AfD expulsa líder após crítica à memória do Holocausto
13 de fevereiro de 2017
Após declarações polêmicas criticando a forma como os alemães lembram seu passado nazista, líder do partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) na Turíngia foi banido permanentemente da legenda.
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A liderança nacional do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) decidiu expulsar o líder da legenda no estado da Turíngia, Björn Höcke, após declarações polêmicas feitas por ele sobre a cultura da memória do Holocausto no país.
As declarações inflamatórias de Höcke costumam ganhar destaque na imprensa alemã, mas comentários feitos por ele em janeiro, criticando o hábito de relembrar as vítimas do nazismo, geraram controvérsias até mesmo entre os membros de seu próprio partido.
Mais tarde, Höcke tentou minimizar parcialmente sua declaração, afirmando que quis dizer apenas que a Alemanha está atolada em sua própria vergonha. Líderes regionais e nacionais da AfD tentaram se distanciar da controvérsia. A presidente nacional da sigla, Frauke Petry, chegou a afirma que Höcke era um "fardo para o partido" em razão de seus "atos isolados não autorizados".
A expulsão de Höcke em caráter permanente foi decidida pelos líderes do partido em conferência telefônica na manhã desta segunda-feira. Um porta-voz da AfD disse que foi realizada uma "avaliação legal e análise política" sobre as declarações e ficou decidido que ele não deve mais representar a legenda populista. Agora, caberá a um comitê de arbitragem da AfD na Turíngia julgar a decisão dos líderes.
"Essa é a conclusão de um processo que já corre há algum tempo" disse Petry, afirmando que o discurso de Höcke ultrapassou os limites da tolerância democrática. "Acreditamos que esta medida foi necessária porque, num ano eleitoral tão importante, o partido deve permanecer unido", observou.
Desde sua fundação como um partido eurocético em 2013, a AfD vem conquistando maior êxito político após voltar seu programa para temas nacionalistas e anti-imigração. Em 2016, a sigla acrescentou em seu manifesto uma passagem que declara que "o Islã não tem lugar na Alemanha".
RC/afp/dpa/ap
O Memorial do Holocausto
Artístico, abstrato, imponente. O monumento lembra, desde 10 de maio de 2005, que foi em Berlim que o extermínio dos judeus europeus foi planejado e organizado. Hoje, ele é uma atração turística popular.
Foto: picture-alliance/Wolfram Steinberg
Monumento incomum
Normalmente, monumentos celebram heróis de uma nação. O Memorial do Holocausto de Berlim é exatamente o oposto. Ele é, como afirmou o famoso escritor Martin Walser, em 2011, "o primeiro monumento construído por um povo em memória de seus crimes". A construção recebe diariamente milhares de pessoas e fica 24 por dia aberto ao público.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kumm
Obra de arte imponente
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas assassinaram seis milhões de judeus. O genocídio é considerado o maior crime da história. "É um enorme monumento. Ele faz juz ao crime que se destina a lembrar. E o mais incrível é que ele é uma obra de arte", disse Walser. Na foto, é possível ver, ao fundo, a Potsdamer Platz.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache
Como um campo ondulado
Em meados de 1998, foi apresentado o modelo para o memorial nas proximidades do Portão de Brandemburgo. Antes, houve uma concorrência. Quatro projetos foram escolhidos. Entre eles, o de um campo repleto de blocos de concreto, do arquiteto americano Peter Eisenman. O então chanceler alemão, Helmut Kohl, achou a ideia a melhor e se empenhou pela sua construção.
Foto: picture-alliance/dpa
O nascimento da ideia
A ideia para o Memorial do Holocausto nasceu em 24 de agosto de 1988, durante um painel de discussão em Berlim Ocidental. A jornalista Lea Rosh reivindicou a construção de um memorial na cidade. Sem a dedicação dela, o monumento não existiria. Ela fez do projeto seu objetivo de vida. Na foto, Rosh faz um discurso durante a inauguração simbólica das obras do monumento, em janeiro de 2000.
Foto: picture-alliance/Berliner_Zeitung
No coração de Berlim
A construção, no centro de Berlim, demorou vários anos. O monumento, de grandes dimensões, entre Reichstag, Portão de Brandenburgo e a Potsdamer Platz, é uma tarefa hercúlea. Ele foi construído em uma área de 19 mil metros quadrados, contendo 2.710 blocos de concreto, dispostos simetricamente. Todos eles ocupam a mesma área, mas têm diferentes alturas. Os custos foi de 27 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/dpa
O Stonehenge de Berlim
O monumento se tornou uma atração turística. Todos os anos, centenas de milhares de turistas mergulham no mar de blocos de concreto, muitos deles judeus de diferentes países. O Memorial do Holocausto é um dos lugares mais visitados da capital alemã.
Foto: picture-alliance/Wolfram Steinberg
Detalhes sobre o Holocausto
Sob o campo de blocos de concreto, está um centro de informação. O museu complementa a forma abstrata da lembrança expressada pelo monumento. A exposição permanente dá nomes e rostos às vítimas, mostra destinos individuais e de famílias, suas vidas, sofrimento e morte. Não há imagens dramáticas. O terror se desenrola nas mentes dos visitantes.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Grimm
Solidão e desorientação
O quanto mais fundo a pessoa entra no labirinto ondulante, mais aumenta a sensação de desorientação existencial. O visitante perde a noção de lugar. No meio de Berlim, é possível se estar infinitamente longe de tudo. A pessoa pode se sentir solitária, ameaçada, abandonada. É uma tentativa de transmitir a sensação, em escala menor, que a maioria das vítimas do Holocausto experimentou.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Spata
O arquiteto
Peter Eisenman (82 anos), autor do memorial, se diz satisfeito que o monumento seja tão bem recebido, que crianças brinquem de se esconder, que jovens façam selfies e casais se beijem. Ele não tinha intenção de criar "um lugar sagrado". Ele também gosta do fato de que o memorial seja tão abstrato. "As pessoas não pensam nem em um campo de concentração ou sequer em algo terrível", ressalta.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Pedersen
Convite à reflexão
"Não é possível organizar a forma como as pessoas se lembram do Holocausto", diz Peter Eisenman. Alguns vêm com flores, outros rezam, se sentam nos blocos, brincam, riem ou refletem. Em Berlim, todos são livres para decidir como querem se lembrar do Holocausto. O memorial está sempre aberto e livre. A lembrança também.