Alemães faltaram ao trabalho 668 milhões de dias por doença
12 de dezembro de 2018
Só em 2017, Alemanha registra 107 milhões de ausências por doenças psíquicas e mais de 70 mil aposentadorias por invalidez profissional. A perda auditiva por excesso de ruídos liderou a lista de doenças computadas.
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Empregados na Alemanha não foram trabalhar por questões médicas em, somados, 668 milhões de dias úteis em 2017, segundo um estudo entregue ao governo alemão nesta quarta-feira (12/12). Os setores mais afetados foram a produção industrial, a construção civil e a educação.
Funcionários da produção industrial tiveram em média 20,6 dias de ausência em 2017 por questões médicas, seguidos por trabalhadores da construção civil, com 19,5 dias, e por educadores e professores, com 19,4 dias.
Os cerca de 668 milhões de dias úteis perdidos de trabalho de 2017 representam uma leve queda em relação ao ano de 2016, que registrou 675 milhões de dias.
O estudo analisou condições e exigências do trabalho exercido e as consequências dele e apontou quais doenças e acidentes relacionados à função profissional existem e em qual escala.
Do total, 107 milhões de dias de ausências foram consequência de doenças psíquicas, como depressão e burn-out, gerando perdas de produção de cerca de 12,2 bilhões de euros. Dez anos atrás, a soma de dias de ausência do trabalho por essas questões estava em 48 milhões.
Segundo o relatório, 71.303 pessoas se aposentaram precocemente por invalidez profissional em 2017 por causa de alguma doença mental. Com isso, problemas psíquicos foram também a principal causa de saídas antecipadas do mercado de trabalho, bem à frente de doenças musculares, esqueléticas e circulatórias.
Em 2017, a mais comum das 21.772 doenças reconhecidas como ocupacionais foi a perda auditiva por excesso de ruídos (6.849 casos), seguido pelo câncer de pele devido à radiação ultravioleta (5.318 casos). Além disso, 3.706 pessoas foram afetadas com câncer causado por amianto. No ano, 2.609 profissionais assegurados por planos de saúde morreram em resultado de uma doença ocupacional.
"Muitas empresas ainda não compreenderam que locais de trabalho modernos, com computadores, também podem levar ao estresse e a doenças", disse o vice-ministro alemão do Trabalho, Björn Böhning, que criticou a falta de sensibilidade necessária. "Acima de tudo, a pressão do tempo, a acessibilidade constante e a diversas vezes reclamada insegurança devido a empregos temporários sobrecarregam muitos trabalhadores."
Segundo o estudo, apenas 34% dos funcionários dos quais se espera estarem sempre disponíveis conseguem se desligar do trabalho e relaxar em seu tempo livre. Nos outros casos, o percentual chega a 55%.
A porta-voz para assuntos de direitos trabalhistas do Partido Verde, Beate Müller-Gemmeke, exigiu que o governo tome providências em relação ao estresse. Ela pediu uma regulamentação que esclareça como empregadores e conselhos de empresas podem desenvolver soluções para combater "qualquer forma de estresse".
"Além disso, é preciso acabar com as relações precárias e inseguras de emprego", disse Müller-Gemmeke. "Os funcionários precisam de segurança social e condições de trabalho que não os deixem doentes."
O estudo diz ainda que o número de acidentes fatais em ambiente de trabalho aumentou ligeiramente em relação a 2016 – foram 564 casos, um aumento de 1,3%. Em contrapartida, o número de acidentes reportados diminuiu 0,5% em 2017 para 954.627 casos.
PV/afp/kna
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Até a Idade Média, o trabalho tinha má reputação. Então Martinho Lutero o pregou como dever divino. Hoje, robôs ameaçam substituir a mão de obra humana, mas esta pode ser uma oportunidade positiva para os humanos.
Ócio como ideal
Entre os pensadores da Grécia Antiga, trabalhar era malvisto. Aristóteles colocava o trabalho em oposição à liberdade ,e Homero via na ociosidade da antiga nobreza grega um objetivo desejável. O trabalho pesado era para mulheres, servos e escravos.
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Quem faz festa não trabalha
Na Idade Média, trabalhar na agricultura era uma tarefa árdua. Quem era obrigado a trabalhos forçados por seus patrões, não tinha escolha. Mas, quem a tinha, preferia fazer festa e não se preocupar com o amanhã. Pensar em algum tipo de lucro era considerado vício. Uma cota de até cem dias livres por ano servia para garantir que o trabalho não ficasse em primeiro plano.
Foto: Gemeinfrei
Trabalho como ordem divina
No século 16, Martinho Lutero declarou a ociosidade um pecado. O homem nasce para trabalhar, escreveu Lutero. Segundo ele, o trabalho é um "serviço divino" e ao mesmo tempo "vocação". No puritanismo anglo-americano, o trabalho é visto como um sinal de que quem o executa foi escolhido por Deus. Isso acelerou o desenvolvimento do capitalismo.
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A serviço das máquinas
No século 18, começou a industrialização na Europa. Enquanto a população crescia, diminuía o espaço cultivável. As pessoas migraram para as cidades em busca de trabalho em fábricas e fundições. Em 1850, muitos ingleses trabalhavam 14 horas por dia, seis dias por semana. Os salários mal davam para sobreviver. Descobertas como a máquina a vapor e o tear mecânico triplicaram a produção.
Otimização da linha de montagem
No início do século 20, Henry Ford aperfeiçoou o trabalho na linha de montagem da indústria automobilística, estabelecendo padrões para a indústria em geral. Com isso, a produção do Ford modelo T foi facilitada em oito vezes, o que baixou o preço do veículo e possibilitou salários mais altos aos funcionários.
Surge uma nova classe
Com as fábricas surge uma nova classe: o proletariado. Para Karl Marx, que cunhou este termo, o trabalho é a essência do homem. O genro de Marx, o socialista Paul Lafargue, constatou em 1880: "Um estranho vício domina a classe trabalhadora em todos os países (...) é o amor ao trabalho, um vício frenético, que leva à exaustão dos indivíduos". O cartaz acima diz: "Proletários do mundo, uni-vos"
Produção barateada
Ao longo do século 20, aumentaram significativamente os custos sociais com os trabalhadores nas nações mais ricas do mundo. Como resultado, as empresas transferiram a produção para onde a mão de obra é mais barata. Em muitos países pobres prevalecem até hoje circunstâncias que lembram o início da industrialização na Europa: trabalho infantil, salários baixos e falta de segurança social.
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Novas áreas de trabalho
Enquanto isso, são criados na Europa mais empregos no setor de prestação de serviços. Cuidadores de idosos são procurados desesperadamente. Novos campos de trabalho estão se abrindo como resultado das transformações sociais e dos avanços tecnológicos. Com o passar do tempo, a jornada de trabalho foi reduzida e o volume de trabalho per capita diminuiu 30% entre 1960 e 2010.
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Trabalhar, nunca mais?
Eles não fazem greve, não exigem aumento salarial e são extremamente precisos: os robôs industriais estão revolucionando o mundo do trabalho. O economista americano Jeremy Rifkin fala até de uma "terceira revolução industrial" que irá acabar com trabalho assalariado.
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Robôs vão nos substituir?
Esta pergunta já é feita desde que a automação chegou às fábricas, mas agora a situação parece se acirrar. Com o avanço da digitalização, da Internet das Coisas e da Indústria 4.0, muitas ocupações estão se tornando obsoletas – e não só na indústria.