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AfD se desculpa por livro de colorir com desenhos xenófobos

19 de fevereiro de 2020

Partido populista de direita gerou indignação após distribuir publicação com estereótipos agressivos sobre estrangeiros. Após defender o livro, legenda volta atrás e diz que alguns dos desenhos "não são aceitáveis".

Imagem de livro de colorir com desenhos xenófobos distribuído pela AfD
Em uma das páginas, livro mostra homens em carros com armas e bandeiras turcasFoto: picture-alliance/dpa/A. Bischof

O partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) se desculpou nesta quarta-feira (19/02) pela encomenda e distribuição de livros de colorir com desenhos racistas e xenófobos.

Em comunicado enviado à DW, a bancada da AfD no estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste alemão, disse que gostaria de "pedir desculpas sinceras" pelo incidente, que gerou uma onda de críticas e condenações contra o partido.

"Embora a maioria dos desenhos não seja censurável e esteja em linha com a atribuição do projeto, infelizmente também havia alguns que definitivamente não são aceitáveis e obviamente não representam os valores do grupo parlamentar", afirma o comunicado.

A legenda populista de direita declarou ainda que, embora tenha encomendado os livros de colorir, os exemplares foram "publicados de forma prematura".

Markus Wagner, líder da bancada da AfD na Renânia do Norte-Vestfália, também voltou atrás em sua postura inicial em defesa dos livros. "A afirmação que fiz ontem foi um erro. O livro não deveria ter sido publicado desta forma", disse o político no comunicado.

Inicialmente, o partido havia defendido o projeto, alegando que a publicação era uma sátira e que a sigla estaria sofrendo um ataque à liberdade de expressão. A bancada populista defendeu ainda que as imagens são apenas "desenhos satíricos sobre a situação no país".

Wagner, por sua vez, havia afirmado que as críticas ao livro eram "ataques à liberdade artística" e que deveriam ser respondidas com "mais cópias".

Antes de se desculpar, AfD havia defendido que o livro não passava de uma sátiraFoto: picture-alliance/dpa/A. Bischof

O livro, intitulado Renânia do Norte-Vestfália para colorir, foi distribuído em um evento realizado pela bancada estadual da AfD na cidade de Krefeld, no oeste do país, no último fim de semana. O autor da publicação seria um suposto Roberto Obscuro.

Em uma de suas páginas, o livro traz, por exemplo, uma imagem com diversos homens inclinados para fora de carros, com armas na mão e agitando bandeiras da Turquia.

Em outra imagem, aparece uma faixa com a inscrição "Nós pagamos o pato" em cima de uma piscina, onde há várias mulheres usando burcas e homens com ossos no cabelo atacando mulheres que estão de maiô. Um dos desenhos apresenta mulheres com véu islâmico cercadas de vários filhos.

Mais cedo nesta quarta-feira, o parlamento estadual da Renânia do Norte-Vestfália anunciou que foi aberta uma investigação para apurar se a AfD usou indevidamente fundos públicos para a produção e impressão do livro de colorir.

Na véspera, a polícia local já havia informado que foi apresentada uma queixa contra a bancada estadual da AfD na Renânia do Norte-Vestfália por incitação ao ódio.

Pessoas com ossos na cabeça e usando véus lotam piscina sob faixa que diz: "Nós pagamos o pato"Foto: picture-alliance/dpa/A. Bischof

A Renânia do Norte-Vestfália é o estado mais populoso da Alemanha e um dos que apresentam maior diversidade entre seus habitantes, incluindo numerosas comunidades de imigrantes e descendentes turcos.

Os desenhos do livro de colorir geraram indignação nas redes sociais e por parte da Igreja Católica, além de provocar ira em políticos de vários partidos, tanto da direita quanto da esquerda.

O líder da bancada do Partido Social-Democrata (SPD) na Renânia do Norte-Vestfália, Thomas Kutschaty, condenou a publicação. "A AfD publicou um livro de colorir racista. Agora quer incitar até crianças com sua ideologia desumana. Nota sobre reciclagem de resíduos: esse livro pertence à lixeira marrom", escreveu no Twitter. Na Alemanha, marrom é a cor associada ao nazismo.

EK/dw/afp

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