Alemães estão mais receptivos a imigrantes, aponta estudo
6 de março de 2015
Pesquisa indica maior abertura da população com relação a estrangeiros, como reflexo da demografia e da falta de mão de obra. Mas metade dos moradores do leste do país ainda vê com desconfiança quem vem de fora.
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A imigração foi por muito tempo um tema marginal na Alemanha, mas a demografia e a demanda por mão de obra mudaram o foco das discussões no país. Há anos, o número de imigrantes vem crescendo, e a população está mais aberta a eles, segundo uma pesquisa realizada com 2 mil alemães e divulgada nesta sexta-feira (06/03).
"Cerca de 10% a mais de alemães – tanto entre a população, como entre os que trabalham em repartições estatais – são mais abertos a imigrantes do que eram antes de 2012", diz Franco Zotta, um dos coordenadores do estudo, encomendado pela Fundação Bertelsmann.
A mudança de percepção é atribuída, sobretudo, ao fato de a escassez de mão de obra qualificada e as mudanças demográficas serem percebidas como problemas pela sociedade alemã. "A imigração é uma das poucas possibilidades de responder rapidamente a esses problemas", ressalta Zotta em entrevista à DW.
De acordo com o estudo, imigrantes não são, portanto, mais vistos apenas como uma força de trabalho útil, mas também como novos cidadãos do país. A tendência segue a linha do lema de imigração canadense, que diz "immigration is about citizenship – not just about labour" ("imigração tem a ver com cidadania, não apenas com trabalho").
A imigração foi vista na Alemanha como um problema durante muito tempo. Agora, o medo de uma "estrangeirização", a preocupação com uma sobrecarga do Estado de bem-estar social e temores de que os imigrantes provoquem um aumento da criminalidade podem estar sendo superados, segundo a pesquisa.
Boas-vindas no oeste, reservas no leste
Quase meio milhão de imigrantes chegou à Alemanha em 2013, número inferior apenas ao total de migrantes registrados nos Estados Unidos. Um a cada três imigrantes de países da União Europeia (UE) vai para os estados alemães da Baviera, de Hessen e da Turíngia.
Entretanto, a atração que a Alemanha exerce sobre imigrantes é vista de maneira mais crítica no leste do que no oeste da Alemanha. Quase metade dos cidadãos do leste alemão diz que imigrantes não são bem-vindos. Entre a população alemã ocidental, apenas um terço dos entrevistados tem essa opinião.
Zotta atribui isso especialmente à falta de contato com outras culturas. "Cerca de 96% das pessoas que têm histórico familiar de migração vivem no oeste da Alemanha, e somente 4% moram no leste do país."
Zotta acredita que esse aspecto seja especialmente problemático, "porque o leste alemão é especialmente dependente de imigrantes, devido ao declínio populacional".
Na opinião dos autores do estudo, os efeitos das alterações demográficas estão sendo subestimados. A pesquisa aponta que 28% dos entrevistados acreditam que, sem imigrantes, a população alemã vá encolher no máximo em um milhão de pessoas ao longo das próximas décadas. O governo alemão prevê uma redução de 20 milhões de pessoas até 2060.
Burocracia deve diminuir
Para a imigração e a integração serem bem-sucedidas, o estudo propõe que as autoridades alemãs não façam apenas requisições aos recém-chegados. Cerca de 80% dos entrevistados são a favor de uma diminuição da burocracia, sendo facilitado o reconhecimento de diplomas universitários, escolares e de cursos profissionalizantes estrangeiros.
A maioria também deseja que o Estado tenha um papel mais flexível em relação a possibilitar que imigrantes tenham o direito de trazer seus parentes. A permissão da dupla cidadania, frequentemente discutida, também está entre os possíveis incentivos para atrair imigrantes de forma permanente.
Dez motivos para amar a Alemanha
A Alemanha é um dos destinos turísticos mais procurados da Europa. E o país é cada vez mais popular. Cerveja, futebol e belas florestas e castelos podem ser a explicação.
