Alemães gostam de pagar impostos – os brasileiros, não
3 de janeiro de 2019
Estudo publicado pela ONU revela que os cidadãos da Alemanha são os que melhor aceitam pagar taxas para financiar bens públicos, como saúde e educação. Brasil aparece do lado oposto do ranking.
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Os alemães são o povo que melhor aceita o pagamento de impostos para financiar bens públicos, segundo revelou um estudo publicado nesta quinta-feira (03/01) pelas Nações Unidas. Os brasileiros, por outro lado, estão entre os menos satisfeitos em ter que pagar taxas.
A pesquisa, realizada pelo Basel Institute of Commons and Economics, na Suíça, mostrou, numa escala de 1 a 10, o nível de aceitação dos cidadãos de 14 países em pagar impostos que serão convertidos em infraestrutura, saúde, educação e outros bens.
Os cidadãos da Alemanha aparecem em primeiro lugar, com a pontuação 7, sugerindo que o pagamento de taxas é feito de bom grado no país.
Em seguida aparecem Camboja (6,7), Áustria (6,4), Kosovo (5,6), Bangladesh (5,5), Afeganistão e Paquistão (ambos com 5,2). Também foram publicados os resultados de Nepal (4,9), Bósnia-Herzegovina (4,7), Albânia (4,5), Sérvia (4,1) e Montenegro (3,9).
Os brasileiros aparecem em penúltimo lugar, com a pontuação de 3,4, ficando à frente apenas dos cidadãos da Macedônia, cujo nível de aceitação a impostos foi de 3,2.
O instituto suíço calculou os resultados nacionais com base numa pesquisa realizada com mais de 16 mil entrevistados em 141 países. Os questionários foram aplicados ao longo de três anos com ajuda de universidades e organizações não governamentais.
Os participantes da pesquisa tiveram de responder, também numa escala de 1 a 10 e levando em conta sua própria opinião, o quão as pessoas de seu país "aceitam pagar impostos e contribuições para financiar bens públicos".
Os resultados completos do estudo, com as pontuações dos 141 países envolvidos, devem ser publicados em março, informou o instituto.
A pesquisa vem num momento em que os parlamentares alemães pressionam o governo a aumentar o investimento público ou promover um corte nos impostos, em meio a um excedente no orçamento que ultrapassou 48 bilhões de euros nos primeiros seis meses de 2018, graças ao forte crescimento econômico e o baixo desemprego na Alemanha.
Criminalidade, novas guerras, desemprego, pobreza na velhice, refugiados, atentados terroristas, mudanças climáticas. Entre esses temas, pesquisa quis saber quais dão mais medo nos alemães.
Foto: Reuters/S.Zhumatov
7° lugar: Desemprego
O instituto Emnid entrevistou os alemães quanto a seus receios diante de sete temas, que vão da criminalidade ao desemprego. Em média, somente 33% dos entrevistados disseram ter medo de perder o emprego. Entre as mulheres, essa cifra é maior (40%), como também entre os cidadãos do Leste alemão (37%). Mesmo assim, o desemprego é lanterninha entre os temores dos alemães.
Foto: Imago/mm images/Neudert
6° lugar: Refugiados
Afluxo de refugiados ocupa somente penúltimo lugar entre medos dos alemães: em média, 45% dos entrevistados mencionaram preocupação com entrada de migrantes. Entre as mulheres, esse temor é mais elevado (49%). A surpresa ficou por conta do Leste alemão: em média, só 43%. Há também diferenças de orientação política: o tema é o que mais preocupa eleitores da legenda populista de direita AfD (90%).
Foto: picture alliance/dpa/NurPhoto/C. Marquardt
5° lugar: Pobreza na velhice
Entre os sete temas apresentados, a pobreza na velhice preocupa em média 59% dos alemães. Nos estados do Leste, o receio é um pouco menor (57%). Essa cifra, no entanto, eleva-se entre as mulheres: 64%. Já quanto às diferenças de orientação política dos entrevistados: 71% dos eleitores do partido A Esquerda responderam que tinham medo de envelhecer pobres.
Foto: picture-alliance/dpa
4° lugar: Criminalidade
Em média 62% dos mil entrevistados pelo instituto de pesquisa de opinião Emnid expressaram receios em torno da segurança, o que faz com que a criminalidade ocupe o quarto lugar entre os temas sugeridos. Entre as mulheres (65%), no Leste alemão (68%) e entre os eleitores da legenda populista de direita AfD (84%), o tema gera mais preocupações.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Rumpenhorst
3° lugar: Atentados terroristas
O medo de ataques terroristas na Alemanha, um tema que também gira em torno de segurança, ocupa a terceira posição entre os medos dos entrevistados pelo Emnid. Em média, 63% disseram se preocupar com possíveis atentados no país. Mais uma vez, entre as mulheres (70%), nos estados do Leste alemão (72%) e entre eleitores da AfD (72%), esse temor é mais acentuado.
Foto: picture-alliance/Geisler-Fotopress
2° lugar: Novas guerras
Guerra na Síria e no leste ucraniano, tensões na Península da Coreia: o mundo parece estar mais complexo e mais violento. Isso explica, possivelmente, por que em média 65% dos cidadãos alemães entrevistados disseram temer a eclosão de novas guerras. Novamente, esse temor é mais acentuado entre as mulheres (70%). Já nos estados da antiga Alemanha Oriental, essa média permaneceu inalterada.
Foto: picture alliance/AP Photo
1° lugar: Mudanças climáticas
Em vez da entrada de refugiados ou da perda de emprego, o grande medo dos alemães são as mudanças climáticas – em média, 71% deles disseram temê-las. Entre as mulheres e nos estados do Leste alemão, o tema preocupa até mesmo 76% dos entrevistados. O tópico, no entanto, é menos amedrontador para eleitores de A Esquerda (58%) ou da ultradireitista AfD (57%).