Jovem palestino trouxe o piano para as ruas de Damasco, devastadas pela guerra, e sua música se tornou trilha sonora da destruição na Síria. Hoje ele vive como refugiado na Alemanha, e seu prestígio aumenta a cada dia.
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A imagem do artista sentado ao piano em meio a Damasco bombardeada rodou o mundo. Reportagens de TV sobre o jovem palestino podem ser vistas no YouTube. Aeham tocou e cantou para os atingidos por desesperança e miséria.
A coragem do pianista comoveu as pessoas, pois ele deu um rosto e um sinal de esperança ao sofrimento na Síria. Então, o "Estado Islâmico" (EI) passou a ameaçá-lo, juntamente com a família. Para os radicais islâmicos, música é considerada haram, ou seja, impura. Aeham teve de fugir.
Yarmouk, o bairro de Damasco onde o pianista nasceu, foi devastado por bombardeios. Muitos prédios foram reduzidos a estruturas de concreto, e ruas desapareceram sob os escombros dos edifícios destruídos. No começo de abril, o EI assumiu o controle sobre a área.
Um dos terroristas incendiou o piano de Aeham. O artista havia pintado o instrumento, antes branco, de vermelho e verde, as cores dos palestinos. Um antigo vídeo do YouTube mostra-o tocando para crianças, que o acompanham cantando.
Os dois filhos, Kinan e Ahmad, e a esposa de Aeham ficaram na Síria. Ele quer trazê-los para a Alemanha o mais rápido possível. O pianista fotografou e filmou com o celular todos os passos de sua dispendiosa fuga para o país europeu, passando pela Turquia e a Áustria.
A coragem de Aeham e a escolha de sua forma de expressão chamaram a atenção da mídia. Um refugiado que toma o destino nas próprias mãos, que quer demonstrar que a arte e a cultura podem vencer o mal? O jovem pianista da Síria personifica essa mensagem, e a história dele ganhou destaque em meios de comunicação europeus.
Aeham estudou música no conservatório de Damasco, onde praticou Chopin, Beethoven, Mozart. Mais tarde, ele cursou a Faculdade de Música de Homs, na Síria. Embora viva agora num abrigo de refugiados em Munique, ele continua a fazer apresentações, como recentemente no grande concerto beneficente Nós. Vozes para pessoas que fugiram.
Em Bonn, Aeham vai receber agora a sua primeira homenagem. Uma iniciativa de músicos escolheu seu nome para o Prêmio Beethoven Internacional pelos Direitos Humanos, Paz, Liberdade, Combate à Pobreza e Inclusão.
Estações da fuga em imagens
Cerca de 3,7 mil quilômetros separam a Alemanha da Síria. Para os refugiados da guerra civil, essa viagem dura semanas até meses. E ela é perigosa, também na rota dos Bálcãs.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Últimas forças
Duma é uma cidade síria a nordeste de Damasco. Mesmo ferido, um homem procura por sobreviventes nos escombros. Pouco antes, a região foi atacada por bombardeios das forças armadas sírias. Desde o início da guerra civil, em 2011, mais de 250 mil pessoas morreram no país, segundo as Nações Unidas.
Foto: picture-alliance/A.A./M. Rashed
Terror ao alcance dos olhos
No campo de refugiados em Suruc, na Turquia, cerca de 40 mil sírios procuraram refúgio da guerra civil. A poucos quilômetros dali, em Kobane, o conflito continua. O campo é organizado como uma pequena cidade, com mesquita, escola e ruas. Ninguém quer permanecer aqui por muito tempo.
Foto: Getty Images/C. Court
Marcas da guerra
Abdurrahman Yaser al-Saad conseguiu chegar à cidade portuária turca de Izmir. O sírio de 16 anos mostra aos outros refugiados uma cicatriz enorme na barriga. Ele estava na escola quando as forças armadas sírias bombardearam o local e ele ficou gravemente ferido.
Foto: picture-alliance/AA/E. Menguarslan
Esperança de uma vida melhor
Na viagem em direção à Europa, muitos refugiados acabam em Izmir. Daqui eles desejam ir para a Grécia. Coletes salva-vidas são fundamentais, pois muitos não sabem nadas, e os barcos dos atravessadores ficam superlotados. Enquanto aguardam a partida, muitos dormem ao ar livre, porque não podem pagar um hotel.
Foto: picture-alliance/AA/E. Atalay
Jogado de volta
Com suas últimas forças, esse refugiado conseguiu nadar de volta até a praia de Bodrum, na Turquia. Pouco antes ele havia tentado alcançar um barco de atravessadores, que, por muito dinheiro, levam as pessoas ilegalmente até a Grécia. As embarcações estão sempre superlotadas.
Foto: Getty Images/AFP/B. Kilic
Desamparo
Na praia de Kos, uma ilha grega, turistas observam como refugiados tentam chegar à costa com um barco inflável. A viagem ilegal de Bodrum até aqui custa cerca de mil euros por pessoa. São apenas quatro quilômetros de distância, mas muitos não sabem nadar e acabam morrendo afogados.
Foto: picture-alliance/dpa/Y. Kolesidis
Realidade incômoda
No caminho para o hotel ou para a praia, turistas passam por muitos refugiados. Devem olhar? Devem ajudar?
Foto: picture-alliance/AA/G. Balci
Com braços e pernas
Da Grécia, muitos refugiados tentam chegar à Europa ocidental pelos Bálcãs. Uma estação importante é a cidade de Gevgelija, na Macedônia. Depois de dias de espera, todos desejam conseguir um lugar em um trem para a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Passo a passo
Já nas primeiras horas do dia, centenas de refugiados caminham ao longo da linha do trem, da Sérvia para a Hungria. De lá, muitos desejam ir para a Áustria ou Alemanha. A caminhada de quilômetros exige de muitos suas últimas forças.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
Desespero
Com medo de ser levado para um campo de refugiados na Hungria, o pai sírio se joga, com sua mulher e filho, nos trilhos da estação de Bicske. Eles achavam que o trem os levaria de Budapeste até Viena. Em vez disso, eles devem ser registrados pelas autoridades húngaras.
Foto: Reuters/L. Balogh
Quase lá
Centenas de refugiados do Iraque, da Síria e do Afeganistão decidiram ir a pé até a Áustria, caminhando pela rodovia. Eles esperaram durante dias por um trem na estação de Budapeste. A polícia, porém, bloqueia o trecho com frequência.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Finalmente a chegada
Estação central de Munique: a esperança de muitos refugiados está na chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. Diferente de outros países europeus, eles se sentem bem-vindos na Alemanha.