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"Advogado gravar cliente é inconcebível", diz Trump

21 de julho de 2018

Presidente dos EUA afirma não ter feito "nada de errado", um dia após a revelação de que seu ex-advogado o gravou discutindo pagamento por silêncio de ex-modelo da Playboy.

Presidente dos EUA, Donald Trump
Presidente dos EUA, Donald TrumpFoto: picture-alliance/Captital Pictures/R. Sachs

O presidente dos EUA, Donald Trump, negou neste sábado (21/07), através do Twitter, ter cometido qualquer irregularidade, um dia depois da divulgação da notícia de que o seu ex-advogado o gravou discutindo o pagamento a uma ex-modelo da Playboy que diz ter tido um caso com o bilionário.

O presidente disse ser "talvez ilegal" um advogado gravar um cliente, atacando pela primeira vez seu ex-advogado pessoal, com quem trabalhou cerca de dez anos. Cohen, tido como alguém que dispõe de muitos conhecimentos sobre a vida pessoal e de negócios de Trump, está atualmente sob investigação do FBI e tem se distanciado de seu ex-cliente, provocando especulações sobre um possível acordo de colaboração dele com os investigadores.

"Inconcebível que o governo invada o escritório de um advogado (no início da manhã) – algo quase inédito", tuitou Trump, em uma aparente referência a uma operação de busca e apreensão realizada pelo FBI no escritório de seu ex-advogado Michael Cohen, ocorrida em abril.

Colaborador de Trump por 10 anos, Cohen conhece detalhes da vida pessoal e empresarial do presidenteFoto: Getty Images/AFP/T.A. Clary

"Talvez ilegal"

"Ainda mais inconcebível que um advogado grave um cliente – totalmente inédito e talvez ilegal. A boa notícia é que o seu presidente favorito não fez nada de errado!", acrescentou o bilionário.

O ex-advogado pessoal de Trump, Michael Cohen, gravou uma conversa sua com Trump dois meses antes da eleição de 2016. Nela, eles discutiram a compra dos direitos de uma história da ex-modelo da Playboy Karen McDougal, que diz ter tido um caso com Trump.

Rudy Giuliani, o atual advogado de Trump, confirmou a existência da gravação e disse que nenhum financiamento de campanha esteve envolvido na discussão entre Trump e Cohen.

De acordo com especialistas, a aquisição dos direitos sobre a história – efetivamente, uma compra do silêncio da ex-modelo sobre seu alegado caso amoroso com Trump –, possivelmente para evitar danos à campanha do então candidato à presidência americana, pode ser considerada doação não declarada de fundos de campanha, prática que violaria a lei eleitoral dos EUA.

Campanha negou pagamento

Antes da eleição, a campanha de Trump negou qualquer conhecimento de pagamento à ex-modelo, Karen McDougal, mas a gravação da conversa pode minar essa explicação.

A existência da gravação de áudio foi relatada pela primeira vez pelo jornal New York Times, que disse que Trump e Cohen discutiram um pagamento potencial a McDougal.

Giuliani confirmou a existência da conversa e disse que ela ocorreu em setembro de 2016, mas garantiu que a discussão envolvia o reembolso à empresa proprietária do tabloide National Enquirer pelos direitos da história de McDougal. Mas o pagamento segundo Giuliani, nunca foi feito.

Ex-modelo da Playboy Karen McDougal afirma ter tido um caso com Trump entre 2006 e 2007Foto: Getty Images/D. Kambouris

Giuliani também negou que Trump tenha tido um caso com McDougal. Ele disse que a gravação mostraria que Trump deixa claro que, se houver um pagamento, este tem que ser feito por cheque, que seria ser facilmente rastreado.

Giuliani disse que o FBI apreendeu a gravação neste ano, durante uma operação de busca no escritório de Cohen.

Promotores federais em Nova York estão investigando Cohen por possível fraude bancária e fiscal, e por possível violações da lei eleitoral americana ligadas a um pagamento de 130 mil dólares à atriz pornô Stormy Daniels, que também alegou ter tido um caso com Trump, entre outros assuntos relacionados à campanha de Trump.

"Catch and kill"

A investigação sobre Cohen deriva, em parte, da investigação sobre a suposta interferência russa nas eleições americanas de 2016, liderada pelo procurador especial Robert Mueller. Moscou nega as alegações dos EUA de que interferiu na eleição, e Trump nega quaisquer laços de sua campanha com o Kremlin.

A ex-modelo Karen McDougal afirma que teve um caso com Trump entre 2006 e 2007. Ela vendeu sua história por 150 mil dólares em agosto de 2016, mas o texto nunca foi publicado pelo National Enquirer, uma prática conhecida nos EUA como "catch and kill" (pegar e matar), para evitar que uma história potencialmente prejudicial se torne pública.

David Pecker, o presidente da empresa proprietária do jornal, a American Media Inc, é amigo pessoal de Trump. Posteriormente, McDougal fechou um novo acordo com a empresa, liberando a ex-modelo para contar a outros veículos sobre seu suposto caso com Trump.

MD/rtr/afp

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