Airbus bate Boeing e se torna maior fabricante de aviões
2 de janeiro de 2020
Empresa europeia entrega mais de 863 aeronaves em 2019 e tira a liderança da rival americana Boeing, que enfrenta grande crise após dois acidentes com o 737 MAX.
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A Airbus se tornou a maior fabricante de aviões do mundo pela primeira vez desde 2011, depois de entregar um número acima do esperado de 863 jatos, conquistando a liderança da rival americana Boeing, disseram fontes nesta quarta-feira (01/01).
Esperava-se uma mudança na liderança entre as duas gigantes, na esteira de uma crise com o Boeing 737 MAX que se arrasta até 2020. Mas os dados recordes da europeia Airbus reforçam ainda mais a distância que a Boeing deve percorrer para recuperar sua posição no mercado.
A Airbus, que foi forçada pelos seus próprios problemas industriais para cortar sua meta de entrega de 2019 em 2%-3% em outubro, implementou recursos extras até horas antes de meia-noite de 31 de dezembro para alcançar o número de 863 aeronaves no ano, em comparação com a sua meta revista de 860 jatos.
As entregas da fabricante europeia aumentaram 7,9% em relação às 800 aeronaves de 2018. A empresa europeia se recusou a comentar os números, que devem ser auditados antes de serem finalizados e publicados.
Por sua vez, a Boeing entregou 345 jatos de longo curso entre janeiro e novembro, menos da metade dos 704 do mesmo período de 2018, quando o 737 MAX estava sendo entregue normalmente. Durante todo o ano de 2018, a Boeing entregou 806 aeronaves.
As fabricantes de aviões recebem a maior parte de suas receitas quando as aeronaves são entregues – menos os pagamentos pagos por progressos acumulados durante a produção. Por isso, o desempenho das entregas no final do ano é acompanhado de perto pelos investidores.
A contagem da Airbus, que inclui cerca de 640 aeronaves de corredor único, bateu recordes da indústria depois de a empresa ter redirecionado milhares de trabalhadores e ter cancelado férias de outros para completar um estoque de aeronaves semiacabadas à espera de ter suas cabines ajustadas.
A Airbus foi atingida por atrasos na produção e instalação da chamada Airbus Cabin Flex (ACF) – uma remodelação das galleys (cozinhas dos comissários) e banheiros para permitir mais espaço para poltronas – em seus jatos A321neo na unidade de Hamburgo, na Alemanha. Dessa forma, dezenas de aeronaves deste modelo e de outros ficaram armazenadas aguardando configurações de última hora e a chegada de mais mão-de-obra.
Esse trabalho fora do planejamento padrão aumenta os custos e pode ter um impacto modesto nas margens de lucro da Airbus, mas o impacto será amplamente reduzido pelo grande número de aviões e pela lucratividade já sólida dessas aeronaves de corredor único, afirmam analistas.
Ainda assim, os problemas na instalação de cabines complexas reduziram a capacidade da Airbus de tirar proveito da turbulência do mercado em torno do Boeing 737 MAX – que permanecem em solo desde março do ano passado, após um acidente fatal do avião na Ethiopian Airlines, na Etiópia, que matou 157 pessoas. A tragédia ocorreu menos de cinco meses depois que outro Boeing 737 MAX caiu no Mar de Java, na costa da Indonésia, matando 189 pessoas.
Até agora, a permanência em solo dos Boeing 737 MAX já custou à fabricante americana mais de 9 bilhões de dólares. A Boeing, que também enfrenta diversos pedidos de indenização das famílias das vítimas e das companhias aéreas atingidas com os acidentes, disse que recebeu apenas 30 novos pedidos para seus aviões MAX desde o acidente na Etiópia. O programa MAX é crítico para a empresa: ele representa quase 80% da carteira de pedidos de aeronaves comerciais da Boeing e quase 60% em valor.
A produção nas fábricas da Airbus são tradicionalmente interrompidas no Natal e Ano Novo. Mas os centros de entrega e instalações de finalização da empresa estavam a todo o vapor ainda na tarde do último dia do ano para permitir que companhias aéreas asiáticas e outras pudessem operar seus novos aviões.
As companhias aéreas mais antigas ainda em operação
A indústria da aviação é cheia de adversidades e, ao longo da história, muitas empresas deixaram de existir. Confira as dez aéreas mais antigas do mundo ainda em atividade. Somente uma latino-americana figura na lista.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/B. Stanley
#10: LOT, da Polônia
A LOT foi criada em 29 de dezembro de 1928 pelo governo polonês, assumindo as aéreas existentes Aerolot (fundada em 1922) e Aero (1925). A era do jato foi introduzida na Polônia em 1968, quando o primeiro dos cinco Tupolev Tu-134 adquiridos pela LOT pousou em Varsóvia. Com uma frota com cerca de 70 aeronaves, entre elas o Boeing 787 Dreamliner (foto), a empresa voa para mais de 110 destinos.
