Afegão que assassinou adolescente é achado morto na Alemanha
10 de outubro de 2019
Jovem condenado por matar a facadas uma ex-namorada é encontrado enforcado na cela. Crime em pequena cidade do oeste do país causou comoção nacional em 2017 e inflamou debate sobre imigração.
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Um refugiado afegão condenado por matar a facadas uma ex-namorada de 15 anos, num caso que ganhou repercussão nacional em meio ao debate sobre migração, foi encontrado morto numa prisão juvenil no oeste da Alemanha.
As autoridades informaram nesta quinta-feira (10/10) que o corpo de Abdul D. foi achado em sua cela no estado da Renânia-Palatinado, com sinais de enforcamento.
A cela não estava sob vigilância por vídeo, já que as autoridades não acreditavam que ele representasse um perigo para si mesmo.
O jovem afegão foi condenado por assassinato em setembro de 2018 e enfrentava uma pena de oito anos e meio de prisão.
O crime causou comoção no país e foi usado por muitos críticos da política de refugiados da chanceler federal Angela Merkel para corroborar suas posições anti-imigração.
Em dezembro de 2017, Mia V., de 15 anos, foi esfaqueada até a morte com uma faca de cozinha em Kandel, cidade com cerca de 9 mil habitantes localizada perto da fronteira com a França.
Tanto a adolescente quanto seus pais haviam ido à polícia para denunciar o comportamento ameaçador de Abdul D. antes do ataque.
Abdul D. entrou na Alemanha na primavera de 2016 e foi registrado como menor desacompanhado pelas autoridades que analisam pedidos de refúgio. Os promotores argumentaram em tribunal que o jovem afegão agiu por ciúme e buscava vingança pelo fim do namoro com Mia.
Ele foi julgado como menor e sentenciado a oito anos e seis meses de prisão por esfaquear. De acordo com a legislação alemã, a pena máxima para assassinato quando o autor é menor é de dez anos.
Promotores, no entanto, lançaram dúvidas quanto à idade de Abdul D. Apesar de ele dizer que tinha 15 anos quando o esfaqueamento ocorreu, uma avaliação médica especializada encomendada pela promotoria pública indicou que, no momento do crime, ele tinha no mínimo 17 anos e que provavelmente sua idade verdadeira era 20 anos.
Após a morte de Mia, a pequena Kandel foi palco de protestos anti-imigração e manifestações contrárias à xenofobia durante meses, atraindo grupos tanto de esquerda quanto de direita.
Aos poucos, o foco dos protestos de direita deixou de ser a morte de Mia V. Eles se tornaram uma plataforma para sentimentos contrários aos refugiados e ao islã, com manifestantes criticando a mídia e o governo Merkel.
Fotos impressionantes do enorme fluxo de migrantes para a Europa em 2015 e 2016 circularam pelo mundo. No Dia Mundial do Refugiado, vale lembrar a perseverança dos que foram forçadas a deixar seus países.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A meta: sobreviver
Uma jornada combinada com sofrimento e perigo para corpo e alma: para fugir da guerra e da miséria, centenas de milhares de pessoas, principalmente da Síria, viajaram pela Turquia para a Grécia em 2015 e 2016. Ainda há cerca de 10 mil pessoas nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos. De janeiro a maio deste ano, chegaram mais de 6 mil novos refugiados.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A pé até a Europa
Em 2015 e 2016, milhões de pessoas tentaram, a pé, chegar à Europa Ocidental através da Turquia ou da Grécia até a Macedônia, Sérvia e Hungria. Este fluxo não parou mesmo depois de a chamada rota dos Bálcãs ter sido fechada e muitos países terem bloqueado suas fronteiras. Hoje, a maioria dos refugiados vai para a Europa usando a perigosa rota pelo Mediterrâneo através da Líbia.
Foto: Getty Images/J. Mitchell
Consternação mundial
Esta foto chocou o mundo em setembro de 2015: numa praia da Turquia foi encontrado o corpo do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos. A imagem se espalhou rapidamente pelas redes sociais e se tornou um símbolo da crise dos refugiados. Depois dela, a Europa não podia mais se omitir.
