Novo CryoSat-2
9 de abril de 2010A Agência Espacial Européia (ESA, na sigla em inglês) lançou nesta quinta-feira (08/04) o satélite CryoSat-2, no Cazaquistão. O objetivo dos cientistas é observar do espaço as alterações das geleiras em decorrência de mudanças climáticas. O lançamento contou com a ajuda de um foguete russo.
O estudo espacial irá medir alterações na espessura das placas de gelo entre a Antártica e a Groelândia, assim como das geleiras que flutuam nos oceanos polares.
"Com o CryoSat-2, vamos medir pela primeira vez quanto gelo existe precisamente nas regiões polares da Terra", disse Duncan Wingham, da University College de Londres, responsável pela missão.
Para Volker Liebig, diretor do programa da ESA para observação da Terra, há uma urgente necessidade de se saber qual volume de gelo está sofrendo alterações. "Para fazer esses cálculos, os cientistas precisam também de informações sobre a espessura do gelo", explicou Liebig.
Novo sistema de medição
O CryoSat-2 conta com uma tecnologia nova de medição. O satélite tem um radar supersensível, capaz de emitir sinais curtos; ao atingirem as placas de gelo, estes retornam novamente ao aparelho, apto então a fazer a medição exata. Até o momento, os satélites só podiam mostrar por meio de fotos onde as placas estavam localizadas.
"Os gastos com o sistema de radar correspondem a mais da metade do orçamento para a construção do satélite. Foi por isso ele saiu tão bom, permitindo medir com uma margem de erro de dois centímetros a altura do gelo a partir da superfície da água", explicou Wingham.
O CryoSat-2 é o terceiro satélite que ESA lançou em um ano para estudar a Terra. Ele substitui o CryoSat original, que caiu em 2005 devido a uma falha no mecanismo. O custo total do projeto é de 140 milhões de euros (187 milhões de dólares). A Alemanha financia cerca de 25% dos custos.
De polo a polo
O satélite sobrevoa em cerca de 90 minutos uma trajetória que vai praticamente de um polo ao outro da Terra. Sua precisão centimétrica também se deve ao fato de o satélite estar sobrevoando a superfície terrestre a 717 quilômetros de altitude.
No Ártico, os pesquisadores querem saber qual influência o vento, as correntes marítimas, o ar e a temperatura da água exercem sobre o gelo. "O que nos interessa na Antártica é ver como a placa de gelo reage ao subsolo, pois ninguém sabe ao certo como isso ocorre. Aliás, queremos ver o que acontece quando o gelo desliza da terra para dentro do mar", disse Wingham.
O cientista ainda alertou para o perigo real existente no Atlântico Norte: a alteração das placas de gelo poderá influenciar decisivamente as correntes marítimas, gerando incalculáveis conseqüências para o clima da Europa.
Com o projeto de cinco anos, os cientistas terão a oportunidade de analisar dados inéditos sobre as tendências climáticas. Wingham conta que, muitos anos atrás, um satélite iniciou as pesquisas atmosféricas com o ozônio e, após o reconhecimento público da importância dessa investigação, outros satélites foram lançados para o mesmo fim.
Para ele, o CryoSat-2 pode ser o precursor de novos estudos climáticos. "Talvez a mesma coisa venha a acontecer com as investigações sobre o gelo", espera o cientista.
Autor: Dirk Lorenzen (dd)
Revisão: Simone Lopes