por tiros, mas o laudo apontou que o outro ônibus foi alvo de uma pedrada.
Os disparos e outros episódios de violência que marcaram a caravana provocaram ampla condenação no meio político. O presidente Michel Temer classificou o ataque de inaceitável. Os autores ainda não foram identificados.
JPS/ots
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Ex-governantes na mira da Justiça
Réu em vários processos, condenado e preso, Lula faz parte de uma extensa galeria de antigos governantes acusados de corrupção que cumprem pena ou ainda batalham nos tribunais.
Foto: picture-alliance/AP-Photo/L. Correa
Park Geun-hye (Coreia do Sul)
Presidente entre 2013 e 2016, Park sofreu impeachment por realizar tráfico de influência. Em seguida, foi acusada de desviar milhões de dólares de fundos de serviços de inteligência do país para compras extravagantes, além de pedir propina a grandes empresas sul-coreanas, como a Samsung. Em 2018, foi condenada a 25 anos de prisão.
Foto: picture-alliance/AP Photo/K. Hong-Ji
O quinteto peruano
O ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) foi preso em 2005 por crimes diversos, e quatro sucessores se viram ligados à Odebrecht: Alejandro Toledo (2001-2006) teve prisão decretada em 2017 e está nos EUA; Alan Gárcia (2006-2011), investigado, se matou em 2019; Ollanta Humala (2011-2016), preso em 2017, foi solto no ano seguinte; e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) está em prisão domiciliar.
Foto: Getty Images/AFP/P. Ji-Hwan/C. Bournocle/T. Charlier/ J. Razuri
Ricardo Martinelli (Panamá)
Presidente de 2009 a 2014, Martinelli foi preso em Miami em 2017 e extraditado a seu país no ano seguinte, onde era acusado de operar esquema ilegal de espionagem de adversários políticos durante seu governo e de receber subornos da empreiteira brasileira Odebrecht. O acordo de extradição exigiu que ele fosse julgado apenas pelo delito de espionagem, pelo qual foi absolvido em agosto de 2019.
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Carlos Menem (Argentina)
Presidente entre 1989 e 1999, o extravagante Menem foi mantido preso durante cinco meses em 2001 por envolvimento em um escândalo de venda ilegal de armas para a Croácia. Em 2013, foi condenado a sete de anos de prisão pelo caso. Em 2015, voltou a ser condenado por corrupção envolvendo o pagamento de propinas a servidores públicos. Por enquanto, um mandato no Senado lhe mantém fora da cadeia.
Foto: picture-alliance /dpa/S. Goya
Jacob Zuma (África do Sul)
Presidente entre 2009 e fevereiro de 2018, Zuma enfrenta pelo menos 18 acusações de corrupção, extorsão, fraude e lavagem de dinheiro. No dia 6 de abril de 2018, compareceu a um tribunal para prestar depoimento em um processo que o acusa de receber subornos na venda de armamento para o governo.
Foto: Reuters/S. Sibeko
Nicolas Sarkozy (França)
Presidente entre 2007 e 2012, Sarkozy enfrenta acusações de corrupção e financiamento ilegal de campanha. Em 2014, foi detido para prestar depoimento em caso de tráfico de influência envolvendo promessas a um juiz em troca de informações sobre processos. Em março de 2018, foi novamente detido para interrogatório, desta vez por suposta doação ilegal feita pelo antigo ditador líbio Muammar Kadhafi.
Foto: REUTERS
Um trio guatemalteco
O ex-presidente da Guatemala Alfonso Portillo (2000-2004) foi preso em 2010 por receber subornos do governo de Taiwan, e solto em 2015. Alvaro Colom (2008-2012) foi preso em março de 2018 por fraudes no sistema de ônibus da capital e solto cinco meses depois. Otto Pérez Molina (2012-2015) foi detido um dia após renunciar por fraude em esquema de importações e seguia preso até outubro de 2019.
Foto: AP
José Sócrates (Portugal)
Primeiro-ministro entre 2005 e 2011, Sócrates foi preso em novembro de 2014 por suspeita de corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Segundo a Justiça, Sócrates beneficiou grupos empresariais enquanto esteve no poder e em troca recebeu 24 milhões de euros. Permaneceu na cadeia até setembro de 2015, quando passou para a prisão domiciliar. Em outubro de 2017, foi denunciado por 31 crimes.
Foto: Reuters
Ehud Olmert (Israel)
Premiê entre abril de 2006 e março de 2009, Olmert foi condenado em 2014 por aceitar subornos de construtoras quando era prefeito de Jerusalém. Nos meses seguintes, foi condenado em outros processos. Começou a cumprir pena em fevereiro de 2016 e deixou a prisão 16 meses depois, em liberdade condicional. Ele ainda aguarda o resultado de recursos.
Foto: Getty Images/AFP/G. Tibbon
Svetozar Marovic (Sérvia e Montenegro)
Presidente entre 2003 e 2006 da extinta Comunidade da Sérvia e Montenegro, Marovic foi preso em 2015 por envolvimento em uma rede de corrupção na administração da cidade de Budva. Em 2016, foi condenado a três anos e dez meses de cadeia por um tribunal de Montenegro. É considerado foragido pela Justiça. Vive hoje na vizinha Sérvia e é alvo de um pedido de extradição.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vojinovic
Ivo Sanader (Croácia)
Primeiro-ministro entre 2003 e 2009, Sanader foi acusado de receber suborno durante a negociação de empréstimo com um banco austríaco. Fugiu da Croácia em 2010. Extraditado em 2011, foi condenado a dez anos de prisão. Foi solto em 2015, após sua condenação ser anulada. Ainda enfrenta outras investigações e em 2017 voltou a ser condenado a quatro anos e meio de prisão por outro caso de corrupção.
Foto: AFP/Getty Images
Khaleda Zia (Bangladesh)
Primeira-ministra entre 1991 e 1996 e novamente entre 2001 e 2006, Khaleda Zia foi presa em fevereiro de 2018 após ser condenada a 17 anos de cadeia por corrupção e desvio de doações internacionais destinadas a um orfanato. Sua defesa afirma que as acusações têm motivação política.
Foto: picture-alliance/dpa/AP Photo/A. M. Ahad
Vlad Filat (Moldávia)
Primeiro-ministro da Moldávia entre 2009 e 2013, Filat foi acusado de embolsar mais de 200 milhões de euros em um esquema de fraude bancária. Durante seu governo, três bancos do país concederam 1 bilhão de euros em empréstimos para empresas de fachada, lesando milhares de correntistas. Foi preso em 2015 e no ano seguinte foi condenado a nove anos de prisão por corrupção e abuso de poder.
Foto: picture-alliance/dpa
Fernando Collor (Brasil)
Em agosto de 2017, o ex-presidente Collor (1990-1992) se tornou réu por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Lava Jato, acusado de cobrar propina em negócios envolvendo a BR Distribuidora. Em maio de 2019, foi denunciado também por peculato. Collor é senador e seus processos correm no Supremo Tribunal Federal.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Gomes
Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil)
Em janeiro de 2018, o ex-presidente Lula (2003-2010) foi condenado em 2ª instância por corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Lava Jato, acusado de receber como suborno um apartamento no Guarujá. Detido em abril de 2018, ele já teria direito a ir ao regime semiaberto, mas segue preso. Em fevereiro de 2019, foi condenado em 1ª instância, desta vez envolvendo reformas num sítio em Atibaia.