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Alemão vítima de abusos sexuais na Igreja receberá €150 mil

17 de janeiro de 2024

Diocese de Augsburg questionou pagamento de indenização, mas voltou atrás após pressão da imprensa. Aos 62 anos, vítima ainda sente feridas físicas e psicológicas causadas pelo agressor.

Imagem da Catedral de Augsburg
Diocese de Augsburg reconheceu que consequências psicossociais sofridas pela vítima são bastante gravesFoto: picture-alliance/dpa

Um homem que foi vítima de abusos sexuais perpetrados por um padre da Igreja Católica alemã durante anos receberá em torno de 150 mil euros em compensações.

Inicialmente, a diocese de Augsburg havia se recusado a pagar a quantia. Nesta terça-feira (16/01), porém, os representantes da Igreja anunciaram que, após esclarecerem "todos os temas referentes aos procedimentos" junto a Comissão Independente para o Reconhecimento de Pagamentos (UKA na sigla em alemão), que determinou o pagamento da indenização, a decisão foi finalmente aceita.

Os bispos da Igreja Católica alemã nomearam a UKA para decidir sobre o pagamento de compensações às vítimas de abusos sexuais cometidos pelos clérigos. A diocese de Augsburg admitiu que as consequências psicossociais causadas à vítima apresentadas pela Comissão são bastante graves. "A diocese teve de reconhecer novas e adicionais circunstâncias nesse caso", afirmou o escritório do bispo de Augsburg, Bertram Meier.

A vítima, Hans-Joachim Ihrberger, hoje com 62 anos, se disse satisfeito que o caso tenha chegado ao fim. Ele já teve dois ataques cardíacos e três derrames, e se locomove em uma cadeira de rodas. Em sua condição, é recomendado evitar situações estressantes, embora as últimas semanas tenham sido bastante agitadas para ele. 

No início do ano, após a recusa da diocese em pagar a indenização, ele até pensou em desistir do caso. Para ele, o pior de tudo é foi a diocese agir como se ele tivesse interpretado mal a rejeição inicial ao pagamento.

Um porta voz do bispo Meier afirmou em dezembro que o processo ainda não havia sido concluído. No entanto, a emissora alemã WDR, que mantém uma equipe investigativa chamada Igreja e Abusos, tornou pública uma carta enviada a Ihrberger pela diocese afirmando que "após intensas consultas internas, mais recentemente com o bispo Bertram Meier, devemos anunciar que a diocese de Ausburg não pode concordar com esse reconhecimento".

Diocese "sem demonstrar arrependimento"

Johannes Norpoth, porta-voz da Comissão, avaliou essa declaração como uma clara rejeição. Ele elogiou o fato de que o bispo cedeu – ainda que após pressão popular – e decidiu pagar a compensação. Além disso, é notório que os pagamentos seriam ainda mais altos se um tribunal estadual determinasse os valores das indenizações. 

Mas, mesmo após o anuncio desta terça-feira, a diocese ainda continua a levantar alguns questionamentos. Em nota, a entidade afirmou que a forma dos pagamentos fixos do valor estipulado deverá ser discutida de maneira mais aprofundada na Conferência dos Bispos da Alemanha. 

"Isso demonstra claramente que a diocese não tem interesse em expressar arrependimento real e verdadeiro, ao contrário, quer tentar ao máximo se livrar disso", criticou Norpoth. Ele defende que os sistemas de pagamentos dos procedimentos fora dos tribunais devem ser preservados. "É a única maneira de reconhecimento para as muitas vítimas que mal conseguem falar a respeito disso."

Ihrberger em seu relato contou que, na época em que era coroinha, ele foi "acariciado" em seus genitais pelo padre, e depois teve que fazer o mesmo nele. A isso se seguiram dois anos de violentos abusos sexuais, incluindo estupro. Ele ainda sente as feridas deixadas pelo padre todas as vezes em que vai ao banheiro.

rc (ots)

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