Jovem de 26 anos é baleado em plena rua em Wächtersbach. Polícia acredita que ataque tenha sido motivado por xenofobia. Vítima teria sido escolhida pela cor da pele.
Anúncio
Um jovem de Eritreia foi atacado a tiros nesta segunda-feira (22/07) na cidade de Wächtersbach, no centro da Alemanha. O atirador, que estava num carro, abriu fogo no meio da rua contra a vítima de 26 anos e fugiu do local. A polícia suspeita que o ataque tenha motivação xenófoba.
O ataque ocorreu por volta das 13h (horário local). Poucas horas depois, a polícia encontrou o corpo do suspeito do crime dentro de um carro na cidade vizinha de Biebergemünd. Ele atirou contra a própria cabeça e morreu no hospital.
"Estamos trabalhando com a hipótese de xenofobia", afirmou o promotor de Frankfurt, Alexander Badle, nesta terça-feira. Ele disse ainda que a vítima foi aparentemente escolhida pela cor da pele e de maneira aleatória. Badle informou que o jovem foi operado e seu estado de saúde é estável.
Segundo autoridades, a busca na casa do atirador, um alemão de 55 anos, confirmou as suspeitas de que o ataque teve motivação racista. A polícia encontrou no local uma carta de despedida fazendo referência ao crime, além de três armas de fogo. Outras duas armas estavam no carro do suspeito.
Investigadores notaram ainda que o ataque em Wächtersbach ocorreu na data do aniversário dos atentados em Oslo e Utoya, na Noruega, que deixaram 77 mortos em 2011. O crime foi cometido pelo extremista de direita Anders Breivik. "Se houver uma correlação com Breivik será um aspecto interessante para nós", disse Badle.
Apesar das indicações da motivação racista do crime, o promotor sublinhou que não há evidências de que o suspeito tivesse contatos na cena de extrema direita, porém, destacou que as investigações ainda estão no início.
O prefeito de Biebergemünd, Manfred Weber, disse que o suspeito estava vivendo na região há dois anos e era discreto. "Ele vivia uma vida retirada", acrescentou.
Segundo o site da emissora de televisão hr, a posição extremista de direita do suspeito era conhecida pelos seus vizinhos. Pouco antes do ataque, ele teria ainda anunciado num bar local que iria atirar em um refugiado.
O incidente ocorreu perto de Kassel, onde o político conservador Walter Lübcke foi assassinado no início de junho. O assassinato chamou a atenção para o extremismo de direita na Alemanha nas últimas semanas. O principal suspeito do crime, identificado como Stephan E., era conhecido por ter ligações com uma rede neonazista internacional.
Wächtersbach realizou na noite desta terça-feira uma vigília como protesto contra a violência de extrema direita. Em comunicado, o prefeito convidou os moradores da cidade a enviar um sinal contra a violência racista e a pensar na vítima e seus familiares.
A comissária do governo alemão para migração, refugiados e integração, Annette Widmann-Mauz, condenou o ataque. "No meio da Alemanha, alguém atira em um homem da Eritreia. Do discurso de ódio vem a violência, do ódio vem a morte. Não podemos e não devemos tolerar isso! Por essa razão: nenhuma relativização e sim uma ação consistente contra o racismo e o extremismo de direita", escreveu em sua conta no Twitter.
A polícia afirmou que está investigando diversas mensagens publicadas nas redes sociais sobre o ataque.
O extremismo de direita está aumento nos últimos anos na Alemanha. Um relatório da agência de inteligência federal indicou que há cerca de 12.700 ultradireitistas qualificados como violentos no país. Enquanto o número total de crimes cometidos pela extrema direita caiu 0,3% em 2018, o de crimes violentos subiu 3,2%, passando de 1.054 para 1.088.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.