Para 71% da população, risco de ataques por parte da extrema direita é alto. Em relação a atos de radicais islâmicos, percentual é de 60%. Dois terços acreditam que Estado alemão é tolerante demais com neonazistas.
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Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (05/07) pela rede ARD apontou que 71% dos alemães consideram que o perigo de ataques terroristas por parte de militantes de extrema direita, entre eles neonazistas, é alto ou muito alto. A porcentagem supera o temor associado a islâmicos radicais – 60% – e também ultrapassa a percepção em relação a possíveis ataques de militantes de extrema esquerda, temidos por 41%.
A pesquisa foi elaborada quatro semanas após o assassinato do político conservador Walter Lübcke, crime que chocou a Alemanha e foi atribuído a um militante de extrema direita ligado a grupos neonazistas. O homem confessou o assassinato.
O último ataque de envergadura cometido por jihadistas na Alemanha ocorreu em dezembro de 2016, quando um tunisiano que jurou lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico (EI) matou 12 pessoas.
A pesquisa também mostrou que 66% dos alemães consideram que o Estado é tolerante demais com neonazistas e radicais de extrema direita. E 65% acreditam que os serviços de segurança do Estado deveriam receber poderes adicionais para monitorar comunicações e redes sociais na internet para combater o extremismo.
Outro ponto do levantamento aponta ainda que 67% demonstram preocupação com a possibilidade de que neonazistas possam mudar a estrutura do Estado alemão – seis pontos percentuais a mais do que em uma pesquisa de 2011.
Esse aspecto da pesquisa registrou uma variação significativa entre os entrevistados de acordo com sua preferência partidária. Entre os eleitores do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), apenas 17% manifestaram essa preocupação. Entre os eleitores dos Partido Verde, são 75%.
A pesquisa apontou ainda que 65% dos alemães consideram que posições de extrema direita vêm se tornando mais aceitáveis socialmente na Alemanha. Novamente, houve um contraste entre eleitores da AfD e dos verdes. Entre os primeiros, 48% concordaram com a premissa, enquanto 80% dos apoiadores dos verdes concordaram.
Os eleitores da AfD do Partido Verde só registraram mais concordância quando questionados sobre a possibilidade de conceder poderes adicionais ao Estado para monitorar a internet: 54% dos eleitores do partido de direita concordaram, e entre os verdes, foram 57%. Ambos os grupos ficaram abaixo da porcentagem nacional, de 65%
O levantamento ouviu 1.006 pessoas entre os dias 1° e 2 de julho.
Salvamento de migrantes
A ARD também divulgou outra pesquisa, desta vez sobre como os alemães encaram ações de salvamento de migrantes em perigo no Mar Mediterrâneo, assunto que ganhou destaque após a detenção – e posterior soltura – da ativista e capitã alemã Carola Rackete, do navio Sea-Watch 3, que desafiou uma proibição do governo da Itália e aportou no país com 40 migrantes resgatados.
Segundo a ARD, quase três quartos (73%) dos alemães consideram que ativistas como Rackete não deveriam ser processados pelo Estado por salvarem migrantes em situações de perigo.
De acordo com a pesquisa, 72% veem positivamente o trabalho de ONGs que efetuam resgastes no Mediterrâneo. Apenas 27% concordaram que a Itália tem o direito de negar acesso aos seus portos para navios que se dedicam a esse tipo de resgate – 70% preferem que esse não seja o caso.
Entre os eleitores da AfD – partido que registrou recentemente 13% de intenções de voto em nível nacional – as respostas foram contrastantes com a média alemã da pesquisa: 68% acharam correto que a Itália tenha negado ao Sea-Watch 3 acesso aos seus portos. Outros 65% se mostraram céticos em relação ao trabalho desse tipo de ONG, e 46% acreditam que os responsáveis pelos salvamentos deveriam ser processados.
JPS/ots
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Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.