Adesão à vacina contra covid chega a 94% no Brasil
13 de julho de 2021
Segundo pesquisa Datafolha, aceitação de imunizantes bate recorde entre a população, apesar dos ataques e da paranoia estimulada pelo presidente Bolsonaro. Apenas 5% afirmam que não pretendem se vacinar.
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Uma pesquisa Datafolha apontou que 56% dos brasileiros afirmam já ter se vacinado contra a covid-19, e 38% dizem que pretendem se imunizar. Apenas 5% rejeitam vacinas contra a doença causada pelo coronavírus. Os números mostram que a aceitação de vacinas tem crescido nos últimos meses, apesar dos ataques do presidente Jair Bolsonaro, que continua a desestimular a vacinação e a alimentar paranoia sobre a eficácia dos imunizantes.
Os números da pesquisa:
56% dizem já ter se vacinado;
38%, que pretendem fazê-lo;
5% afirmam que não foram vacinados nem pretendem ser imunizados;
1% respondeu que não sabe.
A pesquisa ouviu de forma presencial 2.074 pessoas em 146 cidades do país nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Em comparação a um levantamento realizado em dezembro, a adesão às vacinas cresceu 21 pontos percentuais. Naquele mês, 73% dos brasileiros afirmavam que pretendiam se imunizar. Outros 23% afirmaram que não pretendiam fazê-lo.
A pesquisa de dezembro também havia mostrado que a resistência era maior entre os apoiadores de Jair Bolsonaro.
À época, Bolsonaro estava em intensa campanha para alimentar desconfiança infundada sobre os imunizantes, preferindo apostar em medidas ineficazes como o desacreditado "tratamento precoce" com hidroxicloroquina.
Naquele mês, ele também chegou a falar que o laboratório Pfizer não se responsabilizaria se os pacientes inoculados se transformassem em "jacarés". Bolsonaro também repetiu várias vezes nos últimos meses sem nenhuma base científica que a pandemia estava chegando ao fim.
Paralelamente, redes bolsonaristas chamaram a Coronavac, que começou a ser produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, de "vachina" e espalharam mentiras delirantes sobre o imunizante ser um mecanismo disfarçado de controle da mente.
Meses depois, o presidente continua com a mesma atitude, criticando a eficácia da Coronavac e afirmando que a melhor vacina é "pegar o vírus". Bolsonaro também não tomou nenhuma vacina até o momento, pelo menos não publicamente.
Ele, porém, está em posição cada vez mais minoritária, segundo mostra a pesquisa Datafolha. Entre janeiro e maio, o instituto já havia detectado que a adesão à vacinação estava crescendo, mesmo com os ataques de Bolsonaro. Em março e abril, o país também registrou os meses mais mortíferos da pandemia. Apenas em abril, foram 82.266 óbitos relacionados ao coronavírus ao longo de 30 dias.
jps/ek (ots)
Vírus verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia
"E daí?", "gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas": desde que o coronavírus chegou ao Brasil, presidente tratou publicamente com desdenho a crise. Enquanto a epidemia avança, suas falas causam ultraje.
Foto: Andre Borges/dpa/picture-alliance
"Superdimensionado"
Em 9 de março, em evento durante visita aos EUA, Bolsonaro disse que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo "superdimensionado". Até então, a epidemia havia matado mais de 3 mil pessoas no mundo. Após o retorno ao Brasil, mais de 20 membros de sua comitiva testaram positivo para covid-19.
Foto: Reuters/T. Brenner
"Europa vai ser mais atingida que nós"
A declaração foi dada em 15 de março. Precisamente, ele afirmou: "A população da Europa é mais velha do que a nossa. Então mais gente vai ser atingida pelo vírus do que nós." Segundo a OMS, grupos de risco, como idosos, têm a mesma chance de contrair a doença que jovens. A diferença está na gravidade dos sintomas. O Brasil é hoje o segundo país mais atingido pela pandemia.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/GDA/O Globo
"Gripezinha" e "histórico de atleta"
Ao menos duas vezes, Bolsonaro se referiu à covid-19 como "gripezinha". Na primeira, em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional, ele afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”. Dias depois, disse: "Para 90% da população, é gripezinha ou nada."
Foto: Youtube/TV BrasilGov
"Todos nós vamos morrer um dia"
Após visitar o comércio em Brasília, contrariando recomendações deu seu próprio Ministério da Saúde e da OMS, Bolsonaro disse, em 29 de março, que era necessário enfrentar o vírus "como homem". "O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia."
Foto: Reuters/A. Machado
"A hidroxicloroquina tá dando certo"
Repetidamente, Bolsonaro defendeu a cloroquina para o tratamento de covid-19. Em 26 de março, quando disse que o medicamento para malária "está dando certo", já não havia qualquer embasamento científico para defender a substância. Em junho, a OMS interrompeu testes com a hidroxicloroquina, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/F. Taxeira
"Vírus está indo embora"
Em 10 de abril, o Brasil ultrapassou a marca de mil mortos por coronavírus. No mundo, já eram 100 mil óbitos. Dois dias depois, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora essa questão do vírus". O Brasil se tornaria, meses depois, um epicentro global da pandemia, com dezenas de milhares de mortos.
Foto: Reuters/A. Machado
"Eu não sou coveiro"
Assim o presidente reagiu, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números da covid-19 no Brasil, que já registrava mais de 2 mil mortes e 40 mil casos. “Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?”, afirmou Bolsonaro em 20 de abril.
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Borges
"E daí?"
Foi uma das declarações do presidente que mais causaram ultraje. Com mais de 5 mil mortes, o Brasil havia acabado de passar a China em número de óbitos. Era 28 de abril, e o presidente estava sendo novamente indagado sobre os números do vírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre...”
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Vou fazer um churrasco"
Em 7 de maio, o Brasil já contava mais de 140 mil infectados e 9 mil mortes. Metrópoles como Rio e São Paulo estavam em quarentena. O presidente, então, anunciou que faria uma festinha. "Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha...". Dias depois, voltou atrás, dizendo que a notícia era "fake".
Foto: Reuters/A. Machado
"Tem medo do quê? Enfrenta!"
Em julho, o presidente anunciou que estava com covid-19. Disse que estava "curado" 19 dias depois. Fora do isolamento, passou a viajar. Ao longo da pandemia, ele já havia visitado o comércio e participado de atos pró-governo. Em Bagé (RS), em 31 de julho, sugeriu que a disseminação do vírus é inevitável. "Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta!”
Foto: Reuters/A. Machado
"País de maricas"
Em 10 de novembro, ao celebrar como vitória política a suspensão dos estudos, pelo Instituto Butantan, da vacina do laboratório chinês Sinovac após a morte de um voluntário da vacina, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas" por causa da pandemia. "Mais uma que Bolsonaro ganha", comentou.
Foto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance
"Chega de frescura, de mimimi"
Em 4 de março de 2021, após o país registrar um novo recorde na contagem diária de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia, e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.