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Agricultura orgânica brasileira em ascensão

Paulo Chagas20 de fevereiro de 2004

O Brasil aumentou sua participação na BioFach de Nurembergue, a maior feira mundial de agricultura orgânica. Liliane Rank (APEX) e Dinah Worish Mazzo (AHK – São Paulo ) falam com exclusividade a DW-WORLD.

Caipirinha feita com produtos orgânicos brasileiros: mania alemã até em caneco de um litroFoto: AP

Em 2004, a Biofach reuniu em Nurembergue mais de dois mil exibidores internacionais de produtos de agricultura orgânica, um setor em plena expansão em todo o mundo. Na Alemanha, um dos líderes mundiais em agricultura orgânica, registrou-se um crescimento de 10% em 2002.

Este ano, o Brasil trouxe à Biofach 45 expositores ­– empresas e cooperativas que estão reunidas em um stand coletivo. Elas representam mais de 3.600 produtores rurais. Em 2003, havia apenas 22 expositores brasileiros.

Este crescimento é um reflexo da expansão da própria agricultura orgânica no Brasil, tanto em termos de produção quanto de consumo, explica Liliane Rank, gerente da área de produtos orgânicos da Agência de Promoção das Exportações (APEX), órgão autônomo, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento.

No Brasil, a agricultura orgânica está espalhada por todo o país, revela Liliane em entrevista exclusiva a DW-WORLD. Desde castanha de caju do Rio Grande do Norte, erva-mate do Paraná, óleo de palma do Pará até os produtos dos grandes Estados produtores: São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Mercado alemão em mira

O mercado alemão é o primeiro foco do trabalho de promoção comercial que está sendo desenvolvido pela APEX. O objetivo é obter um crescimento anual de 15% das exportações.

Mas para isso é preciso que os produtos brasileiros se aproximem das necessidades do mercado alemão. Produtos como por exemplo a castanha de caju, o açúcar orgânico, além da própria cachaça orgânica e do limão orgânico para se fazer uma boa caipirinha.

As exportações brasileiras de produtos orgânicos, em torno de 100 milhões de dólares anuais, ainda são muito tímidas. No entanto, observa-se um crescimento vertiginoso do mercado interno. A expectativa de crescimento de áreas de plantio orgânico é de 10% por ano, o que é algo bastante expressivo tendo em vista a extensão do território brasileiro, observa Liliane.

Exportação beneficia a produção interna

O produto orgânico exportado é altamente benéfico para o Brasil, não apenas por trazer divisas mas também melhorias para produção interna. O benefício para os produtores se traduz em termos de aprendizado: aprender a cultivar, a embalar e a atuar no mercado. A atuação no mercado externo provoca portanto uma melhoria do produto consumido internamente.

Em 2003, o Brasil vendeu na feira BioFach em torno de 5,5 milhões de dólares e um volume de 9 toneladas. Este ano, as estimativas apontam um aumento de 15%, com base nos primeiros negócios fechados.

A BioFach organiza também uma feira no Rio de Janeiro, que tem contribuído para uma maior atenção para o setor. A próxima BioFach brasileira será realizada em setembro de 2004.

Lei de certificação

A agricultura orgânica brasileira ganhou novo impulso com a aprovação, em novembro de 2003, da lei que tornou obrigatória a certificação dos produtos orgânicos. O controle é efetuado pelo Ministério da Agricultura.

Por outro lado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário atua nas unidades de produção familiar, que é o mote do governo Lula. Seu objetivo, explica Lilliane, é introduzir os métodos da agricultura orgânica na produção familiar.

A parceria com a AHK

Uma das razões do sucesso brasileiro na BioTech é a parceria da APEX com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK – São Paulo).

A BioFach é o projeto mais importante das 17 feiras em que a AHK organiza a participação brasileira, revelou Dinah Worisch Mazzo em entrevista a DW-WORLD. Dinah é diretora do Departamento de Feiras da AHK, que é responsável pela logística e o operacional do projeto brasileiro. A APEX financia 50% dos custos e os outros 50% são cobertos pelos expositores.

A AHK se empenha para que o produtor brasileiro venha para a feira já com reuniões agendadas. Este ano foram agendadas cerca de 60 reuniões de negócios entre os expositores brasileiros e os importadores alemães durante a BioFach de Nurembergue.

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