Combate ao doping
4 de janeiro de 2009As confederações de esportes não têm outra escolha. A partir do início de 2009, elas deverão implementar em seus estatutos as novas leis do código da Agência Nacional Antidoping (Anad). Caso contrário, correm o risco de perder recursos do governo alemão. "Adotem as medidas o mais rápido possível, senão haverá consequências", advertiu o ministro do Interior, Wolfgang Schäuble.
Com a nova regulamentação, entram em vigor também as diretrizes do código da Agência Mundial Antidoping (Wada, em inglês) para 2009. A assessora jurídica da Anad, Anja Berninger, adverte que os países que não respeitarem as novas regras serão prejudicados, "correndo o risco de não poder sediar jogos olímpicos ou campeonatos internacionais."
Maior fiscalização
Futuramente, os atletas de ponta de todos os países serão obrigados a registrar seus locais de residência para que possam ser submetidos a testes antidoping. Além disso, eles estarão sujeitos à "regra da hora": a cada três meses, deverão informar com antecedência a hora e o local de cada dia, em que se encontram disponíveis para fazer o exame. O esportista que se negar a passar pelo teste três vezes em 18 meses será suspenso por até dois anos.
Berninger admite que as novas regras restringem a liberdade dos atletas, mas afirma que essas limitações são necessárias, como "um sinal vermelho, por exemplo, que não nos deixa conduzir como gostaríamos", explica. Para ela, as restrições são uma forma de proteção para os esportistas: "A saúde, o corpo e a vida dos nossos atletas são tão importantes para nós, que aceitamos estas condições, pois as substâncias ilegais já foram causa de morte e de doenças graves entre eles", afirmou a assessora.
Na Alemanha, cerca de 700 atletas estarão sujeitos ao novo código, em especial membros de seleções e equipes nacionais de esportes, nas quais o doping é mais comum, por exigirem mais força e resistência. Entre as modalidades mais afetadas, estão o ciclismo, o atletismo, a natação, o remo, o esqui de fundo e o biatlo.
Penalidades mais flexíveis
O novo código da Anad também pretende garantir mais justiça em casos isolados de doping. Se um atleta acusado por doping conseguir provar que tomou a substância ilegal acidentalmente, a suspensão pode ser reduzida em até dois anos. O mesmo vale para esportistas que confessarem o doping antes de ser condenados ou para os menores de idade.
Por outro lado, a penalidade pode aumentar em quatro anos se o atleta fizer uso sistemático de doping ou comerciar substâncias ilegais em âmbitos desportivos. Os casos comprovados de doping serão enviados para suas respectivas confederações, encarregadas da punição. Se houver suspeita de erro por parte da Anad, o processo será encaminhado a um tribunal de arbitragem independente.
Prevenção para os jovens
A Anad também aconselha que as confederações se preocupem com a prevenção do doping, principalmente entre a nova geração de atletas. O responsável pela Comissão de Prevenção da Agência, Dietmar Hiersemann, pede que se atente aos aspectos pedagógico e psicológico dos atletas mais jovens. "Embora os esportes de competição sejam uma seleção, as equipes não devem se preocupar somente com os resultados", explicou.
Hiersemann ainda afirmou que as confederações deveriam "dar mais tempo para que os jovens possam se desenvolver e não sejam castigados quando perdem uma competição ou obtêm rendimento inferior ao esperado pela equipe." O ensino da ética no esporte também contribui para a luta contra o doping, observou.