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Alemanha aconselha cidadãos a deixarem a Ucrânia

12 de fevereiro de 2022

Após alertarem que invasão russa pode ocorrer "a qualquer momento", EUA retiram maioria de funcionários da embaixada em Kiev. Outras nações pedem saída de cidadãos. Biden e Putin agendam telefonema para este sábado.

Visão aérea de praça em Kiev
Praça em Kiev: cada vez mais países aconselham seus cidadãos a deixarem a Ucrânia Foto: Bryan Smith/ZUMA Press Wire/picture alliance

O Ministério do Exterior da Alemanha aconselhou cidadãos alemães a deixarem a Ucrânia neste sábado (12/02) após advertências do governo dos EUA de uma possível invasão russa iminente.

O ministério também disse que está fechando seu consulado em Donetsk, no leste da Ucrânia, mas ressalta que a embaixada alemã em Kiev permanece aberta, ao menos por enquanto.

"Se você está atualmente na Ucrânia, certifique-se de que sua presença é absolutamente necessária. Se não for o caso, deixe o país em curto prazo", afirmou o Ministério do Exterior alemão.

A notícia é divulgada logo depois que os Estados Unidos instaram seus cidadãos a deixar a Ucrânia. Os EUA, e agora a Alemanha, juntam-se a países como Reino Unido, Canadá, Noruega, Nova Zelândia, Dinamarca, Holanda, Coreia do Sul, Letônia e Estônia, que também pediram a seus cidadãos para saírem da Ucrânia.

Retirada de embaixada americana

O Departamento de Estado dos EUA ordenou a retirada de todos os funcionários que não tenham funções emergenciais da embaixada americana na Ucrânia, devido às crescentes tensões com a Rússia, informou neste sábado a representação diplomática americana em Kiev.

"Em 12 de fevereiro, o Departamento de Estado ordenou a saída da maioria dos funcionários contratados dos EUA da Embaixada em Kiev devido à contínua ameaça de ação militar russa", disse a embaixada, em um novo alerta de viagem para a Ucrânia.

Indicou ainda que, em consequência da medida, a partir deste domingo "os serviços consulares na Embaixada dos EUA em Kiev serão suspensos”.

"A Embaixada manterá uma pequena presença consular em Lviv (no oeste do país) para atender emergências, mas não poderá fornecer passaportes, vistos ou serviços consulares regulares", disse a representação americana.

Os Estados Unidos pediram nesta sexta-feira a seus cidadãos que saiam da Ucrânia nas próximas 24 a 48 horas, ante o risco "iminente" de uma invasão russa que, segundo o governo americano, poderia começar com "bombardeios aéreos e ataques de mísseis".

Em 23 de janeiro, o Departamento de Estado já havia autorizado a saída voluntária de funcionários de contratação direta dos EUA e ordenado a saída de seus parentes.

Washington reiterou ainda que não poderá ajudar os americanos que permanecerem na Ucrânia no caso de uma invasão russa. "Os cidadãos dos EUA na Ucrânia devem saber que o governo dos EUA não poderá retirar os cidadãos dos EUA no caso de ação militar russa em qualquer lugar da Ucrânia. A ação militar pode começar a qualquer momento e sem aviso prévio e também afetaria seriamente a capacidade da embaixada de fornecer serviços consulares, incluindo assistência a cidadãos dos EUA que saem da Ucrânia", afirma o aviso.

Telefonemas com Putin

O presidente russo, Vladímir Putin, tem agendada para este sábado uma conversa por telefone com os presidentes americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, em meio a alertas de Washington de que uma guerra na Ucrânia pode começar "a qualquer momento".

Biden, que está passando o fim de semana na residência de Camp David, telefona com Putin neste sábado depois que no dia anterior seus respectivos chefes de gabinete mantiveram negociações.

Também está prevista uma chamada no sábado entre Putin e Macron.

"Seguimos vendo sinais de escalada russa, incluindo a chegada de novas forças à fronteira com a Ucrânia", alertou nesta sexta-feira o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, após uma videoconferência entre Biden e aliados, em que foi acertada uma reação conjunta envolvendo rápidas e duras sanções contra a Rússia caso o país ataque a Ucrânia.

Participaram da chamada com o presidente americano os líderes de Alemanha, Canadá, França, Itália, Polônia, Reino Unido e Romênia, além de representantes da União Europeia e da Otan.

"Americanos devem sair em 24 a 48 horas"

"Uma invasão pode acontecer a qualquer momento se Vladimir Putin der a ordem", acrescentou Sullivan, dizendo que esta pode até "começar durante os Jogos Olímpicos" em Pequim, que termina em 20 de fevereiro.

De acordo com Sullivan, há uma "possibilidade clara" de que a Rússia efetue um ataque contra a Ucrânia, que poderia ocorrer antes do final dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, que terminam em 20 de fevereiro.

"Qualquer americano na Ucrânia deve sair o mais rápido possível e, em qualquer caso, nas próximas 24 a 48 horas", orientou o assessor do presidente dos EUA, Joe Biden. "Não há perspectiva de uma evacuação militar dos EUA no caso de uma invasão russa", acrescentou.

Sullivan afirmou que os EUA não sabem se o presidente russo "tomou uma decisão final" ou não, mas insistiu que o Ocidente está "preparado para todos os cenários":

Também nesta sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram que enviarão mais 3 mil militares para Polônia. Os soldados partirão de Fort Bragg "nos próximos dois dias" e devem assumir suas posições na Polônia no início da próxima semana, segundo informou uma fonte do governo americano.

Eles se juntarão aos 1,7 mil soldados americanos que começaram a chegar na semana passada ao país. 

Reforços americanos a tropas da Otan

Em 2 de fevereiro, o Departamento de Defesa dos EUA havia anunciado o envio de 3 mil soldados para países aliados na Europa Oriental: mil para a Romênia, 1,7 mil para a Polônia e 300 para a Alemanha.

O funcionário da Defesa americana ressaltou nesta sexta-feira que a soma de todas as tropas adicionais – as anunciadas agora e no último dia 2 –  constituem "uma força altamente móvel e flexível, capaz de muitas missões".

"Eles estão sendo mobilizados para tranquilizar nossos aliados da Otan, impedir qualquer agressão potencial contra o flanco leste da Otan, treinar forças da nação anfitriã e contribuir para uma ampla gama de contingências", detalhou a fonte.

O destacamento destes militares é temporário e complementa os mais de 80.000 soldados americanos que se encontram na Europa em missões permanentes ou rotativas.

Além de enviar esses soldados, os EUA têm em seu território 8.500 soldados em "alerta elevado", que estão prontos para serem mobilizados e, no caso de serem enviados para uma missão, o fariam sob o comando da Otan.

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