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Dominique Strauss-Kahn

5 de julho de 2011

Novo capítulo na novela Dominique Strauss-Kahn: enquanto nos EUA a promotoria anuncia que pretende retirar acusações de abuso sexual, na França, a escritora Tristane Banon abre processo por tentativa de estupro.

Foto: dapd

As reviravoltas no caso do ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) parecem não ter fim. Nesta terça-feira (05/07), um alto investigador do caso teria dito ao jornal New York Post que a promotoria vai retirar nas próximas semanas todas as acusações de abuso sexual contra Strauss-Kahn, devido a dúvidas sobre a credibilidade da vítima.

"Não se pode acreditar em nenhuma palavra que sai de sua boca - o que é uma pena, porque nunca saberemos o que aconteceu naquele quarto de hotel", disse o investigador, que pediu para não ser identificado, referindo-se à camareira guineense de 32 anos que acusou Strauss-Kahn de ter tentado violentá-la na suíte de luxo do hotel Sofitel em Nova York no dia 14 de maio.

Mesmo que se livre do processo nos Estados Unidos, Strauss-Kahn enfrenta agora outra acusação por abuso sexual, desta vez na França. A jornalista e escritora Tristane Banon, de 32 anos, abriu nesta terça-feira um processo por abuso sexual contra o ex-chefe do FMI. Ela afirma que ele tentou estuprá-la em 2003, quando ela foi ao seu apartamento em Paris para entrevistá-lo.

Dominique Strauss-Kahn nega também essa acusação, e seus advogados disseram que irão processar Banon por calúnia.

Turbulências na vida política

Dominique Strauss-Kahn foi libertado da prisão domiciliar na sexta-feira (01/07)Foto: AP

As acusações de agressão sexual contra a camareira em Nova York levaram Strauss-Kahn a renunciar à liderança do FMI e pareciam ter arruinado a carreira política daquele que era visto como possível futuro presidente da França. Mas a opinião pública francesa se mostra dividida sobre o retorno de Strauss-Kahn à política.

Uma pesquisa conduzida nos dias 1º e 2 de julho revelou que 42% dos franceses acreditam que Strauss-Kahn poderia ser um bom presidente e que ele possa voltar à vida política, embora 51% acreditem que sua carreira esteja encerrada.

Apesar da imagem de "esquerda caviar", Strauss-Kahn vinha sendo cotado como a melhor opção dos socialistas para vencer o presidente conservador Nicolas Sarkozy em 2012. Mas sua prisão repentina em maio obrigou o partido a mudar de planos.

O porta-voz do Partido Socialista, Benoit Hamon, disse que Strauss-Kahn concorrer às eleições presidenciais seria a mais "remota" das possibilidades para o futuro político do ex-líder do FMI.

Ele acrescentou, no entanto, que se Strauss-Kahn optar por se registrar após 13 de julho, quando vence o prazo para as candidaturas pelo Partido Socialista, as lideranças do partido não o irão impedir.

"Vamos dar a Dominique Strauss-Kahn um pouco de espaço para respirar e deixá-lo falar quando estiver pronto", disse Hamon à imprensa.

Suspeita de complô

François Hollande, favorito dos socialistas na corrida presidencial de 2012, disse que deveria ser feita uma investigação para apurar um possível complô da oposição contra Strauss-Kahn. "Pode ter havido uma armadilha. Na vida sempre existe a possibilidade de alguém tentar manipulá-lo ou lhe dar um golpe". O deputado socialista Pierre Moscovici também pediu por uma investigação para apurar se houve erros no processo judicial.

Um dos assessores do presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta terça-feira que o Executivo na França está "consternado" com as novas acusações contra Dominique Strauss-Kahn, mas rechaçou que o socialista possa ser vítima de uma conspiração política.

"Como todo mundo, nós vemos o assunto com certa consternação. Eu sei que a vida é como uma novela, mas esta história é desconcertante", disse Henri Guaino à TV francesa. Quanto à possibilidade de um complô contra Strauss-Kahn, Guaino disse que deixa as especulações para "os fãs de ficção científica".

Contradições no depoimento

De acordo com o primeiro depoimento da camareira ao júri, ela teria saído da suíte de Strauss-Kahn imediatamente após ser atacada sexualmente e esperado no corredor antes de informar um supervisor.

Camareira do hotel Sofitel em Nova York teria mentido ao júriFoto: dapd

Mas a promotoria revelou que a mulher mudou a história repetidamente, admitindo que na verdade teria limpado outro quarto e até mesmo retornado para limpar a suíte de Strauss-Kahn antes de alertar seu empregador.

Segundo a promotoria, a mulher também mentiu em seu requerimento de asilo político ao entrar nos Estados Unidos, em 2004, e sonegou impostos ao listar um segundo filho - que não existe - como seu dependente.

O advogado da camareira, Kenneth Thompson, admitiu que sua cliente cometeu "alguns erros", mas insistiu que evidências forenses iriam provar que Strauss-Kahn é culpado de uma agressão sexual brutal.

De acordo com a reportagem do jornal New York Post, Strauss-Kahn e a camareira teriam tido relações sexuais na suíte de luxo, e que teria havido "uma expectativa de receber dinheiro após o ato que, no entanto, foi desconsiderada".

Entre outros detalhes investigados sobre a camareira, foram identificadas possíveis ligações com atividades criminosas, como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, disse um representante da Justiça ao jornal The New York Times.

Um dia após a suposta tentativa de estupro, uma gravação mostra a camareira conversando com um namorado – o qual está preso por posse de 180 quilos de maconha – e discutindo os benefícios de fazer a acusação.

Quando a conversa foi traduzida do fula, língua nativa da camareira, os investigadores ficaram preocupados. "Ela diz coisas como 'não se preocupe, esse homem tem muito dinheiro, eu sei o que estou fazendo'", contou o investigador ao New York Post.

FF/afp/rtr/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer

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