Foto: Reuters
#9: Iberia, da Espanha
A empresa foi fundada em 28 de junho de 1927. Sua primeira rota nacional foi de Madrid para Barcelona (1927); a internacional, para Lisboa (1939); e a intercontinental, para Buenos Aires (1946). Em 2011, a empresa fez uma fusão com a British Airways para formar a International Airlines Group (IAG). No entanto, cada empresa opera ainda com seu próprio nome. No Brasil, ela voa para São Paulo e Rio.
Foto: picture-alliance/dpa/NurPhoto/A. Widak
#8: Air Serbia, da Sérvia
Fundada em 17 de junho de 1927, a Aeroput começou a voar regularmente entre Belgrado e Zagreb em 1928. A 2ª Guerra interrompeu as operações e, em 1947, a tradição da Aeroput foi continuada pela Aerolíneas Iuguslavas (JAT). Em 2013, a Etihad comprou 49% da empresa junto ao governo sérvio e a rebatizou de Air Serbia. Ela voa para 61 cidades com 19 aeronaves, entre jatos da Airbus e turboélices ATR.
Foto: ANDREJ ISAKOVIC/AFP/Getty Images
#7: Delta Airlines, dos EUA
Com o nome de Huff Daland Dusters, a aérea começou como uma empresa de pulverização de lavouras em 30 de maio de 1924. Somente em 1928 ela adotou o nome Delta e se tornou uma das maiores do mundo em número de passageiros ao comprar a Pan Am, em 1991, e fazer uma fusão com a Northwest Airlines, em 2008. Com mais de 300 destinos em ao menos 50 países, no Brasil ela voa para São Paulo e Rio.
Foto: dapd
#6: Finnair, da Finlândia
A empresa foi fundada com o nome de Aero em 1º de novembro de 1923. Seu voo comercial inaugural levou 162 kg de correio de Helsinque para Talín. Durante seu primeiro ano, a Aero transportou 269 passageiros. Ela oferece as ligações aéreas mais curtas entre Europa e Ásia devido à localização geográfica da Finlândia. São 19 destinos na Ásia, oito na América do Norte e mais de cem na Europa.
Foto: Imago Images/Aviation-Stock/M. Mainka
#5: Czech Airlines, da República Tcheca
A empresa foi fundada em 6 de outubro de 1923 pelo governo da antiga Tchecoslováquia. Seu primeiro voo foi na rota entre Praga e Bratislava, 23 dias depois de sua fundação. As operações foram interrompidas durante a 2ª Guerra, e a companhia foi mais tarde reintegrada pelo governo comunista pós-guerra. Atualmente ela voa para mais de 30 destinos na Europa, Oriente Médio e Ásia.
Foto: picture-alliance/dpa
#4: Aeroflot, da Rússia
A Aeroflot foi fundada em 17 de março de 1923 e seguiu a tendência, após a 1ª Guerra, de usar a aviação para fins pacíficos ao transportar passageiros, correio e carga, operando aviões de guerra reequipados. Em 1956, ela introduziu o Tupolev Tu-104, o primeiro avião civil a jato da Rússia. De seu hub no terminal Sheremetyevo, em Moscou, ela operou 159 rotas em 54 países no verão europeu de 2019.
Foto: Reuterrs/M. Shemetov
#3: Qantas, da Austrália
Em novembro de 1920, os veteranos da 1ª Guerra Paul McGinness e Hudson Fysh conceberam um serviço aéreo que ligasse a Austrália ao mundo. O primeiro serviço regular, entre Charleville e Cloncurry, começou em 1922. Em 1947, o governo comprou a companhia e a transformou na aérea de bandeira nacional. Na década de 1990, ela foi reprivatizada e voa atualmente para mais de 80 cidades em 20 países.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Griffith
#2: Avianca, da Colômbia
A empresa foi fundada em 5 de dezembro de 1919 por imigrantes alemães e com o nome de SCADTA. Em 1920, a companhia mais antiga das Américas fez seu primeiro voo entre as cidades colombianas de Barranquilla e Puerto Berrío. Em 1972, ela se tornou a primeira companhia latino-americana a operar um Boeing 747. A Avianca possui 189 aeronaves e voa para 108 destinos em 26 países, inclusive o Brasil.
Foto: Imago/Rüdiger Wölk
#1: KLM, da Holanda
A KLM foi fundada em 7 de outubro de 1919 e é a companhia mais antiga do mundo que ainda opera sob seu nome original. Seu primeiro voo, porém, foi realizado em 1920, entre Londres e Amsterdã. Em 1946, ela se tornou a primeira a ligar a Europa continental aos EUA. Em 2004, se juntou com a Air France para formar um dos maiores grupos europeus. No Brasil, voa para São Paulo, Rio e Fortaleza.