Adeus à chiadeira, alô aos "bits & bytes"
As ondas curtas não são as mais nobres entre as freqüências radiofônicas. Contudo, elas são imprescindíveis para quem deseja receber informações de qualquer parte do planeta. Foi graças a esta tecnologia que a Deutsche Welle pôde iniciar suas transmissões para o mundo, em 1953. Sua principal vantagem frente a outros padrões de transmissão, como as ondas médias e a freqüência modulada, é um raio de alcance incomparavelmente maior.
Entretanto, a transmissão bastante ruidosa e instável limitava sua aplicabilidade a programas falados. Além disso, as estações de FM começaram a proliferar-se, mesmo nos países em desenvolvimento. Na era dos satélites, as ondas curtas pareciam definitivamente condenadas à extinção. Porém a técnica digital está realizando o impensável: o renascimento das ondas curtas, remoçadas pelos bits & bytes, e em qualidade até então inimaginável.
A salvação pelo digital
A palavra-chave é DRM, "Digital Radio Mondial". Do desenvolvimento deste novo padrão de transmissão radiofônica participam 74 emissoras de 29 países. Desde 1998, elas dedicam-se a estabelecer um sistema digital de ondas longas, médias e curtas. Entre os paladinos e patrocinadores do DRM está a Deutsche Welle, membro fundador desse grupo de trabalho.
O padrão alcança praticamente a qualidade da FM, não estando sujeito a distúrbios de recepção, como interferências e o chamado fading. Os aparelhos receptores não dependem do reconhecimento das freqüências, identificando diretamente as estações e comutando-se automaticamente para freqüências alternativas. O DRM permite também a transmissão de imagens e texto.
Bem mais do que rádio
Este canal de informações permanente, paralelo à emissão principal, possibilita ainda a transmissão simultânea de programações multilíngües. Um exemplo de sua utilização: um programa em que os textos falados em alemão, inglês e numa terceira língua são transmitidos em sincronia, em faixas diferentes do canal. No momento em que começa uma seleção musical, toda a banda é utilizada, elevando a qualidade. Terminada a música, retorna a emissão trilíngüe.
O DRM reduz em pelo menos 50% o elevado consumo energético das estações de transmissão. Por enquanto, os receptores são relativamente caros, mas a partir de 2005 poderão ser produzidos em massa, por um preço ao consumidor entre 300 e 400 euros. A Deutsche Welle começa suas transmissões digitais para a Europa e o Oriente Médio em meados do próximo ano