Foto: picture-alliance/AP Photo/DHA
Caos e desespero
Sabendo que a rota de fuga para a Europa seria fechada, milhares de refugiados tentaram desesperadamente entrar em trens e ônibus na Croácia. Alguns dias depois, em outubro de 2015, a Hungria fechou a fronteira e criou campos com contêineres, onde os refugiados seriam mantidos durante a análise de seu pedido de asilo político.
Foto: Getty Images/J. J. Mitchell
Hostilidades
A indignação foi grande quando uma repórter cinematográfica húngara deu uma rasteira num refugiado sírio que corria com um menino no colo. Ele tentava passar por uma barreira policial na fronteira húngara em setembro de 2015. No auge da crise de refugiados aumentavam as hostilidades contra imigrantes, com ataques xenófobos a abrigos de refugiados também na Alemanha.
Foto: Reuters/M. Djurica
Fronteiras fechadas
O fechamento oficial da rota dos Bálcãs, em março de 2016, gerou tumultos nos postos de fronteira, onde milhares de migrantes não puderam mais avançar e houve relatos de violência policial. Muitos, como estes refugiados, tentaram contornar os postos de fronteira entre a Grécia e a Macedônia.
Uma criança ensanguentada coberta de poeira: a fotografia de Omran, de 5 anos, chocou o público em 2016 e se tornou um símbolo dos horrores da guerra civil da Síria e do sofrimento de seu povo. Um ano mais tarde, novas imagens mostrando o menino bem mais feliz circularam na internet. Apoiadores do presidente sírio afirmam que a primeira imagem foi usada para fins de propaganda.
Foto: picture-alliance/dpa/Aleppo Media Center
Em busca de segurança
Um sírio carrega a filha na chuva em Idomeni, entre a Grécia e a Macedônia. Ele procura abrigo na Europa. Segundo o Regulamento de Dublin, o asilo político precisa ser solicitado no primeiro país da União Europeia a que o refugiado chegou. Por isso, muitos que prosseguem viagem são mandados de volta. Por sua localização fronteiriça, Itália e Grécia são os países onde mais chegam refugiados.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Esperança
A Alemanha continua sendo o principal destino dos migrantes, embora a política de refugiados e de asilo do país tenha se tornado mais restritiva após o grande afluxo no final de 2015. Nenhum outro país europeu acolheu tantos refugiados como a Alemanha, que recebeu 1,2 milhão de pessoas desde 2015. A chanceler federal Angela Merkel foi um ícone para muitos dos recém-chegados.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Miséria nos campos de refugiados
No norte da França, um enorme campo de refugiados, a chamada "Selva de Calais", foi fechado. Durante a evacuação, em outubro de 2016, houve um incêndio no acampamento. Cerca de 6.500 moradores foram removidos para outros abrigos na França. Meio ano depois, organizações de ajuda relataram sobre muitos refugiados menores de idade que vivem como sem-teto em volta da cidade de Calais.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Laurent
Afogamentos no Mediterrâneo
ONGs e guardas costeiras estão constantemente à procura de barcos de migrantes em perigo. Eles preferem atravessar o mar em embarcações precárias superlotadas a viver sem perspectivas na pobreza ou em meio à guerra civil. Só em 2017, a travessia já custou 1.800 vidas. Em 2016 foram registrados 5 mil mortos.
Foto: picture alliance/AP Photo/E. Morenatti
Milhares esperam na Líbia
Centenas de milhares de refugiados da África Subsaariana e do Oriente Médio esperam em campos líbios para atravessar o Mar Mediterrâneo. Muitos estão nas mãos de contrabandistas humanos e traficantes de pessoas. As condições nesses locais são catastróficas, dizem ONGs. Testemunhas relatam casos de escravidão e prostituição forçada. Ainda assim, continua vivo o sonho de chegar à Europa.
Foto: Narciso Contreras, courtesy by Fondation Carmignac