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CatástrofeReino Unido

Acusado de fazer bomba que derrubou Boeing da Pan Am é preso

11 de dezembro de 2022

Atentado em 1988 explodiu jato que voava de Londres para Nova York, matando todas as 259 pessoas a bordo e 11 que estavam no solo, na cidade escocesa de Lockerbie. Suspeito está detido nos EUA e será levado a julgamento.

Peritos fotografam destroços da cabine do avião em terra
Atentado é o ataque terrorista mais mortal da história britânicaFoto: AP/Keystone/dpa/picture alliance

Um líbio acusado de ter construído a bomba que derrubou em 1988 um avião da Pan Am que sobrevoava a cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas, foi detido nos EUA, confirmaram autoridades americanas e escocesas neste domingo (11/12).

Abu Agila Mohammad Masud havia sido denunciado pelos EUA há dois anos pelo atentado. Ele já havia sido detido anteriormente na Líbia por seu suposto envolvimento em um ataque a uma discoteca em Berlim em 1986.

O Departamento de Justiça dos EUA confirmou em um comunicado que Masud estava detido, após um anúncio feito por promotores escoceses, mas não detalhou como o suspeito foi parar nas mãos das autoridades americanas.

Um porta-voz do órgão disse que Masud deverá comparecer a uma audiência de uma corte federal em Washington, mas não especificou quando.

O atentado

O Boeing 747 da Pan Am fazia o voo 103 de Londres para Nova York em 21 de dezembro de 1988 quando a bomba foi detonada, matando todas as 259 pessoas a bordo e 11 pessoas atingidas em terra pelos destroços. Foi o ataque terrorista mais mortal da história britânica.

Apenas um indivíduo foi condenado até hoje pelo atentado. Em 2001, Abdelbaset Ali Mohmet al-Megrahi, ex-agente de inteligência líbia, foi considerado culpado e condenado à prisão perpétua na Escócia. Ele foi solto em 2009 por razões humanitárias, pois tinha câncer, e morreu em 2012 em sua casa, em Trípoli, afirmando ser inocente.

Investigadores americanos tinham indícios de que um outro suspeito, chamado Abu Agela Masud, teria participado do atentado, mas seu paradeiro era desconhecido.

Memorial na Escócia presta tributo às vítimas do atentadoFoto: Scott Heppell/AP Photo/picture alliance

Décadas depois, o FBI obteve a cópia de um depoimento concedido em 2012 por Masud a uma autoridade líbia, no qual ele teria admitido ter construído a bomba e trabalhado com Megrahi e outro agente líbio, Lamen Khalifa Fhimah, para executar o atentado.

Segundo o FBI, Masud teria dito que o atentado fora ordenado por autoridades da inteligência líbia, e que o ex-líder líbio Muammar Kadafi, morto por rebeldes em 2011, havia agradecido a ele e outros membros "por seu ataque de sucesso contra os Estados Unidos". Entre as vítimas, 189 eram cidadãos americanos.

O FBI alega que conseguiu corroborar essas declarações durante a investigação.

Circunstâncias da detenção

As autoridades escocesas não deram nenhuma informação sobre como Masud acabou detido nos EUA, mas sua situação foi vinculada à disputa entre facções da política líbia. Segundo uma reportagem da emissora inglesa BBC de novembro, Masud teria sido sequestrado em sua casa por uma facção da milícia líbia.

Masud era considerado um dos principais fabricantes de bombas de Kadafi, e de acordo com a acusação dos EUA teria montado e programado a bomba que derrubou o jato da Pan Am.

A investigação foi reaberta em 2016, quando Washington soube da prisão de Masud após a derrubada e morte de Kadafi em 2011.

A conexão líbia com o atentado de Lockerbie é contestada por alguns. Em janeiro de 2021, a família de Megrahi teve um recurso póstumo contra sua condenação na Escócia julgado improcedente, após uma revisão independente ter concluído que poderia ter ocorrido um possível erro judiciário.

A família de Megrahi também quer que as autoridades britânicas retirem o sigilo de documentos que alegariam que o Irã teria usado um representante palestino baseado na Síria para construir a bomba que derrubou o voo 103.

Nessa narrativa, o atentado não teria sido ordenado pela Líbia, mas pelo Irã, em retaliação à derrubada de um jato de passageiros da Iran Air por um míssil disparado pela Marinha dos EUA em julho de 1988 que matou 290 pessoas no Golfo Pérsico.

bl (AFP, AP, Reuters)