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Acordo nuclear com o Irã cria esperança de reformas internas

Jashar Erfanian (rc)25 de novembro de 2013

O repentino sucesso das negociações sobre o programa nuclear iraniano fortalece os moderados em torno do presidente Hassan Rohani e pode impulsionar reformas políticas e sociais na República Islâmica.

Foto: ISNA

Na madrugada deste domingo (24/11), os ministros do chamado Grupo 5+1 (os países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) assinaram um acordo provisório com o Irã, satisfatório a ambas as partes. O governo em Teerã deverá congelar seu programa nuclear e, em contrapartida, algumas sanções ao país serão removidas.

Após anos de tentativas frustradas para estabelecer um acordo sobre o programa nuclear do Irã, o presidente Hassan Rohani – sucessor de Mahmoud Ahmadinejad – trouxe uma nova dinâmica às conversações, o que permitiu o sucesso delas.

Mas ainda falta muito para se chegar a uma solução definitiva e restam muitos pontos em aberto, afirma Scott Lucas, especialista em Irã da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, e editor do portal EA Worldview, sobre o Oriente Médio.

Segundo Lucas, decisiva para novos avanços é a disposição do Ocidente em levantar as sanções ao regime de Teerã, enquanto os iranianos deverão tentar superar a desconfiança em relação a seu programa nuclear através de uma total cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

O aiatolá Ali Khamenei tem a última palavra quanto a questões políticas na República IslâmicaFoto: ISNA

O papel da crise econômica iraniana

O sucesso da negociação deve-se principalmente ao novo governo em Teerã, defende o cientista político Siebo Janssen. "Logo após assumir a presidência, Rohani declarou que seu principal objetivo político era resolver o conflito com o Ocidente", afirma. O acordo deste domingo deixa o presidente mais próximo desse objetivo.

Janssen afirma que o motivo para a repentina disposição do país asiático em resolver a questão nuclear é evidente. "O Irã está economicamente acuado", explica. "As forças moderadas reconheceram que o país deve fazer progressos na questão nuclear para reduzir a pressão das sanções, que paralisam a economia iraniana."

Durante a campanha para a presidência, em meados de 2012, Rohani prometeu melhorar a situação de vida de muitos iranianos que vivem em condições precárias devido à crise econômica. "Obviamente, esse projeto apenas poderá ser realizado se houver fluxo de dinheiro. É por essa razão que o acordo nuclear é tão importante para o governo", explica Janssen.

Efeito motivador para reformas

No plano interno, o pacto com o grupo dos 5+1 pode ser visto como um sucesso do novo governo, mais disposto a reformas do que a linha dura conservadora que estava antes no poder e que reprova a aproximação com o Ocidente. "Um novo fracasso nas negociações em Genebra seria combustível para os inimigos de Rohani, que sempre alertaram que os Estados Unidos e seus parceiros ocidentais não seriam confiáveis", diz Lucas.

Assim, o novo acordo poderá ter o efeito adicional de elevar a capacidade de ação das forças reformistas. "Rohani só é presidente porque o eleitorado estava sedento por reformas econômicas, sociais e culturais", defende Janssen.

O cientista político aponta que a população também clama por melhoras na questão dos direitos humanos. Rohani desfruta da confiança da maioria dos iranianos, mas poderá perder rapidamente esse apoio se não implementar logo as reformas esperadas.

Mas, no Irã, reformas só se tornam realidade se houver o aval do líder supremo da República Islâmica. O aiatolá Ali Khamenei tem sempre a última palavra em questões políticas. Ele apoia Rohani na questão nuclear, mas até agora não se pronunciou sobre as reformas internas no país.

Lucas diz que o governo de Rohani tem o apoio do aiatolá, mas com reservas. O acordo nuclear com o Ocidente foi o teste inicial para o novo governo, afirma. Agora que Rohani conseguiu ser bem-sucedido nesse ponto, a confiança de Khamenei no direcionamento político do presidente poderá aumentar, o que pode significar menos entraves para a implementação das reformas internas.

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