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Acordo comercial Mercosul-UE divide opiniões na Alemanha

29 de junho de 2019

Associações alemãs saúdam tratado de livre-comércio anunciado durante cúpula do G20. Contudo vozes críticas apontam efeitos negativos para agricultores locais e meio ambiente e direitos humanos na América do Sul.

Contêineres de transporte
Foto: picture-alliance/Bildagentur-online/Ohde

Ligas de economia e comércio da Alemanha saudaram o tratado de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, anunciado nesta sexta-feira (28/06) em Osaka, Japão, onde se realiza a cúpula do grupo das principais potências econômicas, G20.

O presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Eric Schweitzer, classificou a conclusão das negociações – que se desenrolavam desde 1999, com interrupções – como "uma notícia francamente positiva, num panorama antes sombrio para a economia mundial".

O presidente da Confederação do Atacado, Comércio Externo e Serviços (BGA), Holger Bingmann, foi mais eufórico: "Estamos radiantes que esse acordo histórico, após negociações extremamente longas e penosas, tenha agora sua exitosa conclusão." Ele destacou que assim se cria a maior zona de livre-comércio do mundo, abarcando mais de 770 milhões de cidadãos.

Assim como outros chefes de Estado e governo da UE e da América do Sul, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, celebrou o acontecimento. Num breve encontro de líderes à margem do G20, ela elogiou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, por concluir as negociações, num "momento verdadeiramente histórico".

Críticas de agricultores alemães e verdes

Em contraste, ressalvas partiram da Confederação dos Agricultores Alemães (DBV), ressaltando o risco de que o acordo Mercosul-UE vá comprometer o futuro de diversas empresas familiares da Alemanha.

A associação teme que exigências distintas na proteção ambiental e climática, emprego de antibióticos e pesticidas, assim como uma salvaguarda imperfeita do mercado europeu, venham a provocar distorções mercadológicas dramáticas, sobretudo no tocante à carne bovina e de aves, e açúcar.

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"Não é aceitável a Comissão Europeia assinar esse acordo totalmente desequilibrado. Esse tratado comercial é pura dupla moral", censurou o presidente da DBV, Joachim Rukwied. Ele instou os chefes de Estado e governo, assim como o Parlamento Europeu, a protegerem os padrões regionais para agricultura e gêneros alimentícios. "A agricultura não pode ser sacrificada em favor da indústria automobilística", criticou.

Para o Partido Verde alemão, o acordo comercial é uma "decisão fatal para a proteção do clima e os direitos humanos": "Esse tratado não pode ser concluído", exigiu a porta-voz da bancada parlamentar verde para assuntos de comércio, Katharina Dröge.

Segundo a deputada federal, a UE estaria permutando "melhor acesso de mercado para automóveis contra gigantescas importações de carne bovina e avícola, açúcar e outros bens agrícolas". Isso implicaria novas áreas de pasto e cultivo, redundando em "novos desmatamentos na região amazônica".

Sinal contra Trump

No polo positivo, tanto a DIHK quanto a BGA apontaram a conclusão do acordo durante o G20 como um sinal contra os atuais conflitos comerciais.

"A maior zona de livre-comércio do mundo que está sendo criada é mais do que um ponto de exclamação contra o protecionismo que grassa em todo o mundo", declarou Holger Bingmann. Eric Schweitzer, da DIHK, disse esperar um melhor acesso de mercado para os fabricantes de máquinas e automóveis assim como para a indústria de alimentação.

Embora seu nome não tenha sido mencionado, o alvo central dessas críticas é o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde sua posse, em 2016, o republicano tem combatido o livre-comércio, não só ao sabotar o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) como cancelando a participação americana na Parceria Transpacífica (TPP).

O anunciado tratado de livre-comércio entre os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, totalizando 260 milhões de habitantes) e a União Europeia (512 milhões) prevê a redução de taxas aduaneiras e outros obstáculos comerciais, a fim de fortalecer a circulação de bens, resultando em cortes de gastos bilionários para as empresas envolvidas.

AV/afp,rtr,dpa,ots

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