Alemãs são condenadas por pegar comida de lixo de mercado
31 de janeiro de 2019
Julgamento de estudantes atraiu dezenas de manifestantes na Baviera. Conhecida na Alemanha como "Containern", prática de vasculhar lixo em busca de alimentos é vista como protesto contra o desperdício.
Anúncio
Duas estudantes foram condenadas por roubo nesta quarta-feira (30/01) após terem retirado alimentos do lixo de um supermercado no sul da Alemanha. A intenção das jovens, julgadas pelo tribunal de Fürstenfeldbruck, era chamar a atenção para o desperdício de alimentos.
Policiais encontraram bananas, alfaces e verduras nas mochilas das jovens, que retiraram os produtos do lixo de um supermercado em Olching, na Baviera, em junho do ano passado. O contêiner de lixo estava trancado e foi arrombado pelas estudantes.
Na Alemanha, a prática é conhecida como "Containern" – o ato de vasculhar lixo de terceiros em busca de itens que possam ser aproveitados.
O julgamento em Fürstenfeld atraiu grande público e dezenas de manifestantes. Inicialmente, as jovens receberam uma proposta de pagar uma multa de 1.200 euros ou de trabalhar para o banco de alimentos em Fürstenfeld em troca do encerramento do processo.
Porém, elas exigiram absolvição, argumentando que, já que o supermercado havia jogado os produtos fora, não teria sido causado nenhum dano à empresa.
De acordo com a Procuradoria de Munique, os produtos retirados do lixo tinham valor de 100 euros. Já o juiz responsável pelo caso os classificou como praticamente sem valor.
O tribunal concluiu que, apesar de os produtos estarem no lixo, eles ainda eram propriedade do supermercado. As jovens terão que contribuir com oito horas de trabalho para um banco de alimentos local.
Além disso, ambas foram condenadas a pagar uma multa de 225 euros cada, mas podem ficar isentas da pena caso não sejam autuadas durante um período de dois anos.
Embora a prática de retirar alimentos do lixo seja habitual para pessoas em situação vulnerável, ela também é vista por muitos como um protesto contra o capitalismo e o consumo desenfreado.
PJ/ots
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.