Arrendamento de edifícios diplomáticos e consulares do regime de Pyongyang é prática proibida por resolução da ONU. No entanto hospedagem aluga prédio de embaixada norte-coreana no centro da capital alemã.
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Apesar das sanções econômicas internacionais, a ditadura de herança comunista de Pyongyang continua firme no poder. Por um lado, isso se deve ao fato de a China, principal aliada da Coreia do Norte, não querer nem poder permitir o colapso econômico do país. Por outro lado, aparentemente o regime ainda continua dispondo de canais secretos de financiamento para comprar apoio interno.
Entre as fontes menos secretas de renda está a locação de embaixadas no exterior. Um modelo que provoca o descontentamento das autoridades em vários países, como noticia a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
Num dos casos, a Bulgária lembrou de forma bem clara à representação de Pyongyang em Sófia que edifícios diplomáticos não podem ser alugados. Outros países, como o Laos e o Egito, teriam expulsado diplomatas norte-coreanos envolvidos em atividades comerciais.
Herança da Alemanha Oriental
Esses países citam, para tais casos, a resolução do Conselho de Segurança da ONU número 2321, de 30 de novembro de 2016. Consta no parágrafo 18 do texto: "Todos os Estados-membros devem proibir a Coreia do Norte de utilizar imóveis que o país possua ou arrende em seu território para fins diferentes dos diplomáticos ou consulares.”
O City Hostel Berlin está situado na rua Glinkastrasse, nas proximidades do Portão de Brandemburgo. Um leito em dormitório de oito camas custa a partir de 17 euros, um quarto individual, a partir de 35 euros. O edifício em que fica o albergue faz parte da embaixada norte-coreana na Alemanha, localizada no edifício vizinho.
De acordo com uma reportagem do jornal Die Welt, a Coreia do Norte recebeu do governo da Alemanha Oriental, antes da reunificação alemã, os "irrestritos e ilimitados direitos de uso" do complexo de edifícios. Desde 2007, o edifício é alugado por um hoteleiro de Berlim.
"Estrito respeito às sanções da ONU”
Em janeiro de 2008 começaram as obras de reforma em que, segundo a revista Der Spiegel, "transformaram os numerosos escritórios em confortáveis quartos individuais e partilhados com modernas instalações sanitárias em todos os cômodos".
Pedindo anonimato, uma funcionária do hotel afirmou à reportagem da DW que o proprietário do edifício é a Coreia do Norte. Não foram fornecidas mais informações sobre os termos contratuais. O Ministério do Exterior alemão se negou a comentar se o governo federal tolera o uso comercial do edifício da embaixada.
"Observamos bem de perto possíveis violações ao regime de sanções do Conselho de Segurança da ONU e atentamos, juntamente com nossos parceiros, para a obediência estrita às sanções contra a Coreia do Norte", afirmou um porta-voz do órgão. Ao que tudo indica, o City Hostel Berlin tem boa lotação, com apenas alguns quartos ainda disponíveis em abril e maio.
