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Voo para Marte

3 de abril de 2009

Durante 105 dias, o alemão Oliver Knickel ficará confinado com cinco outros voluntários em uma nave espacial simulada de um centro de pesquisas em Moscou. O experimento serve de preparação para futuras viagens a Marte.

ESA se prepara para viagens reais a MarteFoto: picture-alliance/ dpa ESA

Quando pequeno, o alemão Oliver Knickel queria ser goleiro do Bayern de Munique, condutor de locomotiva ou piloto. Em vez disso, o capitão do Exército alemão de 28 anos de idade participa agora de uma complexa expedição simulada a Marte, iniciada pela Agência Espacial Europeia (ESA) na última terça-feira (31/03).

Oliver KnickelFoto: ESA

Oliver Knickel foi o único alemão escolhido entre as mais de 5 mil pessoas que se candidataram para participar da simulação. Além dele, quatro russos e um francês ficarão 105 dias confinados em 180 metros quadrados em uma imitação de nave espacial nas proximidades de Moscou.

O objetivo é observar e avaliar como a "tripulação" reage ao longo período de isolamento. Trata-se de um primeiro teste em condições quase reais com vista a uma verdadeira missão tripulada a Marte.

Nesse período, os seis astronautas estarão em observação permanente. Eles dividirão um espaço bastante apertado e não terão nenhum contato com o mundo exterior. Oliver Knickel conta que aceitou o desafio para "prestar sua pequena contribuição para que a humanidade, algum dia, consiga voar para Marte".

Tudo começou no Exército

A profissão que escolheu para seguir deveria ser interessante, variada e desafiadora, tanto física quanto psicologicamente. Por isso, logo após concluir o ensino médio em 1999, o alemão de Düsseldorf decidiu seguir a carreira militar no Exército alemão.

Em 2002, ele serviu três meses no Afeganistão junto às tropas da Isaf. Porém, missões espaciais tripuladas sempre o interessaram, conta Knickel. De forma que ele não teve dúvidas ao se candidatar, em 2007, para o teste de isolamento da ESA.

Knickel preencheu facilmente os requisitos iniciaisFoto: picture-alliance/dpa

Os principais requisitos foram facilmente preenchidos por Knickel: altura e peso, condição física e também psicológica. O capitão alemão salienta que principalmente a estabilidade emocional é importante. Ele teve que provar que "não tinha nenhuma tendência especial para altos e baixos". Ao falar, Oliver Knickel parece pensativo e aparenta uma maturidade superior a seus 28 anos. Ele explica que é uma pessoa circunspecta e, por vezes, até calada.

Ele também traz consigo os conhecimentos necessários de línguas estrangeiras. Fala inglês quase fluentemente e tem bons conhecimentos de russo. Caso haja problemas de comunicação com os colegas russos a bordo, ele leva na bagagem um dicionário de russo e outro de inglês, por segurança.

Comida bávara em espaço apertado

Três metros quadrados de vida privadaFoto: ESA

A vida privada de Knickel vai se restringir a um espaço de 3 metros quadrados nos próximos meses. Esse é o tamanho da cabine individual na qual não é observado. No resto da "nave espacial", estão espalhadas câmeras de observação por todos os lados. Mas ele não vê grandes problemas nisso. "Não seremos observados por uma grande massa, nem pela internet nem em algum canal de TV", afirmou.

Os alimentos serão enviados da Alemanha. Principalmente "comida com um toque bávaro", explicou Knickel. As vitaminas e nutrientes geralmente provenientes de verduras e frutas serão consumidos somente na forma de comida de bebê ao longo dos 105 dias.

Uma ducha não existe a bordo da "nave espacial", assim como não haveria em uma missão espacial de verdade devido à falta de gravidade. Mas a higiene pessoal diária é muito importante, comentou Knickel rindo. "Com panos umedecidos também funciona", explicou.

Conexão para casa com atraso

Foto da superfície de MarteFoto: AP

Para superar a imensa saudade, Knickel levou fotos de sua namorada e de toda a família. Pois só está previsto que ele entre em contato com eles uma vez por semana. Além disso, todos os e-mails e telefonemas chegam com 20 minutos de atraso na central de controle. Assim seria também num verdadeiro voo para Marte.

Perguntado se em algum momento teve dúvida durante os preparativos, ele respondeu sem titubear: "Não, de forma alguma!". Sua determinação não deixa dúvidas de que ele também diria "sim" a uma viagem real a Marte.

Autora: Sabine Gogolok

Revisão: Rodrigo Rimon Abdelmalack

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