AfD culpa política de refugiados por ataque em Berlim
20 de dezembro de 2016
Integrantes do partido populista de direita acusam Angela Merkel e imigrantes de serem responsáveis por tragédia que deixou 12 mortos na capital alemã. "A Alemanha não está mais segura", diz presidente da legenda.
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Integrantes do partido populista de direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD) culparam nesta terça-feira (20/12) a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e sua política de refugiados pelo ataque a um mercado de Natal em Berlim, que deixou 12 mortos.
"O meio em que esse tipo de crime pode prosperar foi importado sistematicamente e imprudentemente no último um ano e meio. A Alemanha não está mais segura", afirmou a presidente do partido, islamofóbico e anti-imigração, Frauke Petry.
Merkel visita local do ataque em Berlim
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A líder populista de direita exigiu ainda o controle das fronteiras, o fechamento de mesquitas que pregam o jihad e responsabilizou a política de refugiados de Merkel pelo incidente. Antes de Petry, outros integrantes da legenda opinaram sobre o ataque.
O primeiro a fazê-lo foi o parlamentar europeu da AfD, Marcus Pretzell, companheiro de Petry. Poucos minutos após o incidente, mesmo sem a confirmação de que a tragédia foi um atentado, Pretzell acusou a chanceler federal. "São os mortos da Merkel", publicou em sua conta no Twitter.
O líder do partido Georg Pazderski foi menos enfático nas acusações. "Não estou dizendo que essas mortes são culpa da Merkel, mas há milhares de imigrantes ilegais neste país, incluindo muitos jovens potencialmente violentos", afirmou depois de assinar o livro de condolências na igreja Gedächtniskirche, próxima ao local da tragédia.
"Nós sempre alertamos que a política de refugiados de Angela Merkel trazia consigo um grande perigo", destacou o vice-presidente da AfD, Alexander Gauland, alegando que essa possibilidade dada ao grupo extremista "Estado Islâmico" deveria ter sido impedida.
No último ano, mais de 900 mil requerentes de asilo chegaram à Alemanha. A cada nova suspeita de que um refugiado poderia ter cometido um crime, a AfD aproveita a oportunidade para se promover entre os céticos da política de refugiados de Merkel.
CN/afp/rtr/dpa
O que se sabe sobre a tragédia em Berlim
Reunimos os principais fatos sobre o ataque com um caminhão à feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O local
Por volta das 20h (hora local) de segunda-feira (19/12), um caminhão avançou contra uma feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim. A praça diante da Igreja Memorial do Imperador Guilherme é um destino turístico conhecido. Próximos dali ficam a Estação Zoo e a famosa avenida Kurfürstendamm.
Foto: Google Earth
O que ocorreu
O caminhão invadiu a calçada e avançou cerca de 80 metros sobre a feira de Natal, atropelando pessoas e destruindo barracas. As autoridades dizem não haver dúvidas de que se trata de um atentado e partem do princípio de que seja um ato terrorista.
Foto: Reuters/F. Bensch
As vítimas
Ao menos 12 pessoas morreram e outras 56 ficaram feridas, 30 das quais em estado grave. Oito dos mortos foram identificados como alemães, um homem é polonês, uma mulher é israelense, uma segunda é italiana e um outra é da República Tcheca.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
A vítima polonesa
A primeira vítima do atentado foi o polonês Lukasz U., de 37 anos, motorista do caminhão sequestrado pelo autor do ataque. Segundo investigadores, o polonês foi esfaqueado diversas vezes, sugerindo que teria tentado reassumir o volante do veículo. Após a autópsia, contudo, constatou-se que Lukasz fora fuzilado horas antes do ataque. A polícia encontrou o corpo do polonês na cabine do veículo.
Foto: picture alliance/AP Photo/Str
As investigações
As investigações foram encaminhadas à Procuradoria Federal, responsável por casos de terrorismo. Os motivos do atentado ainda são desconhecidos, mas ele é investigado como sendo um atentado terrorista. Investigadores falam que várias pessoas podem estar envolvidas. Uma operação de busca foi realizada pela polícia num abrigo de refugiados de Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O primeiro suspeito
O refugiado paquistanês detido por suposto envolvimento no ataque foi solto pelas autoridades. A Procuradoria Federal comunicou que não foi expedido nenhum mandado de prisão contra o jovem de 23 anos, que entrou no país como refugiado em 31 de dezembro de 2015. As investigações não conseguiram provar que ele esteve na cabine do caminhão. Não havia, por exemplo, manchas de sangue na roupa dele.
Foto: Reuters/H. Hanschke
O segundo suspeito
Anis Amri, um tunisiano de 24 anos, é o principal suspeito. Ele foi morto por policiais italianos quatro dias depois do ataque. Amri chegou à Alemanha em 2015 e teve pedido de refúgio negado em junho de 2016. Como não pôde ser deportado por questão burocrática, passou a ser "tolerado". Ele circulava entre Berlim e o estado da Renânia do Norte-Vestfália. Um documento dele foi encontrado na cabine.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeskriminalamt
Os responsáveis
O tunisiano Anis Amri, de 24 anos, é o suspeito de ser o condutor do caminhão. Ele foi morto por policiais italianos na madrugada desta sexta-feira. Um documento dele, de "refugiado tolerado" na Alemanha, foi encontrado na cabine do caminhão. O "Estado Islâmico" assumiu a autoria do ataque.