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Alemanha 3 x 2 Hungria chega ao cinema

rw16 de outubro de 2003

Conquista da primeira Copa do Mundo para a Alemanha, em 1954, vira tema de filme. Obra do diretor Sönke Wortmann entrelaça pós-guerra alemão com drama familiar.

Seleção alemã festeja sua primeira CopaFoto: presse

Nesta quinta-feira (16/10) entra em circuito nacional nos cinemas alemães o filme Das Wunder von Bern (O milagre de Berna), que transpõe para as telas as inesquecíveis emoções da conquista da primeira Copa do Mundo de Futebol para a Alemanha, quase 50 anos atrás.

A vitória, por 3 a 2, da seleção alemã naquele 4 de julho de 1954 contra a favorita Hungria, invicta há mais de quatro anos, representou um verdadeiro milagre para os alemães e sob este nome entrou para a história: como o despertar de uma nova consciência entre um povo derrotado numa guerra recente.

Sönke Wortmann, que dirigiu também o sucesso de bilheteria Der bewegte Mann (O Homem Mais Que Desejado), em 1994, narra a história sob a perspectiva de um menino de 11 anos de idade. Em plena década de 50, os moradores da região do Reno-Ruhr, no oeste alemão, ainda sofriam as mazelas da Segunda Guerra Mundial. O futebol era a válvula de escape.

Família x futebol

Matthias Lubanski, representado por Louis KlamrothFoto: Presse

Um menino, cujo pai continuava prisioneiro de guerra dos soviéticos, tomou "emprestado" como tutor um jogador de futebol. Era seu ídolo, Helmut Rahn, que marcaria o gol da vitória na Copa em Berna.

Um dia, o pai deixaria o cativeiro e, ao voltar para casa, veria pela primeira vez o menino, também seu filho na vida real. A complicada – e violenta ─ relação entre ambos e as dificuldades do ex-prisioneiro em se impor como chefe de família compõem a trama principal.

O drama familiar como a pitada emocional do filme e a perfeição das cenas futebolísticas (montadas de forma digital num estádio que nem existe mais) são considerados os pontos fortes da obra pelo site crítico programmkino.de.

Dicas da faxineira

Longe do Ruhr, em Berna, a seleção alemã, considerada zebra, havia se classificado para a final da Copa. O treinador, Sepp Herberger, ouvia os conselhos "infalíveis" de sua faxineira, e Helmut Rahn (representado pelo jogador de futebol Sascha Göpel) fazia suas escapadas noturnas pelos bares suíços.

A preocupação de Wortman foi atrair também aos cinemas pessoas que não entendem de futebol. "Juntei emoções, a relação pai-filho e amor. Não é só um filme sobre futebol, é uma mistura entre filme para mulheres, filme histórico e uma história de heróis", conta o cineasta de 44 anos.

Helmut Rahn (Sascha Göpel) completaria o 3 a 2 para a AlemanhaFoto: Senator Film Verleih

A autenticidade foi garantida através de depoimentos de Horst Eckel, hoje com 72 anos de idade e que fez parte da seleção campeã. Para isso, quebrou um tabu e narrou a Wortmann (que escreveu o enredo com Rochus Hahn) sobre os bastidores da Copa de 1954. O outro jogador daquela época que ainda vive é Ottmar Walter.

O desafio maior, entretanto, foi encontrar atores que soubessem jogar futebol e que, além de tudo, tivessem semelhança física com os jogadores que representariam no filme. Em compensação, o diretor não precisou se preocupar em manter o suspense: há 49 anos, todos já conhecem o final do filme.

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