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Alemães esperam futebol-samba do Brasil

Geraldo Hoffmann27 de junho de 2005

Final contra a Argentina é última chance para mostrar o que torcedores e comentaristas esportivos alemães esperam do Brasil na Copa das Confederações: futebol-samba.

Ronaldinho (d) tem tido pouco espaço para dançar com a bolaFoto: AP

Quem pôs a pedra da crítica a rolar foi Sócrates. Antes mesmo do pontapé inicial da Copa das Confederações, o "filósofo do futebol brasileiro" – como é chamado pela imprensa alemã – disse ao semanário Welt am Sonntag que o estilo de jogo do Brasil é "demasiado conservador. O atual time oferece um pouco mais de arte do que os vencedores das Copas de 1994 e 2002, mas ainda é muito europeu".

Com a crítica, Sócrates parece ter acordado uma geração de nostálgicos, torcedores e comentaristas de futebol, que sentem saudades do tempo em que o "filósofo" era capitão da seleção brasileira. "Samba mesmo, eu não vi em campo", é um comentário freqüente depois dos jogos do Brasil.

"Saudade do carnaval", foi uma das manchetes do renomado jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) durante o torneio intercontinental, lembrando uma outra frase de Sócrates: "Nós manifestamos nosso sentimento através do futebol."

A equipe de Sócrates, Zico e Alemão realmente deixou saudades, mas fracassou diante dos europeus, frios, calculistas, da Itália em 1982 e da França em 1986. "Desde então, o mundo sonha com o renascimento do velho Brasil, do futebol que, com magia tropical, transforma um jogo em carnaval. É uma ilusão, talvez, necessária para suportar o moderno futebol", escreve o cronista do FAZ.

Por ocasião da Copa das Confederações, o FAZ lançou até um DVD especial com o título "Brasil – Elegância e Honra". Foi o primeiro da série "Fascinação Futebol", que mostra 100 anos de história deste esporte.

O documentário lembra mais uma vez os dribles e passes geniais de Sócrates e companhia, que emocionaram a torcida nos estádios europeus e mexicanos. Os gênios da bola só tiveram um problema: voltaram para casa de mãos vazias. O sucesso medido em títulos só voltou quando a seleção passou a jogar "feio". Daí veio o tetra em 1994 e o penta em 2002.

As últimas Copas mostraram que o futebol defensivo, centrado na disciplina, voltado apenas para o resultado, está em moda. A ordem é destruir jogadas em vez de mostrar criatividade. A globalização das equipes nacionais nivela até mesmo os esquemas táticos. Nesse sentido, não houve nenhuma surpresa até agora na Copa das Confederações.

"Chegamos ao limite da capacidade técnica", diz Rinus Michels, inventor do "futebol total" dos holandeses na Copa de 1974 na Alemanha. E isso está sendo documentado também no atual torneio intercontinental, em que foram raríssimos os momentos em que o futebol-samba reapareceu em campo. As muralhas defensivas da Grécia, do Japão, México e da Alemanha deram pouco espaço para dançar com a bola. Samba? Só nas arquibancadas.

A final contra a Argentina, nesta quarta-feira (29/06) em Frankfurt, é a última chance neste torneio sob temperaturas tropicais para o "quarteto mágico" brasileiro – Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Adriano e Robinho – mostrar que o futebol-samba ainda vive. Ou será que os nostálgicos alemães já podem começar a ensaiar tango argentino?

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