Alemães criticam zagueiros preferidos por Parreira
10 de novembro de 2005![](https://static.dw.com/image/1772692_800.webp)
Os integrantes da zaga da seleção brasileira que atuam no futebol alemão atravessam momentos opostos nesta temporada. Enquanto Lúcio, do Bayern Munique, mantém a tendência de sua própria equipe, com atuações exuberantes, inclusive marcando gols, a dupla de zaga do Bayer Leverkusen, formada por Juan e Roque Júnior, vive uma fase nada confortável.
Os três zagueiros aparecem em praticamente todas as convocações do técnico Carlos Alberto Parreira no ano de 2005. É bem possível que o comandante da seleção mantenha a tendência e convoque novamente o trio para os compromissos do Brasil em 2006, inclusive para a Copa do Mundo.
Em busca do equilíbrio
Faltando menos de sete meses para o início do Mundial, Roque Júnior e Juan integram uma das defesas mais contestadas do futebol alemão e são alvo de críticas constantes de parte da imprensa. A equipe de Leverkusen tenta se estabilizar no Campeonato Alemão, onde está no meio da tabela com 16 pontos, a metade da pontuação do líder, Bayern München, e a sete pontos da zona do rebaixamento.
Os brasileiros da equipe querem superar os momentos difíceis. Juan inclusive marcou um dos gols do time, que venceu o clássico contra o Borussia Dortmund, e espera que a sua atuação no jogo alivie a pressão. "A gente empatou os dois últimos jogos e ganhou este último. Contra o Dortmund, era um confronto direto. Se perdêssemos, iríamos ficar perto dos últimos colocados", explica o jogador aliviado.
Explicações para a má fase
Quando o Bayer foi eliminado na fase classificatória da Copa da UEFA pelo CSKA Sofia, da Bulgária, os comentaristas do canal de esportes DSF não poupavam a zaga. "Podem ser jogadores da seleção brasileira, mas não estão apresentando um bom futebol", diziam os analistas. O pior início de campeonato alemão dos últimos 22 anos resultou na demissão do técnico Klaus Augenthaler.
Para Juan, a dupla de zaga foi questionada, porque pegou a carona de todo o time, que começou mal a temporada. "Já projetávamos isto. O grupo é bom, mas ainda faltam peças de reposição". Para o zagueiro brasileiro, muitos jogadores são jovens e outros nunca atuaram na Primeira Divisão.
Os piores momentos
Mesmo com o técnico Michael Skibbe assumindo a equipe, a má fase dos zagueiros continuou, na opinião da imprensa alemã.
O jornal Die Welt foi brando com Athirson, companheiro de Juan e Roque Júnior, mas não poupou os zagueiros do Leverkusen. "Enquanto não se encontra um melhor posicionamento para Athirson, parece que os outros brasileiros (Juan e Roque) demonstram apatia para sair da mediocridade", criticou o jornal de Berlin, após a eliminação do time de Leverkusen na Copa da Alemanha diante do Hamburgo, por 3 a 2.
Na partida, Juan errou a bola ao tentar afastá-la e Serguej Barbarez aproveitou e desempatou o jogo (2 a 1). "Em dois ou três jogos, houve gols que poderíamos ter evitado. Eles esperam muito de nós por sermos da seleção brasileira e quando as coisas não vão tão bem, nos criticam. Mas a gente sabe da importância que tem para o time. Até procuramos fazer muito mais do que devemos para o Leverkusen", diz o jogador.
Após a eliminação contra o Hamburgo, o técnico Skibbe resistiu à pressão dos que pediam a retirada de Juan da equipe. "Eu não vou tirar Juan do time e não posso culpá-lo pelo lance", respondia o treinador à imprensa.
A convicção de Parreira
Esta instabilidade parece não preocupar o técnico da seleção brasileira. Parreira mostrou convicção convocando os zagueiros que atuam na Alemanha para os amistosos contra Emirados Árabes e All Star Time/Kwait Sport Club, nos próximos dias 12 e 14 de novembro.
Se, por um lado, os brasileiros do Leverkusen atravessam má fase, o outro zagueiro da seleção que atua na liga alemã permanece sendo admirado. Em todos os jogos da seleção em 2005, Lúcio, do Bayern Munique, só não atuou contra a Guatemala, na despedida de Romário, e contra Bolívia e Argentina, quando cumpriu suspensão por ter sido expulso na partida anterior das Eliminatórias contra o Paraguai.
Coincidência ou não, o jogo em que o Brasil mais levou gols neste ano, contra a Argentina, no Monumental de Nuñez (3 a 0 no primeiro tempo), foi o único em que a dupla de zaga do Leverkusen foi escalada para iniciar um confronto.
Juan atuou em nove dos 15 jogos da seleção e Roque Júnior esteve em oito. Ambos, na maioria das vezes, formaram a zaga com Lúcio. "Vamos aproveitar a pausa do jogo da seleção para procurar tranqüilidade", explica Juan.
Em entrevista à DW-WORLD, ele aproveitou também para rebater as críticas à zaga em jogos da seleção. "Em outras seleções [brasileiras] a defesa foi questionada. Temos jogadores excepcionais do meio-campo para a frente, que, às vezes, nos sobrecarregam lá atrás. A gente tem que trabalhar mais isto e fazer o melhor para a seleção. Toda a vez que a atual zaga foi exigida, se saiu bem", explicou o jogador, que agora aproveita a chegada de seu primeiro filho João Lucas, de três meses, à Leverkusen, para buscar o equilíbrio.