Seguindo exemplo da Itália, músicos da Alemanha aparecem em janelas e varandas de várias cidades, fazendo ressoar "Ode à alegria" em tempos de coronavírus. Convocação foi feita pelas redes sociais.
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Nos últimos dias, a Pauliplatz, uma movimentada praça em Colônia, ficou em silêncio – não havia nenhuma criança brincando, quase nenhum carro e apenas alguns pedestres. Até os pássaros pareciam estar em quarentena. Mas, às 18h de domingo (22/03), várias janelas se abriram.
As notas de uma corneta podiam ser ouvidas, seguidas pelo som de uma flauta e de um clarinete. Um violino e um contrabaixo começaram a tocar do outro lado da praça. Não era uma orquestra completa, mas quase. Aqueles que não tocaram um instrumento simplesmente cantaram junto à melodia do último movimento da Nona Sinfonia de Ludwig van Beethoven, recitando os versos do poema de Friedrich Schiller Ode à alegria, também conhecido como Hino à alegria.
A exemplo do que grupos de músicos fizeram na Itália, associações de música alemãs criaram a campanha "Músicos para a Alemanha" , apoiada por milhares de profissionais e amadores em todo o país.
A ação foi divulgada nas redes sociais para que o flash mob acontecesse no domingo. A notícia se espalhou rapidamente, com muitos baixando as partituras fornecidas pela organização. "Ninguém espera um evento musical perfeito! Estar presente é tudo" era o lema da campanha.
Como em Colônia, a música pode ser ouvida em várias cidades do país no domingo à noite. Em Stuttgart, músicos da orquestra da cidade participaram da atividade. Em Freiburg, membros da Orquestra Barroca da cidade foram aplaudidos por pessoas nas casas vizinhas após uma breve apresentação em um quintal.
Em Berlim, cantores da Ópera Estatal transformaram suas varandas em palcos. "Quando não são possíveis apresentações de ópera e shows com uma plateia ao vivo, precisamos recorrer a outros meios", disse o diretor geral de música de Stuttgart, Cornelius Meister. Inúmeras apresentações musicais foram filmadas em todo o país e compartilhadas na internet no fim de semana.
Por que Ode à Alegria?
A escolha da peça musical executada é simbólica. A Ode à Alegria representa um apelo à fraternidade e à solidariedade – e é também o hino da União Europeia.
"É uma ótima ideia seguir o exemplo dos italianos e tocar Ode à Alegria juntos", disse Malte Boecker, diretor da Casa de Beethoven, em Bonn, e diretor artístico da Sociedade de Aniversário de Beethoven.
A música também foi tocada na Casa de Beethoven no último domingo. Peter Materna, diretor do Jazzfest Bonn, tocou saxofone enquanto os funcionários cantaram em várias salas e janelas da casa. A cidade planeja uma série de eventos neste ano em comemoração ao 250º aniversário do compositor.
O que distinguiu o mestre compositor? Qual dos seus trabalhos marcou a história da música? Como ele era? Conheça melhor o grande compositor alemão que completaria 250 anos em 2020.
Foto: picture-alliance/Ulrich Baumgarten
O gênio musical
Ainda criança, Ludwig van Beethoven (1770-1827) era um prodígio. Dizem que seu pai, que queria fazer dele um segundo Mozart, tinha métodos de aprendizado bastante rigorosos. Ludwig tocou seu primeiro concerto aos sete anos. Suas primeiras composições, aos 12. A genialidade só seria evidenciada em obras posteriores, por extrapolarem padrões conhecidos até então, e que continuam inspirando até hoje.
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Estrela já em seu tempo
Hoje, Beethoven é um dos compositores mais ouvidos e interpretados do mundo. Ele já era famoso em vida, o que não era o caso de outros músicos excepcionais de seu tempo. Pense, por exemplo, no triste destino de Mozart, que foi enterrado num túmulo anônimo. Por outro lado, 20 mil pessoas assistiram ao funeral de Beethoven - metade da população do centro da cidade de Viena na época.
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Primeiro artista freelancer
Nos períodos barroco e pré-clássico, compositores como Bach, Haydn ou Händel normalmente eram empregados da corte de um príncipe ou rei - ou em uma igreja. Mas com Beethoven não foi assim: ele conseguiu montar um círculo de mecenas que o apoiavam financeiramente com regularidade. Além disso, ganhava dinheiro com os concertos e a publicação de composições.
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Gênio respeitado
Sua obra ainda é fonte constante de inspiração para os músicos. Seus trabalhos incluem nove sinfonias, cinco concertos para piano, o concerto para violino, 16 quartetos de cordas, 32 sonatas para piano, a ópera "Fidelio", a Missa em dó maior op. 86 e a Missa solemnis op. 123. Seus cadernos com manuscritos meticulosos foram preservados, pois Beethoven costumava desenhar e anotar suas ideias.
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A fatídica "Quinta"
Ta-ta-ta-taaaa. Quatro notas sem melodia – ultrajante para a época! Hoje, é sinônimo de Beethoven, e a "Sinfonia do Destino" é uma das obras eruditas mais tocadas. No entanto, na sua estreia, em 1808, a "Sinfonia nº 5 em dó menor, opus 67" não foi bem recebida: os sons incomuns deixaram o público perplexo. Além disso, a orquestra havia ensaiado muito pouco e o teatro não estava aquecido.
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O clássico: "Para Elisa"
Uma música que cativa há 200 anos: seja em filme, em espera de telefone, como toque, no elevador ou caminhão de gás. "Para Elisa" é uma das peças de piano mais populares do mundo. Não está claro até hoje quem era Elisa. Beethoven se apaixonou muitas vezes, geralmente sem reciprocidade. Ele nunca teve esposa ou família. A obra pode ter sido dedicada à cantora de ópera Elisabeth Röckel.
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A insuperável "Nona"
As sinfonias são feitas para a interpretação por uma orquestra. Para cantores até então não havia lugar no palco. Como Beethoven não se importava muito com convenções, ele inventou algo novo em sua nona e última sinfonia. Assim, no último movimento, não há apenas cantores, mas também um coral. Parte da "Sinfonia n° 9 em ré menor, op. 125, Coral" tornou-se o hino oficial da União Europeia em 1972.
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Além da surdez
É inimaginável: um compositor que já não ouve a própria música. Os problemas auditivos de Beethoven começaram antes mesmo de ele fazer 30 anos. Isso ameaçou não só a sua carreira, mas também a sua vida social. Durante um tratamento em 1802, ele até teve pensamentos de suicídio. Mas o amor pela música o trouxe de volta - seguiram-se 25 anos altamente produtivos.
Beethoven nasceu em Bonn, onde teve as suas primeiras atuações, incentivadores e mentores. Hoje, Bonn se considera A cidade de Beethoven, com o museu Casa de Beethoven e seu amplo arquivo, e o festival anual Beethovenfest. Aos 22 anos, Ludwig mudou-se para Viena, onde encontrou inúmeros apoiadores. Aqui ele também teve aulas de composição com Joseph Haydn. Beethoven morreu em Viena em 1827.