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Justiça

25 de outubro de 2009

Tribunal de Dresden leva a julgamento jovem que esfaqueou a farmacêutica egípcia Marwa El-Sherbini. O processo vem sendo acompanhado com atenção por observadores internacionais.

Foto de Marwa El-Sherbini em frente à prefeitura de Dresden, durante cerimônia fúnebre após sua morteFoto: AP

Com acirradas medidas de segurança, o Tribunal Regional de Dresden inicia nesta segunda-feira (26/10) o julgamento em torno do assassinato da egípcia Marwa El-Sherbini, morta a facadas no último 1° de julho numa sala deste mesmo tribunal. A farmacêutica de 31 anos, natural de Alexandria, foi morta, segundo a promotoria, por motivos xenófobos.

O acusado, Alex W., de nacionalidade alemã, nasceu na Rússia, de onde se mudou para a Alemanha no ano de 2003. O homicídio causou consternação em vários países do mundo islâmico, tendo desencadeado uma série de protestos. Em Alexandria, a vítima se tornou conhecida como "a mártir do lenço muçulmano".

Altas medidas de segurança

Em Dresden, 200 policiais zelam pela segurança do local durante o julgamento, que vem sendo preparado há semanas. O Departamento de Criminalística do estado menciona um "perigo abstrato" de que haja tentativa de violência no tribunal.

Na internet, foram registradas ameaças de vingança por parte de muçulmanos no país. Neste fim de semana, uma orquestra da Saxônia cancelou dois concertos que faria em Alexandria e no Cairo, também por motivos de segurança.

Manifestantes iranianas em protestos pela morte da egípciaFoto: AP

O caso envolvendo a morte de Marwa El-Sherbini começou no verão europeu de 2008, quando a egípcia, portando um lenço muçulmano, pediu para que Alex W. liberasse um dos balanços de um parquinho infantil para que sua filha pudesse usá-lo. O jovem, de então 28 anos, ofendeu El-Sherbini, chamando-a de "terrorista" e "vadia".

A vítima entrou com uma queixa contra Alex W.. Durante as negociações para estabelecer uma multa a ser paga pelo acusado, numa sessão do tribunal de Dresden, o mesmo esfaqueou El-Sherbini, grávida de três meses, matando-a com pelo menos 16 facadas na frente de seu filho de três anos de idade.

Seu marido, de 32 anos e doutorando de uma universidade de Dresden, tentou intervir para protegê-la e acabou gravemente ferido, depois de ser baleado por um policial que adentrou o recinto, supondo que ele seria o criminoso e não Alex W..

Ódio a não-europeus

No dia 28 de agosto último, a promotoria escreveu sobre o réu: "Como o motivo do acusado é seu ódio acentuado por não-europeus e muçulmanos, parte-se do princípio de que se trata de um homicídio pelas razões mais baixas". Um laudo psiquiátrico que se encontra nas mãos da Justiça não aponta nenhum distúrbio psíquico no acusado.

Michael Sturm, advogado de defesa do réu, acentua que o julgamento terá que tornar visível "que tipo de pessoa Alex W. é e sob que condições psíquicas ele cometeu o crime". Para o tribunal, contudo, acentua Sturm, será difícil "não condenar o réu".

A farmacêutica egípcia foi assassinada em julho últimoFoto: picture-alliance/ dpa

O processo, conduzido em Dresden, deverá prosseguir até o próximo 11 de novembro. Até então, serão ouvidas aproximadamente 30 testemunhas. Entre observadores, jornalistas que reportam sobre o caso e envolvidos, foi instalada uma parede de vidro à prova de bala de 2,5 metros de altura. As ruas nas proximidades do tribunal serão bloqueadas durante as sessões e nem mesmo os moradores da região terão acesso de carro às proximidades do tribunal.

Local do crime

O julgamento vem sendo acompanhado com grande atenção em outras partes do mundo, reunindo em Dresden jornalistas de outros países europeus, russos e egípcios. O presidente da Ordem dos Advogados do Egito, Hamdi Ahmed Chalifa, chegou à Alemanha neste domingo, a fim de acompanhar o processo e dar apoio à família da vítima.

"Nunca houve na Saxônia um julgamento com tamanho aparato de segurança", afirma o promotor Christian Avenarus. Uma das peculiaridades deste julgamento é o fato de que a maioria das testemunhas está ligada à Justiça. E o local do crime é uma sala do próprio tribunal que julga o caso.

SV/dpa/epd/ap

Revisão: Roselaine Wandscheer

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