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Enquete

Agências (sm) 30 de junho de 2008

Um estudo sobre a credibilidade das instituições políticas revelou que um terço dos alemães não acredita na democracia. Metade dos entrevistados não pretende ir às urnas nas próximas eleições parlamentares.

Instituições mais afetadas pela perda de confiança são os grandes partidosFoto: dpa

Cada vez mais alemães perdem a confiança na democracia e cogitam não votar nas próximas eleições parlamentares. Um a cada três não acredita mais que a democracia seja capaz de resolver os problemas do país; nos estados da antiga Alemanha Oriental, a porcentagem dos descrentes chega a 53%.

Isso foi o que indicou uma enquete realizada pela Fundação Friedrich Ebert, associada ao Partido Social Democrata, por encomenda do jornal Tagesspiegel am Sonntag.

Quatro de dez entrevistados duvidam de que a democracia ainda funcione. A conclusão que a metade deles tira disso é que não vale a pena votar: um a cada dois não pretende ir às urnas em 2009 para eleger o novo Parlamento alemão.

Descrédito não apenas entre classes mais baixas

Com auxílio do Instituto Polis/Sinus, de Munique, a fundação social-democrata tenta investigar as razões de tal comportamento. "Temo que um terço das pessoas já tenha descartado a democracia", declarou Frank Karl, da Fundação Friedrich Ebert ao jornal berlinense.

Na verdade, essa descrença se manifesta sobretudo entre os desempregados e beneficiários da ajuda social. O estudo realizado com 2,5 mil cidadãos alemães revelou, no entanto, que a crença no sistema político diminuiu dramaticamente de uma maneira geral.

"Isso significa que muita gente teme uma queda social e passa a responsabilizar o sistema por isso", opina o cientista social. "O fracasso pessoal se transforma em afastamento do Estado."

Apenas 62% dos alemães se sentem tratados de forma justa, enquanto um a cada quatro (26%) reclama e se sente tratado injustamente, resume o jornal.

Reflexo do declínio da social-democracia

A enquete também revela uma crescente descrença em um futuro melhor. Apenas 31% são otimistas em relação ao próximo ano. O resto teme perdas financeiras ou um declínio social.

As instituições mais afetadas por essa perda de confiança são os grandes partidos políticos, na opinião de Frank Karl. "Eles devem mostrar lealdade ao sistema e assim já deixaram de atingir pelo menos um terço da população", analisa ele.

Em entrevista ao diário Die Tageszeitung, o funcionário da Fundação Friedrich Ebert se mostrou chocado com o resultado. "O mais assustador para mim é o fato de apenas um quarto dos entrevistados ter mostrado disposição de defender nossa ordem social. Um a cada cinco não moveria uma palha para defender a democracia."

Na opinião de Karl, a confiança na democracia na Alemanha está intimamente ligada ao funcionamento do Estado social: "Quando as pessoas passam a ter a impressão de que este deixou de funcionar, aumenta a dúvida no sistema como um todo".

Muito dessa descrença Frank Karl atribui à incapacidade dos grandes partidos alemães em contextualizar as reformas sociais pelas quais o país vem passando há anos. Fato é que a grande maioria acha que as reformas não podem continuar nessa velocidade.

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