Apelidada de "vovó nazista", idosa já foi sentenciada diversas vezes por refutar extermínio de judeus. Ela afirma que se trata da "maior mentira da história" e que "nada é verdadeiro" nas câmaras de gás de Auschwitz.
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A alemã Ursula Haverbeck, de 88 anos, foi condenada nesta segunda-feira (16/10) a seis meses de prisão por refutar o assassinato em massa de milhões de judeus na Alemanha nazista. A octogenária, que já recebeu uma série de condenações por negar o Holocausto, foi apelidada pela mídia alemã de "vovó nazista".
Desta vez, a acusação envolveu um evento em Berlim em janeiro de 2016, no qual Haverbeck afirmou que o Holocausto não existiu e que "nada é verdadeiro" nas câmaras de gás do antigo campo de concentração nazista de Auschwitz.
Ela nega a acusação e anunciou que irá recorrer da sentença. A idosa alega que suas palavras foram citações de um livro que ela apresentou na ocasião. O tribunal no entanto, afirmou, com base numa gravação em vídeo, que se tratava de seu próprio discurso.
Haverbeck voltará a será julgada em 23 de novembro em Detmold, no oeste da Alemanha. Ela apelou contra dois veredictos emitidos por um tribunal da cidade depois que ela enviou uma carta ao prefeito e a vários meios de comunicação refutando o genocídio de judeus entre 1941 e 1945. Certa vez, em entrevista à televisão, Haverbeck declarou que o Holocausto foi "a maior mentira da história".
No julgamento em Detmold no início deste ano, Haverbeck desafiadoramente distribuiu a jornalistas e ao juiz um panfleto intitulado "Somente a verdade te libertará". Por meio do texto no panfleto, ela novamente negou as atrocidades cometidas pelos nazistas.
Haverbeck e seu falecido marido, Werner Georg Haverbeck, que era um membro ativo do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP), na época da Segunda Guerra, fundaram um centro educacional de direita chamado Collegium Humanum, que está banido desde 2008. Ela também escreveu para a revista alemã de direita Stimme des Reiches (Vozes do Império, em tradução livre) negando a existência do Holocausto.
"Mentira de Auschwitz"
Em agosto, ela foi condenada a dois anos de prisão devido aos textos publicados na revista. No julgamento, Haverbeck falou de uma "mentira de Auschwitz", alegando que não era um campo de extermínio, mas apenas um campo de trabalho.
Haverbeck também apresentou acusações contra o Conselho Central de Judeus da Alemanha por "perseguir pessoas inocentes".
De acordo com a legislação da Alemanha, a incitação ao ódio é uma infração penal muitas vezes aplicada a indivíduos que negam ou banalizam o Holocausto. O crime prevê entre três meses e cinco anos de detenção. Haverbeck ainda não cumpriu suas sentenças porque apelou de todos os veredictos, com audiências ainda em curso.
PV/ap/rtr/afp/dpa
Dez filmes sobre o Holocausto
A "cinematografia do Holocausto" é composta de uma vasta lista de filmes. Embora transpor o indescritível para imagens em movimento seja uma tarefa altamente complexa, são diversas as tentativas.
Foto: absolut Medien GmbH
Noite e neblina
Filme de 1955 que estreou no Festival de Cannes, "Noite e neblina", dirigido pelo francês Alain Resnais, foi um dos primeiros documentários a se debruçar sobre o Holocausto. Renais e Chris Marker, na época seu assistente, estavam entre os primeiros cineastas a terem um acesso mais amplo aos arquivos do Holocausto em França, Bélgica, Holanda, Polônia e Alemanha.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
Minha luta
Coprodução sueco-alemã de 1960, tem direção de Erwin Leiser (1923-1996), que emigrou aos 15 anos de idade, depois do Pogrom de 1938, para a Suécia, onde se tornaria mais tarde um cronista em imagens das atrocidades do regime nazista. No longa-metragem, o diretor reúne material de arquivo da época, como faria em outros filmes posteriores, em um minucioso trabalho de memória daquele período.
Foto: picture-alliance
Shoah
Obra mais importante sobre a memória do Holocausto, o filme de Claude Lanzmann, de 1985, com 9 horas e meia de duração, foi feito no decorrer de 11 anos. O diretor recusa-se a usar imagens de campos de concentração como fazem os documentários convencionais. O registro do horror acontece através do testemunho de sobreviventes – sejam eles vítimas, algozes ou meros espectadores das atrocidades.
Foto: absolut Medien GmbH
A lista de Schindler
Steven Spielberg contou neste filme de 1993 a história de um empresário que, embora conivente com o regime nazista, acabou salvando a vida de mais de mil judeus. A superprodução americana ganhou sete Oscars, incluindo os de melhor filme e direção, embora tenha sido apontada por parte da crítica como um melodrama que prima por transformar a dor em espetáculo.
Foto: picture alliance / United Archives/IFTN
Exílio em Xangai
O longa-metragem de 1997, de Ulrike Ottinger, é um filme sobre o Holocausto no sentido de documento da fuga e da migração dos judeus para Xangai durante o regime nazista. Com 4 horas e meia de duração, o documentário tem como ponto de partida as lembranças de seis judeus alemães, austríacos e russos, que fugiram para Xangai, um dos únicos lugares com fronteiras abertas até 1943.
Do Leste
Coprodução franco-belga de 1993, o documentário de Chantal Akerman é uma viagem realizada pela diretora passando pelo Leste alemão, Polônia, países bálticos e Rússia. O filme documenta não apenas o deslocamento geográfico da cineasta, mas sobretudo sua busca de um Leste que, embora lhe seja estranho, é a terra de origem de sua mãe judia, nascida na Polônia e sobrevivente de Auschwitz.
Balagan
Uma trupe tenta, na israelense Akko, tratar do Holocausto em um coletivo de teatro que envolve também um palestino. A partir daí, o diretor Andres Veiel busca, neste filme de 1994, descobrir as feridas abertas existentes quando se fala do assunto. O documentário não é um filme sobre sobreviventes, mas sim sobre seus filhos e sobre como eles conseguem lidar com essa herança histórico-familiar.
A vida é bela
Tragicomédia encenada pelo italiano Roberto Benigni em 1999, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e atraiu um imenso público em muitos países. Por ser uma das raras tentativas de abordar o tema dos campos de concentração com humor, teve recepção ambivalente por parte de alguns sobreviventes do Holocausto, que viram aí um perigo de banalização das atrocidades nazistas.
Foto: picture-alliance/dpa
O Pianista
Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2002, o filme de Roman Polanski tem roteiro baseado nas memórias de Wladyslaw Szpilman, músico polonês que testemunha como Varsóvia é tomada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial e cuja família é assassinada no campo de concentração de Treblinka. O próprio Polanski sobreviveu ao Gueto de Cracóvia e perdeu a mãe assassinada em Auschwitz.
Foto: imago stock&people
O filho de Saul
Filme de 2015 do húngaro László Nemes (ex-assistente de Béla Tarr), tem como protagonista um integrante do Sonderkommando (grupo de prisioneiros judeus encarregados de limpar câmaras de gás e remover cadáveres), cuja ideia fixa é enterrar um garoto. Filme claustrofóbico, cujo uso do primeiro plano, os closes exacerbados e a câmera em constante movimento, tira o espectador de sua zona de conforto.