Grupo uniformizado patrulhava ruas de cidade do oeste alemão dizendo para pessoas se absterem de bebidas alcoólicas, música e jogos de azar. Tribunal alega não ter encontrado nenhum ato passível de punição.
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Um tribunal de Wuppertal, no oeste da Alemanha, julgou inocentes nesta segunda-feira (21/11) sete muçulmanos membros da "polícia da sharia", grupo que, liderado por um salafista, provocou indignação em 2014 ao realizar patrulhas nas ruas da cidade alemã.
A corte alegou que não foi encontrado no ato nenhum crime passível de punição, pois os uniformes usados pelo grupo não apresentariam caráter intimidatório ou terrorista. A sentença admite apelação.
Para os juízes do tribunal distrital de Wuppertal , os sete acusados não violaram nenhuma lei ao usarem coletes alaranjados com as palavras "polícia da sharia". A corte avaliou que só se poderia falar de uma violação se os uniformes tivessem um teor "provocativamente militante" ou um "efeito intimidante".
A decisão foi fundamentada nas declarações de uma testemunha ocular, que afirmou ter acreditado que o grupo fazia parte de uma celebração de despedida de solteiro. Os juízes também disseram que não havia nenhuma prova para sugerir que os homens – todos entre 25 e 34 anos de idade – tinham qualquer intenção de violar a lei ao vestirem os coletes. As roupas tampouco foram apreendidas.
Há dois anos, a "polícia da sharia” provocou indignação ao realizar patrulhas nas ruas da cidade alemã. Liderados pelo salafista Sven Lau, os membros do grupo patrulhavam as ruas próximas da estação central de trens dizendo aos transeuntes que se abstivessem de bebidas alcóolicas, música e jogos de azar – tudo de acordo com o código de conduta muçulmano conhecido como sharia. Eles também distribuíram panfletos onde declaravam o centro de Wuppertal como "zona controlada pela sharia”.
Lau, um pregador muçulmano polêmico, responde julgamento por supostamente apoiar grupos terroristas na Síria. Relatos sugerem que formações semelhantes de "polícia da sharia” também estariam operando em Londres, Copenhagen e Hamburgo.
IP/kna/dpa
Radicais islâmicos na Alemanha
Eles são jovens, fanáticos e querem chegar ao paraíso. O serviço secreto avalia que na Alemanha vivem cerca de 500 radicais islâmicos dispostos à violência. Nos últimos anos, vários atentados foram evitados a tempo.
Foto: twitter.com
O cenário dos terrorismo islâmico
Milhares de radicais islâmicos vivem em diversas regiões da Alemanha. A maioria daqueles que aceitam ser recrutados para a Jihad tem, segundo o diretor do Serviço de Proteção à Constitutição do país, o seguinte perfil: homem, muçulmano, com histórico de migração e fracassos na biografia. Muitos são filhos de imigrantes em busca de orientação e apoio, mas há alemães convertidos no grupo.
Foto: picture-alliance/dpa
O 11 de setembro e seus mentores
A célula terrorista de Hamburgo: os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA foram arquitetados em Hamburgo por radicais islâmicos em torno do piloto Mohammed Atta (na foto, ao centro). Além de três dos quatro pilotos do 11 de setembro, havia em Hamburgo ainda um grupo de seis apoiadores do plano. El Motassadeq (na foto, à esquerda) foi condenado a 15 anos de prisão.
Foto: picture-alliance/dpa/lno
As malas-bomba
Atentado na estação central de Colônia: no dia 31 de julho de 2006, os estudantes libaneses Jihad Hamad e Youssef el Hajdib pretendiam explodir, com bombas construídas por eles próprios e colocadas em malas, dois trens que partiram de Colônia em direção a Hamm e Koblenz. Hamad acabou sendo condenado em Beirute a cumprir 12 anos de prisão. El Hajdib foi condenado na Alemanha à prisão perpétua.
