Mãe havia alegado que filha de 9 anos sofreu "discriminação” ao ser recusada por coro de Berlim fundado no séc. 15 e que nunca aceitou meninas. Tribunal recusou queixa e disse que esse é um caso de "liberdade artística”.
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Um tribunal de Berlim entendeu nesta sexta-feira (16/08) que um tradicional coro de meninos da capital não foi sexista ao recusar a candidatura de uma menina de nove anos.
"O padrão acústico de um coral faz parte de sua liberdade artística", disse o juiz responsável pelo caso, que afirmou ainda ter levado em conta evidências suficientes de que um coro de meninos tem um som distinto.
O caso foi levado ao tribunal pela mãe da menina rejeitada. Ela alegou que a filha sofreu "discriminação de gênero” ao ser recusada pelo coral de meninos.
Fundado em 1465 por Frederico 2º, príncipe-eleitor de Brandemburgo, o Coro do Estado e da Catedral de Berlim nunca admitiu uma única menina ao longo dos seus 554 anos de existência.
A instituição se defendeu afirmando que o motivo "predominante" para a rejeição "não girou em torno do sexo" da candidata, mas porque sua voz não "correspondeu às características sonoras desejadas por um coro de meninos".
A administração do coral ainda lembrou que existem outros coros em Berlim que aceitam meninas, mas a mãe argumentou que sua filha não obteria o mesmo grau de treinamento em outros grupos.
Kai-Uwe Jirka, o diretor do coro, que é ligado à Universidade de Artes de Berlim (UdK), também alegou que há diferenças tonais nas vozes de meninos e meninas, e que não faria sentido forçar uma menina a treinar exaustivamente sua voz para que ela soasse como a de um menino. "Por que pais iam desejar isso para sua filha?”, perguntou.
Os administradores do coro também afirmaram que recusaram a candidatura por ceticismo sobre a possibilidade de estabelecer um relacionamento produtivo e de confiança com os pais da menina.
A mãe e a menina ainda podem recorrer.
O caso gerou debates acalorados na mídia alemã sobre tradição, cultura, talento e artes versus igualdade de gênero.
A mãe da menina de nove anos apresentou a queixa em nome da filha e disse que a rejeição foi discriminatória e "inadmissível". Ela também alegou que a decisão infringiu o direito da sua filha à igualdade de oportunidades em uma instituição que recebe fundos estatais.
A advogada da mãe e da menina, Susann Braecklein, disse que a jovem já havia se candidatado para o coral em 2016 e em 2018 e que nas duas ocasiões ela foi rejeitada antes mesmo de passar por um teste.
Ela apresentou uma terceira candidatura e desta vez foi convidada para um teste em março, mas foi rejeitada novamente. Atualmente, o coro treina 250 meninos e 75 adolescentes do sexo masculino.
Os defensores do coral argumentaram que a importância está no tom, não no talento, e que misturar os dois sexos no coro acabaria por destruir seu som tradicional.
Hannah Bethke, colunista do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, disse que "ninguém falou que garotas não podem cantar também". Segundo ela, aqueles que forçarem uma "equivocada igualdade de gênero vão acabar sacrificando um bem cultural".
Já outros permanecem inflexíveis na argumentação de que o caso envolve discriminação e ideais retrógrados.
Abbie Conant, uma trombonista americana que enfrentou discriminação quando começou a tocar com a Filarmônica de Munique em 1980, disse que inúmeros estudos revelam que "até mesmo músicos profissionais não conseguem ouvir a diferença entre um coral de meninos e meninas cantando da mesma forma".
Conant também apontou que coros de meninos em outros países, incluindo o Reino Unido, já aceitaram ambos os sexos sem que isso resultasse em disputas jurídicas.
Com milhares de templos católicos e protestantes adornando praticamente toda cidade do país, é questão de gosto escolher as mais bonitas. A seleção da DW inclui igrejas famosas e outras menos conhecidas.
Foto: DW / Nelioubin
Catedral de Colônia
Terceira maior igreja gótica do mundo, com 157,38 metros de altura, a Catedral de Colônia (Kölner Dom) começou a ser construída em 1248, só sendo concluída 632 anos mais tarde. Abrigando relíquias como os restos mortais dos Reis Magos, ela foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1996. Estima-se que 6 milhões de pessoas a visitem a cada ano.
