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Afastado do novo governo, Maliki promete resistir

11 de agosto de 2014

Premiê diz que nomeação de rival para formar novo gabinete é violação constitucional e acusa EUA de apoiá-la. Crise ameaça acirrar instabilidade no Iraque, já minado pela insegurança e o avanço de radicais islâmicos.

Haidar Al AbadiFoto: Jean-Philippe Ksiazek/AFP/Getty Images

A decisão do presidente Fuad Massum de encarregar um rival do atual primeiro-ministro Nuri al-Maliki de formar o novo governo elevou a tensão no já instável cenário político iraquiano, minado por disputas sectárias, pelo avanço de radicais islâmicos e, desde a retirada das tropas americanas, por um crescente clima de insegurança.

Maliki considerou a nomeação de Haidar al-Abadi – que como ele é xiita e membro da Coalizão do Estado de Direito – uma violação da Constituição e acusou os Estados Unidos de apoiarem uma manobra ilegal. A decisão, segundo ele, é "um erro que será consertado".

"Nós rejeitamos essa violação da Constituição", disse Maliki, em declarações televisionadas, cercado por cerca de 30 apoiadores de sua coalizão de governo.

Abadi já havia sido nomeado chefe de governo pelos partidos xiitas do Parlamento, no lugar de Maliki. Num discurso televisionado, Massum deu então a Abadi 30 dias para formar um novo governo e apresentá-lo ao Parlamento para a aprovação.

"Todos nós temos que cooperar para resistir a essa campanha terrorista lançada no Iraque e para acabar com todos os grupos terroristas", disse Abadi, após encontro com o presidente.

Apoio americano

Há semanas, os grandes partidos iraquianos tentam decidir o futuro do governo. Além dos sunitas e curdos, cada vez mais xiitas exigem que Maliki deixe o poder, responsabilizando-o pelo avanço do grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI).

Os radicais, que derrotaram o Exército no norte do país em junho, fizeram novos ganhos sobre forças curdas apesar de três dias de ataques aéreos americanos. A capital Bagdá, que se prepara há tempos para um avanço dos militantes sunitas, agora pode sofrer combates dentro da maioria xiita, entre forças leais a Maliki e seus rivais.

Iraquianos fogem pelo deserto diante do avanço de radicais no norte do paísFoto: Reuters

A Coalizão do Estado de Direito foi a mais votada nas eleições parlamentares de abril, mas, para seguir governando, precisa do apoio de outros grupos xiitas, assim como dos sunitas e dos curdos. Até a noite desta segunda-feira, não havia sinais, porém, de que Maliki usaria força militar para se manter no poder.

No domingo, o premiê chegou a colocar o Exército em ação em pontos-chave de Bagdá, numa demonstração de poder, enquanto centenas de seus apoiadores saíam às ruas, bradando "Estamos com você, Maliki".

Em discurso inflamado, ele anunciou que processará Massum por violar a Constituição ao não nomeá-lo chefe de governo dentro do prazo prescrito, que se encerrou no domingo – uma ameaça reforçada nesta segunda-feira.

Países ocidentais, incluindo os EUA, exigem a renúncia de Maliki, considerado corresponsável pela divisão do Iraque e pelas conquistas do EI. Nesta segunda-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, reforçou seu apoio ao presidente.

"Nós apoiamos plenamente o presidente Masum, que tem a responsabilidade de pôr em prática a Constituição. Os xiitas têm três candidatos para primeiro-ministro, e nenhum deles é Maliki", afirmou Kerry.

RPR/dpa/rtr/ap

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