Foto: picture-alliance
Cerveja, cerveja, cerveja
Existe o clichê de que ninguém bebe mais cerveja do que os alemães. O que não é verdade, pois, em média, os vizinhos austríacos e tchecos consomem muito mais. Mas quando se trata da qualidade da cerveja, as cervejarias alemãs são imbatíveis e têm sido assim por cerca de 500 anos, graças à Lei da Pureza alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Berlim é sexy
A capital alemã recebeu 11 milhões de visitantes somente em 2013, e o número de turistas não para de crescer. A maioria deles são jovens em busca de agito. Eles podem ter como objetivo levar um pouco da alegria de viver berlinense para casa, vivenciar a história ao passar por monumentos, andar de skate numa pista de um aeroporto desativado ou apenas relaxar num bar descolado.
Foto: Svea Pöstges
Além do chucrute
Os alemães adoram suas especialidades regionais, de "Eisbein" (joelho de porco) com chucrute ou couve com salsicha, conhecido como "Pinkel". Eles apreciam sua comida substanciosa, mas também gostam de provar novos sabores. As grandes cidades alemãs são repletas de opções gastronômicas. Até mesmo os veganos têm vez, e ganharam o primeiro supermercado dedicado a eles do país em Berlim.
Foto: Jörg Beuge - Fotolia.com
Florestas míticas
Os alemães têm uma relação muito especial com suas florestas, o que é compreensível, já que um terço do país é coberto por elas. A Alemanha é campeã em florestas na Europa. Um passeio pela mata permite relaxar, observar a troca das estações e renovar as energias.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte
Paixão por futebol
Quem acha que os alemães são pouco emotivos nunca passou um domingo à tarde num estádio de futebol ou bar com telão do país. Quase nenhuma outra situação une alegria e sofrimento como um jogo da Bundesliga. Os melhores momentos são aqueles como a recente final da Copa do Mundo no Brasil, quando o país inteiro ficou em festa.
Foto: picture-alliance/AP
De Beethoven a techno
Pátria de Bach e Beethoven, a Alemanha costuma ser associada à música clássica. Mas o país também é terra da música techno, que alcançou o auge de sua popularidade nos anos 1990, sobretudo em Berlim. A música eletrônica alemã é conhecida mundo afora. E quem ainda gosta dessas batidas tem diversão garantida em clubes berlinenses como Berghain e Watergate.
Foto: picture-alliance/dpa
Castelos e palácios
Há milhares de castelos e palácios na Alemanha, mas o Neuschwanstein, na Baviera, é o mais conhecido. Até mesmo Walt Disney se deixou inspirar e decidiu usar a silhueta do castelo como logotipo de sua produtora. Cerca de 1,4 milhão de turistas visitam o Neuschwanstein a cada ano para ver seus esplêndidos aposentos, incluindo o famoso Salão dos Cantores.
Foto: DW/M. Roddewig
Autobahn
Quem nunca sonhou em dirigir em alta velocidade e deixar todo mundo para trás? Isso é possível numa "Autobahn" (autoestrada) da Alemanha. Mas muitos trechos, que limitam a velocidade a 120 quilômetros por hora, e tráfego intenso impedem que se dirija com rapidez continuamente.
Foto: picture alliance/zb
"Gemütlichkeit" alemã
Trata-se de um termo do idioma alemão como "Zeitgeist" ou "Wanderlust": único e, portanto, quase impossível de se traduzir. "Gemütlichkeit" descreve um estado de espírito alegre e confortável ao mesmo tempo. E os alemães podem se sentir assim, em casa, seguros no aqui e agora, tanto em meio a centenas de pessoas num "Biergarten" quanto sozinhos no topo de uma montanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Mercados de Natal
Hoje em dia, os mercados de Natal no estilo alemão são encontrados em todo o mundo. Mesmo que muitos reclamem dos dias escuros e das baixas temperaturas no período do Advento, o "Glühwein" (vinho quente) vendido nos mercadinhos é delicioso. E todas as tradições que envolvem luzes e velas, como a pirâmide natalina, esquentam os corações e os lares alemães.