Foto: picture-alliance/dpa/Berg
Catedral de Speyer
A catedral da cidade de Speyer, na Renânia-Palatinado, é o maior templo românico conservado que existe. Estima-se que o rei e futuro imperador Conrado 2º tenha começado a construção em 1025, com o objetivo de ostentar a igreja de maiores proporções do Ocidente. Ela é Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1981.
Foto: picture-alliance/dpa
Frauenkirche de Dresden
A Igreja de Nossa Senhora (Frauenkirche) de Dresden, é considerada um dos exponentes máximos da arquitetura sacra protestante e do estilo barroco-rococó. Ela foi erguida entre 1726 e 1743, possuindo uma das cúpulas mais altas ao norte dos Alpes. Destruída por bombardeiros aliados ao fim da Segunda Guerra, sua reconstrução durou de 1994 e 2005. Hoje ela é um símbolo da reconciliação pós-guerra.
Foto: imago/Chromorange
Catedral de Aachen
Mais antiga do norte da Europa, a Catedral de Aachen remonta ao século 8º, quando o imperador Carlos Magno mandou construir a capela palatina no balneário romano de Acquae Granni. A atual catedral católica, Patrimônio Cultural da Unesco, se ergue em torno dessa igreja seminal, onde durante seis séculos foram coroados os monarcas do Sacro Império Romano-Germânico.
Foto: Jörg Hempel
Catedral de Berlim
A história do atual templo luterano no Rio Spree remonta ao século 15, mas em sua forma atual a Catedral de Berlim foi erguida entre 1894 e 1905, no estilo neobarroco. Sua Cripta dos Hohenzollern abriga os restos de membros da dinastia real mortos entre 1598 e 1916. Seriamente danificada por bombardeios na Segunda Guerra, os trabalhos de restauração começaram em 1975, só sendo concluídos em 2002.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Catedral de Naumburg
A Catedral de São Pedro e São Paulo de Naumburg, no estado da Saxônia-Anhalt, se converteu em templo protestante em 1542, após a Reforma Luterana. Sua origem, na primeira metade do século 13, a inclui entre as principais representantes do estilo românico tardio daquela região no Leste alemão. Contudo reestruturações e restaurações entre os séculos 16 e 19 modificaram em parte sua aparência.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Förster
Igreja de Wies
A Wieskirche, na Alta Baviera, é um local de peregrinação construído entre 1745 e 1754 para abrigar os numerosos peregrinos atraídos pelo relato de um milagre: em 1738 uma camponesa teria visto uma realista estátua do Cristo martirizado verter lágrimas. Desde 1983 a igreja católica é Patrimônio Cultural da Humanidade.
Foto: DW / Nelioubin
Nossa Senhora de Oberwesel
Mencionada pela primeira vez em 1213, a igreja gótica de Nossa Senhora da localidade de Oberwesel, na Renânia-Palatinado data presumivelmente já do século 12. Por outro lado, a construção atual só foi erguida dois séculos mais tarde. Originalmente situada extramuros, ela foi incluída na fortificação da cidade por volta do ano 1400. A Unesco a declarou Patrimônio Cultural da Humanidade em 2002.
Foto: DW / Nelioubin
Igreja de Schlepzig
A igreja protestante do povoado de Schlepzig, no estado de Brandemburgo, leste da Alemanha, foi construída em estilo enxaimel em 1782, tendo sua fachada sido restaurada em 1991. Ela se situa numa pequena colina, fora do centro histórico da aldeia na pitoresca zona úmida de Spreewald.
Foto: picture alliance/ZB/P. Pleul
Stabkirche de Goslar
O termo alemão "Stabkirche" vem do norueguês "stavkirke" ("igreja de pilares"), um tipo de construção de madeira característico de templos cristãos medievais do Noroeste europeu. Quase todos os exemplares autênticos remanescentes se encontram em solo norueguês. O de Goslar, na Baixa Saxônia, foi erguido entre 1907 e 1908 pelo arquiteto Karl Mohrmann, após uma viagem de estudos à Noruega.