Os encantos secretos da Coreia do Norte
Natural de Cingapura, o fotógrafo Aram Pan percorreu durante vários dias o território da ditadura comunista na Ásia. Mas se recusou a abordar política: para ele o que contam são belezas naturais e arquitetônicas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Tranquila beleza de Pyongyang
O fotógrafo cingapurense Aram Pan viajou em 2013 à Coreia do Norte para realizar o projeto DPRK 360, em que buscou imortalizar o povo e a forma de vida desse hermético Estado asiático, expondo as imagens online. Esta foi tirada do Hotel Yanggakdo, onde Pan se hospedou durante sua estada na capital, Pyongyang.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Ao pé dos ídolos nacionais
O Grande Monumento Mansudae é um dos pontos turísticos mais visitados da capital norte-coreana. Turistas locais e internacionais costumam depositar flores aos pés das gigantescas estátuas dos líderes comunistas Kim Il-sung e Kim Jong-il, que se destacam em meio à esplanada extremamente bem cuidada.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Polícia robótica
Aram Pan conta que a policial da foto se manteve imóvel apenas os segundos necessários para registrá-la. Embora no país não circulem muitos automóveis, as cidades mantêm funcionários encarregados de manter a ordem no tráfego – para o que executam movimentos rítmicos, como robôs.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Metrô sob o signo do perigo
São 15h de um dia de agosto de 2013. Embora não seja horário de pico, o metrô da capital está abarrotado. As estações do meio de transporte urbano, que dispõe de duas linhas, foram construídas a vários metros de profundidade, a fim de resistirem a eventuais bombardeios.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
"Shiny happy people"
Cidadãos dançando felizes e despreocupados, numa ditadura comunista? Além de não interferir no que registra, Pan se recusa a discutir política. Ele pede aos que veem suas fotografias que não pensem nele, mas na gente e nas paisagens do país. "Ninguém viaja a um país para fotografar cárceres", argumenta, ao ser criticado por mostrar uma Coreia do Norte amável. A imagem foi feita perto de Wonsan.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sol, areia e mar
Na costa norte-coreana, não há diferença visível entre os divertimentos dos cidadãos nas praias e os de qualquer democracia do mundo. Eles jogam voleibol, brincam na areia, entram de boia na água. Não faltam chuveiros para tirar a areia antes da volta para casa. Em muitas fotografias de Pan veem-se rostos sorridentes.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Chove sobre a cidade
Dia de chuva em Wonsan, na costa leste. Aram Pan brinca, afirmando que as pessoas sabem mais sobre o cosmos do que sobre a Coreia do Norte. E acrescenta que deseja contribuir com seu pequeno grão de areia para que isso mude.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
De guarda-chuva no palácio
Estas graciosas meninas são alunas do Palácio de Crianças de Mangyongdae, uma escola perto de Pyongyang. Dança, música, interpretação teatral e desenho são algumas das disciplinas ensinadas na conceituada instituição pública.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Talento genuíno
O fotógrafo de Cingapura conta que esteve cinco minutos observando este garoto desenhar e pode atestar que seu talento é genuíno. Alguns visitantes da página do DPRK 360 no Facebook duvidam da autenticidade das fotografias, que poderiam ser encenadas ou seriam meras atuações para os turistas. Aram Pan assegura que não é o caso.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sensacional coordenação
O famoso Festival Arirang, de que participam até cem mil ginastas, é uma das maiores demonstrações de trabalho coordenado do mundo. A celebração iniciada em 2002, em honra do fundador da nação, Kim Il-sung, é outra das grandes atrações turísticas norte-coreanas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Expressão da normalidade
Perto de Kaesong, cidade famosa por dispor de fábricas de investidores sul-coreanos, Aram Pan viu esta senhora que passeava com uma menina. Ele diz que a imagem expressa exatamente o que desejava mostrar da Coreia do Norte: gente comum e normal.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maravilhas de natureza
Os arredores do monte Kumgang são muito frequentados pelos norte-coreanos, que lá vão para fazer piquenique enquanto admiram a paisagem. A região é umas das grandes apostas do regime: o país aspira transformar-se em polo turístico internacional, e maravilhas naturais como Kumgangsam deverão convencer até os mais céticos.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Vida noturna na capital
À noite, os moradores de Pyongyang tomam o bonde para voltar à casa. Aram Pan enfatiza a misteriosa beleza noturna da cidade, quando o silêncio toma conta dela e as luzes lhe conferem uma atmosfera inigualável.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maior que o de Paris
Construído em 1982 em homenagem ao 70º aniversário do líder Kim Il-sung, o Arco do Triunfo de Pyongyang é uma dezena de metros mais alto do que seu equivalente em Paris, em cuja arquitetura é baseado. Também aqui a escuridão do céu e a iluminação urbana criam um clima mágico.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Um mundo sem política?
Enquanto o sol se põe na capital, vê-se, em primeiro plano, a Torre Juche, enorme obelisco de 170 metros de altura também erguido em 1982 em honra de Kim Il-sung. O fotógrafo Aram Pan não quer saber de conflitos, ideologias ou violações dos direitos humanos: para ele o que conta são as belezas naturais e arquitetônicas da Coreia do Norte, as quais quer mostrar ao mundo em seu projeto DPRK 360.