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Agora no Senado, impeachment testa influência de Trump

26 de janeiro de 2021

Acusação contra ex-presidente é entregue por democratas ao Senado, onde maioria de dois terços é necessária para condenação. Mas republicanos estão cada vez mais indicando ser pouco provável que considerem Trump culpado.

Deputados democratas iniciam processo de impeachment
Membros da Câmara dos Representantes se dirigem ao Senado para apresentar a acusaçãoFoto: Melina Mara/The Washington Post/AP/picture alliance

Depois de o segundo processo de impeachment de Donald Trump ter deixado a Câmara dos Representantes rumo ao Senado, nesta segunda-feira (25/01), as atenções se voltaram para os senadores republicanos, que precisam apoiar o processo em grande número para que ele resulte na condenação do ex-presidente dos Estados Unidos.

Mas há poucos sinais de que os democratas vão conseguir o apoio necessário do outro lado. Ao contrário, desde o ataque ao Capitólio, no dia 6 de janeiro, a crítica ao comportamento do ex-presidente entre os seus colegas de partido arrefeceu.

Um levantamento feito pelo jornal The New York Times mostra que 27 senadores republicanos se opõem à destituição, outros 16 indicaram estar indecisos, e sete não responderam.

Muitos senadores republicanos estão apresentando argumentos contra o processo de impeachment. À parte as objeções de cunho legal, muitos deles temem os efeitos eleitorais de se opor a Trump e sua legião de eleitores – o ex-presidente, afinal, conquistou quase metade dos votos na eleição presidencial.

"Considero esse julgamento uma estupidez, acho que é contraprodutivo", declarou o senador republicano Marco Rubio, da Flórida. Ele acrescentou que, se tiver uma chance de acabar com o processo, o fará, argumentando que ele apenas serve para dividir ainda mais o país.

Outros republicanos afirmam que é inconstitucional julgar um ex-presidente. Para o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Summer, esse argumento não faz sentido e equivale a conceder um favor constitucional especial ao ex-presidente.

Uma das poucas vozes entre os senadores republicanos a apoiar abertamente o processo é Mitt Romney, de Utah, um adversário e crítico de Trump. Romney foi o único senador republicano a votar contra Trump no primeiro julgamento de impeachment, em fevereiro de 2020.

Caso está no Senado

Nesta segunda-feira, representantes da Câmara dos Representantes entregaram ao Senado a acusação contra Trump, dando assim início à parte final do processo de destituição, que deverá ser julgado em 8 de fevereiro.

Nove congressistas democratas entregaram a acusação – "por incitação à insurreição" durante o ataque de apoiadores de Trump ao Capitólio –, depois de ela ter sido aprovada pela Câmara dos Representantes, em 13 de janeiro, por 232 votos a favor, incluindo dez republicanos, e 197 contra. 

Para que o Senado condene Trump é necessário um mínimo de 67 votos (dois terços), um número muito difícil de ser alcançado uma vez que democratas e republicanos controlam 50 lugares cada. Se condenado no Senado, uma votação separada decidiria sobre a cassação dos direitos políticos do ex-presidente.

Caso todos os democratas votem a favor da condenação de Trump, 17 legisladores republicanos também teriam que o fazer, e vários, incluindo o líder republicano, Mitch McConnell, mostraram-se pouco claros em relação à sua posição. 

Segundo processo contra Trump

McConnell e Schumer anunciaram na passada semana um acordo sobre as normas que vão reger o processo político e um calendário, com início na semana de 8 de fevereiro. Esse calendário foi ao encontro das exigências dos republicanos, que pediram tempo para que Trump pudesse preparar a defesa. 

Este é o segundo processo de destituição de Trump, que superou o primeiro no início de 2020. Na época, ele era acusado de exercer pressão sobre o governo da Ucrânia para investigar um suposto caso de corrupção envolvendo o então pré-candidato e atual presidente, Joe Biden.

Isso equivaleria a uma ajuda de uma força externa a um candidato à presidência dos Estados Unidos, o que é proibido por lei.

Biden, que vinha evitando comentar o assunto, declarou nesta segunda-feira à emissora CNN que o julgamento "precisa acontecer", apesar das possíveis complicações ao seu início de governo com um Senado ocupado com assuntos relativos ao governo passado.

O presidente reconheceu que o processo prejudica a sua própria agenda de governo, que necessita de aprovações no Senado, mas ponderou que o efeito seria ainda pior se não houvesse julgamento.

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