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Adega Oehringen produz vinhos há 27 gerações

Aarni Kuoppamäki (gh)14 de novembro de 2005

Príncipes, soberanos, bons vinhos e uma crônica familiar de 750 anos – tudo isso se esconde por trás da adega Fürst zu Hohenlohe-Oehringen, a mais antiga empresa familiar da Alemanha.

Hohenlohe-Oehringen: tradição de 750 anos com toque de nobreza

Uma escada de nove metros leva ao porão do castelo Oehringen, que mais parece uma caverna de estalactite. Ao pé da escada, um barril gigante, decorado com uvas e dois leões, exibe o brasão da nobre família Hohenlohe-Oehringen, que em 1523 obteve do rei um terreno cultivado com videiras. Hoje esse vinhedo é a mais antiga empresa familiar da Alemanha. O príncipe herdeiro, Kraft Constantin zu Hohenlohe-Oehringen, é vinicultor na sétima geração.

Apesar de toda a tradição, a viticultura se modificou nos últimos anos. "Eu não gostaria de beber o vinho de 750 anos atrás", diz Constantin. "Há muita coisa que se pode transmitir de geração para geração, mas o mais importante é assimilar os que os outros fazem melhor. Tradição não vem de graça", acrescenta.

As uvas para o nobre vinho vêm desde 1360 de Verrenberg, nas proximidades de Oehringen, uma das muitas colinas cobertas de vinhedos em Baden-Württemberg. Depois do casamento de um príncipe Hohenlohe-Oehringen com uma rica silesiana, a família se mudou em 1838 para a atual Polônia, de onde exerceu o controle remoto do empreendimento na Alemanha. A Segunda Guerra forçou-os a voltar ao castelo, que nos anos 60 do século passado foi vendido à cidade de Oehringen e hoje abriga a prefeitura. Mas a adega no porão foi mantida.

Recomeço

Até o início dos anos 70, a empresa ainda se encontrava em decadência e produzia um vinho de "qualidade média a ruim", conta o príncipe herdeiro. Seu pai, Kraft Hans Konrad, ajudado pelo adegueiro (Kellermeister) Siegfried Röll, começou a ampliar a produção e a investir em nova tecnologia para produzir vinhos de alta qualidade.

Vista panorâmica do vinhedo Hohenlohe-OehringenFoto: Hohenlohe-Oehringen

Numa área de 23 hectares, Röll cultiva cerca de 30 variedades de uvas, mas 53% da safra são riesling, cujo vinho vende bem, especialmente no exterior. É o chamado típico vinho alemão, responsável por grande parte das exportações alemãs nesse setor, que somam 430 milhões de euros por ano. "Temos latitudes onde se colhe uma uva com composição impossível de obter em países mais quentes", explica Röll. "Por isso, nosso riesling é uma especialidade alemã."

Os principais importadores do vinho Hohenlohe-Oehringen são a Inglaterra, Bélgica e Holanda. Por mais que seja apreciado no exterior, o nobre vinho alemão enfrenta dificuldades no mercado nacional. Metade do produto consumido na Alemanha é vendido pelas grandes redes de supermercados baratos Aldi e Lidl. Apenas um terço das garrafas vendidas custa mais de dois euros, enquanto o de marca Hohenlohe-Oehringen custa, em média, 7,50 euros.
Röll explica que no preço está embutido "muito trabalho braçal", visto que, devido à geografia, não pode usar máquinas no cultivo e na colheita das uvas.

Clientela exigente

É um preço que poucos estão dispostos a pagar. A produção da adega Hohenlohe-Oehringen dirige-se a um nicho de mercado de apenas 3% dos consumidores de vinho, dispostos a pagar o dobro ou triplo do que se paga por um vinho no supermercado. Mas, pelo alto preço, eles ganham um vinho melhor. "Um bom vinho é como uma boa pessoa. O vinho tem de mostrar sua origem. Ele pode ter arestas e quinas, mas não deve ser ajeitado artificialmente. Ele precisa ter bom sabor", diz Röll.

A adega Hohenlohe-Oehringen produz 200 mil garrafas por ano. Mais da metade são vendidas a clientes particulares, exigentes, que sabem de onde vem o produto. A empresa organiza mais de 200 eventos promocionais por ano, freqüentados tanto por conhecedores do ramo quanto pelos que pretendem sê-lo. "Eles tomam uma garrafa por dia, lêem revistas especializadas e comem bem. São pessoas que realmente têm uma cultura do vinho", constata Kraft Constantin.

Uma cultura que em Oehringen encontra uma tradição familiar de 750 anos. Mas Kraft Constatin não se dá por satisfeito com o passado. "Só sobreviveremos mais 750 anos, se formos economicamente bem-sucedidos. Para isso, temos de acompanhar a evolução dos tempos e fornecer a qualidade e a quantidade que o cliente exige", diz. O príncipe herdeiro, de 42 anos, casou há um ano e ainda não tem filhos. Mas ele não está preocupado com o futuro da empresa. "Minha irmã já tem três filhos. Herdeiro, portanto, não falta", conclui.

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