Africanos pedem "Plano Marshall" para se recuperar do ebola
3 de março de 2015
Em conferência em Bruxelas, Guiné, Serra Leoa e Libéria pedem à comunidade internacional ajuda para vencer a guerra contra o vírus, afirmando que planos e estratégias de longo prazo são necessários.
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Líderes europeus e africanos alertaram sobre um relaxamento dos esforços na luta contra o ebola numa conferência internacional sobre a erradicação da doença e a ajuda para a recuperação dos países mais afetados, realizada nesta terça-feira (03/03) em Bruxelas.
Por ocasião do encontro, os três países mais atingidos pelo ebola – Guiné, Serra Leoa e Libéria – pediram que a comunidade internacional lançasse uma espécie de "Plano Marshall" para lhes ajudar a se recuperar economicamente e vencer a guerra contra o vírus.
"O impacto do ebola sobre nossas economias foi profundo", e isso implica "planos e estratégias de recuperação" para acompanhar os países afetados a longo prazo, declarou a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, na capital belga.
"Não há nenhuma dúvida de que isso vai exigir recursos significativos, até mesmo um Plano Marshall", disse a presidente liberiana, referindo- se ao modelo americano de reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
Mais de 150 delegações, com representações de 69 países e organizações internacionais, eram esperadas para a conferência em Bruxelas, afirmou uma fonte da Comissão Europeia.
A conferência de um dia organizada sob o patrocínio da União Europeia (UE) deve assegurar que os compromissos financeiros para a luta contra o ebola sejam cumpridos. Dos 4,9 bilhões de dólares prometidos para o combate ao vírus, 2,4 bilhões já foram desembolsados. Segundo uma fonte da UE, trata-se de um caso de "rara" rapidez.
"Ninguém pode se dar ao luxo de ceder", declarou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. "É mais fácil passar de 100 para dez novas infecções do que de dez a zero", afirmou o presidente da Guiné, Alpha Condé
A epidemia voltou a chamar atenção no último fim de semana, quando foi anunciado que o vice-presidente de Serra Leoa foi colocado em quarentena após um de seus guarda-costas ter morrido de ebola.
Ebola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção na África
Agora, médicos e enfermeiros da África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.