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AfD fomenta xenofobia com dados distorcidos sobre crimes

5 de agosto de 2019

Partido ultradireitista alemão aponta estrangeiros como suspeitos por 95% dos crimes no país, em forte contraste com estatísticas oficiais: delitos atribuídos a alemães são deixados de fora.

Para combater o crime na Alemanha, AfD sugere fechamento das fronteiras e expulsão imediata de criminosos
Para combater o crime na Alemanha, AfD sugere fechamento das fronteiras e expulsão imediata de criminosos Foto: picture-alliance/dpa/D. Karmann

Um estudo revela que o partido populista de direita Alternativa para Alemanha (AfD) divulga informações distorcidas sobre a criminalidade no país, ao apresentar, em seus comunicados, quase exclusivamente dados sobre suspeitos estrangeiros, ignorando propositalmente os criminosos alemães.

Segundo os pesquisadores, 95% dos suspeitos descritos nos documentos do partido são de outros países, e apenas 5%, alemães, em contraste com as estatísticas da polícia nacional, segundo a qual o percentual de não alemães suspeitos de crimes seria de menos de 35%.

"Mesmo os poucos alemães mencionados também são consistentemente descritos como sendo de origem migratória" afirmam os pesquisadores Thomas Hestermann, da Universidade Macromedia de Ciências Aplicadas e Elisa Hoven, da Universidade de Leipzig. Eles analisaram 242 comunicados da AfD à imprensa, de 2018, referentes à criminalidade, comparando-os com dados estatísticos oficiais.

Segundo a polícia, 5,2% de todos os suspeitos de crimes são imigrantes da Síria, Iraque e Afeganistão: os afegãos são acusados de 1,5% dos casos, porém nos documentos da legenda populista de direita, a percentagem apresentada 20%. Em relação aos sírios, a relação é de 2,5% (polícia) para 19% (AfD).

Os pesquisadores também notaram que a AfD alerta contra uma "epidemia" crescente de ataques a faca no país, que não pode ser comprovada estatisticamente, sobretudo porque os dados coletados pela polícia são incompletos. Entretanto, estatísticas atuais do Departamento de Investigações Criminais do estado da Baixa Saxônia – onde a AfD possui uma das suas maiores bases de apoio – demonstram que apenas 2,8% dos atos de violência registrados em 2017 foram realizados com facas.

O estudo aponta, ainda, que a AfD não propõe medidas efetivas de prevenção da violência em seus documentos, concentrando-se apenas em soluções repressivas, do tipo "lei e ordem". Acima de tudo, o partido prega a linha dura contra os imigrantes e os estrangeiros que vivem no país, especialmente os muçulmanos.

"A AfD se apresenta como o único partido preparado para combater o crime com o que considera meios adequados: fechamento das fronteiras e expulsão imediata de criminosos", concluem Hestermann e Hoven.

RC/dw,dpa

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