Foto: picture-alliance/dpa/BKA
A célula do Sarre
O caso do Sarre: No dia 4/9/2007, a unidade antiterrorismo FSG 9 invadiu no estado do Sarre uma casa de veraneio. Três terroristas foram detidos: Adem Yilmaz (esq.), Daniel Schneider (centro), Fritz Gelowicz (dir.). O grupo planejava atentados contra instituições alemãs e norte-americanas em protesto contra o Exército alemão no Afeganistão. Os terroristas foram condenados a 12 anos de prisão.
Filiz Gelowicz: A mulher do mentor do Grupo islâmico do Sarre também precisou responder a processo na Justiça. No dia 5 de novembro de 2010, ela foi julgada por um tribunal de Berlim. Ela confessou ter reunido recursos financeiros que foram investidos na Jihad. Na época aos 29 anos de idade, Gelowicz foi condenada a uma pena de dois anos e meio de prisão.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Schwarz
Os mentores do atentado no aeroporto
Atentado em Frankfurt: No dia 2 2/3/2011, Arid Uka foi responsável por uma chacina do aeroporto de Frankfurt. Ele atirou em dois soldados norte-americanos e feriu gravemente dois outros. Este foi o único atentado terrorista com vitimas fatais dentro da Alemanha. Uka nasceu no Kosovo e cresceu na Alemanha. Sua família não é considerada fanática, mas ele havia declarado ser um "guerreiro de Deus".
Foto: picture alliance / dpa
A célula da Al Qaeda em Düsseldorf
A Al Qaeda na região do Reno: Halil S. (centro) foi julgado pela Corte de Karsruhe no dia 9 de dezembro de 2011. Ele fazia parte da célula terrorista de Düsseldorf, que tinha também como membro um dos guarda-costas pessoais de Osama bin Laden. A Al Quaeda havia planejado um grande atentado terrorista na Alemanha. Todos os quatro membros da célula de Düsseldorf foram condenados a penas de prisão.
Foto: dapd
Os salafistas
Cresceu o número de salafistas na Alemanha, que em breve serão 7 mil. Desde outubro de 2011, eles disseminam traduções gratuitas do Alcorão pelo país. A ação "Leia!" é um projeto desenvolvido pelos radicais islâmicos, que tem por meta distribuir 25 milhões de exemplares do Alcorão. Alguns salafistas são propícios a usar violência e 5 mil já viajaram para zonas de combate na Síria e no Iraque.
Foto: picture-alliance/dpa/Britta Pedersen
Tentativa de atentado em Bonn
No dia 10/12/2012, uma bomba foi colocada numa bolsa e depositada na plataforma número 1 da estação ferroviária de Bonn. O objetivo era demonstrar o poder dos radicais islâmicos, mas um erro de construção da bomba evitou a explosão. O responsável era o salafista Marco G., um alemão que cresceu em Oldenburg e se converteu ao islã. Se a bomba tivesse explodido, ela teria provocado muitas mortes.
Foto: picture-alliance/dpa
Polícia própria baseada na chária
Os salafistas são vigilantes dos "bons costumes": No início de setembro de 2014, uma auto-intitulada polícia da chária (lei religiosa islâmica) saiu às ruas em Wuppertal. Homens patrulharam a cidade e conclamaram muçulmanos a recusarem jogos de sorte, álcool e música. Os salafistas "deturpam nossa religião", disse Aiman Mazyek, presidente do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg
Os que retornaram da Síria
Os combatentes da Síria no tribunal: Em julho de 2013, Kreshnik B. foi para a Síria, onde se aliou à milícia IS. Em fins de 2013, foi detido em Frankfurt. A Procuradoria Geral o acusa de pertencimento a grupo terrorista. É possível que ele tenha que cumprir pena de mais de quatro anos de prisão. Este é o primeiro processo na Alemanha contra alguém que retornou do combate na Síria e no Iraque.
Foto: picture-alliance/dpa/Boris Roessler
Os guerreiros de Deus
Denis Cuspert é o combatente alemão mais conhecido da milícia terrorista IS na Síria. Nascido em 1975 em Berlim de mãe alemã e pai africano, era conhecido como cantor de rap sob o pseudônimo Deso Dogg. Desde 2012 vive na Síria, onde mobiliza salafistas na Alemanha. Ele participou de um vídeo de degolação frente às câmeras. O governo alemão quer colocar seu nome da lista de terroristas das ONU.