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Afeganistão elabora acordo de paz com Hezb-e-Islami

19 de maio de 2016

Cabul assina acordo preliminar com grupo militante que é a segunda maior força insurgente no país, depois do Talibã. O esboço aguarda a assinatura do presidente afegão, Ashraf Ghani, para entrar em vigor.

Representantes do Hezb-e-Islami e do Alto Conselho para a Paz do Afeganistão se reúnem para assinatura de pré-acordo.
Representantes do Hezb-e-Islami e do Alto Conselho para a Paz do Afeganistão se reúnem para assinatura de pré-acordoFoto: picture-alliance/Anadolu Agency/H. Sabawoon

O governo do Afeganistão anunciou nesta quarta-feira (18/05) a assinatura de um acordo preliminar de paz com o grupo militante Hezb-e-Islami, segunda maior força insurgente no país, depois do Talibã. O esboço aguarda a assinatura do presidente afegão, Ashraf Ghani.

Segundo Mohammaed Khan, número dois do primeiro-ministro do Afeganistão, Abdullah Abdullah, o governo espera que o pré-acordo surte "um efeito positivo enorme", fazendo com que outros grupos insurgentes, como o próprio Talibã, "repensem" suas posições contrárias ao diálogo de paz.

"Estamos muito otimistas sobre este acordo e o apoiamos com todas as forças", declarou Khan à imprensa em Cabul, pouco antes do encontro entre representantes do grupo insurgente e do Alto Conselho para a Paz do Afeganistão. "Mas isso não significa que ele foi finalizado."

O oficial destacou que o grupo militante abriu mão de uma condição que até então parecia irrenunciável: a saída completa e incondicional das tropas estrangeiras do país.

O pré-acordo, porém, cita que ambas as partes darão as "boas-vindas à retirada de tropas estrangeiras com base em acordos prévios", afirmou Khan, referindo-se aos tratos firmados com a Otan e os Estados Unidos logo após Ghani assumir a Presidência em 2014. "Mas isso só acontecerá se houver a garantia de que os afegãos têm capacidade de defender seu país."

O esboço prevê ainda a retirada do Hezb-e-Islami da lista negra de organizações terroristas e das sanções da Organização das Nações Unidas e dos Estados Unidos, além da libertação de presos ligados ao grupo e a repatriação de seus refugiados, dos quais centenas vivem há décadas no Paquistão.

Segundo Khan, o grupo também exige que suas opiniões sejam levadas em consideração nas decisões futuras do governo. Cabul afirmou, em contrapartida, que só pedirá oficialmente a retirada do Hezb-e-Islami da lista negra assim que o acordo for de fato assinado. Também só serão libertados os prisioneiros que cumpram as condições de anistia.

O representante do Alto Conselho para a Paz do Afeganistão, Atta-ul Rahman Saleem, que liderou a delegação do órgão durante os diálogos de paz, declarou que o texto de 25 pontos será assinado "assim que ambas as partes tiverem feito suas consultas".

Na última segunda-feira, dois meses depois de iniciar as negociações com o Alto Conselho, o Hezb-e-Islami anunciou que estava disposto a assinar o aguardado acordo de paz num prazo de trinta dias.

O chamado Grupo de Coordenação Quadrilateral, que inclui representantes do Afeganistão, Paquistão, China e EUA, lançou no fim do ano passado uma iniciativa para elaborar um tratado de paz e, assim, encerrar o conflito que já se prolonga desde 2001.

O Hezb-e-Islami, que não está ligado ao Talibã, foi um dos grandes grupos islâmicos que, com o apoio dos EUA, lutou contra a União Soviética nos anos 1980. O grupo, no entanto, se recusou a unir forças estrangeiras após os ataques de 11 de Setembro.

O líder do Hezb-e-Islami, Hekmatyar, foi acusado de apoiar os ataques terroristas da Al Qaeda e do Talibã, entrando para a lista de "terroristas globais" do Departamento de Estado americano em 2003.

EK/dw/efe/rtr

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