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Alemães e franceses avaliam risco de pandemia do coronavírus

18 de fevereiro de 2020

Cientistas alemães questionam dados oficiais chineses, e ministro da Saúde da França alerta para "risco verossímil" de disseminação global da Covid-19. Cerca de 780 casos já foram confirmados fora da China continental.

Médicos com vestimentas especiais na China
Para especialistas alemães, casos de coronavírus contabilizados pelo governo chinês não refletem real número de infecçõesFoto: picture-alliance/AP/Chinatopix

Cientistas alemães questionaram a exatidão dos dados oficiais oferecidos pela China sobre as infecções pelo coronavírus causador da doença Covid-19. Em um evento em Berlim nesta segunda-feira (17/08) alguns dos principais especialistas do país avaliaram as medidas adotadas para conter o surto da doença e a possibilidade de ela se tornar uma pandemia.

O número de infecções divulgado pelo governo chinês deve ser analisado com cuidado, avaliaram os cientistas. "Estas são tendências", disse Lothar Wieler, presidente do Instituto Roberto Koch (RKI), agência de controle e prevenção de doenças do governo alemão.

Segundo Christian Drosten, do hospital universitário Charité, em Berlim, os dados refletem a capacidade do sistema de relatar os casos, e não necessariamente os números reais. Ele acredita que muitas infecções sequer são registradas.

Na China, a taxa de mortalidade oficial é de 2%, enquanto nos casos tratados em outros países é de 0,2%. Segundo Wieler, isso se deve ao fato de que apenas os pacientes com sintomas graves serem examinados e tratados nos hospitais chineses. Para o especialista, os dados reais seriam mais próximos dos 0,2% observados fora da China.

Drosten observou que caso uma onda de infecções atinja a Alemanha haverá sem dúvida uma sobrecarrega no sistema de saúde do país e longas filas nos hospitais. Entretanto, não esta claro se a situação poderia de fato chegar a esse ponto e em que intensidade iso ocorreria.

A Alemanha teve até o momento 16 casos da doença confirmados, todos eles na Baviera, após o vírus se espalhar em uma empresa por meio de uma funcionária que ministrou um treinamento poucos dias após chegar ao país, vinda da China.

Wieler avalia que nos países europeus de renda mais baixa, uma crise gerada pelo coronavírus iria resultar em enormes desafios aos sistemas de saúde.

Ele afirma que entidades de saúde nas nações mais desenvolvidas do continente já proporcionam o envio de materiais de diagnóstico para as regiões mais pobres, para reforçar a capacidade de detecção. Especialistas internacionais também oferecem treinamento para profilaxia, especialmente em hospitais.

Wieler avalia que os esforços de contenção do surto fora da China vêm obtendo êxito. Na Alemanha, os médicos tentam evitar que uma possível pandemia de Covid-19 coincida com a atual onda da gripe influenza no país.

"Em algum ponto, provavelmente acontecerá de infecções não registradas surgirem repentinamente", alertou Drosten, destacando que as possibilidades de contenção são limitadas.

Segundo os especialistas, não está claro com qual velocidade o coronavírus se espalha e para quantas pessoas em média um indivíduo infectado pode transmitir a doença. Com essas informações, os médicos poderiam fazer previsões mais precisas e saber, por exemplo, se o vírus pode de fato se espalhar gradualmente pelo globo ou se manifestar em ondas de infecção.

O novo ministro da Saúde da França, Olivier Veran, afirmou nesta terça-feira que há um "risco verossímil" de o surto iniciado na China se tornar uma pandemia, se espalhando pelo mundo. Ele avalia que seu país está preparado para lidar com todas as possibilidades e que o sistema de saúde é suficientemente reforçado e bem equipado.

A França teve 12 casos da doença diagnosticados, sendo que quatro pacientes ainda estão internados. O país teve a primeira morte pelo coronavírus na Europa na semana passada, com o falecimento de um turista chinês de 80 anos.

O coronavírus já matou mais de 1,8 mil pessoas e infectou mais de 72 mil apenas na China desde dezembro. A doença já foi detectada em quase 30 países e territórios.

Fora da China continental, cerca de 780 casos já foram confirmados, na maioria, de pessoas que viajaram a cidades chinesas, com cinco mortes registradas – no Japão, na França, nas Filipinas, em Hong Kong e em Taiwan.

O número de infecções registradas em um dia na China continental caiu pela primeira vez para menos de 2 mil nesta terça-feira, o que não acontecia desde o dia 30 de janeiro. 

O chefe de um dos principais hospitais em Wuhan – cidade chinesa considerada o epicentro do surto de Covid-19 – morreu nesta terça-feira em razão da doença. Liu Zhiming, diretor do hospital Wuhan Wuchang, que trata somente das infecções pelo coronavírus, se tornou o sétimo profissional de saúde chinês a morrer em consequência do surto.

RC/rtr/afp/dw

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