Alemanha alerta para nova crise migratória devido à pandemia
1 de julho de 2020
Enquanto os números relativos à covid-19 caem na Europa, ministro alemão defende que a UE disponibilize mais recursos para ajudar a mitigar as consequências da pandemia em países em desenvolvimento.
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O ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller, alertou nesta quarta-feira (01/07) para uma nova onda de refugiados na Europa, caso a Comissão Europeia não disponibilize mais fundos para combater as consequências da pandemia do coronavírus nos países em desenvolvimento.
"Infelizmente, a mensagem de que a pandemia desencadeou uma grave crise econômica e de fome nos países em desenvolvimento e emergentes ainda não chegou a muitos governos – nem mesmo na UE", afirmou Müller. "Bruxelas realocou dinheiro para esforços de ajuda, mas até agora não disponibilizou um único euro adicional para o combate dessa situação dramática. Isso é vergonhoso."
O ministro enfatizou que, "se não derrotarmos o vírus em todo o mundo, ele voltará como um bumerangue". "Então, nosso sucesso no combate ao coronavírus [em nossos países] será aniquilado, sem mencionar novas ondas de refugiados."
Müller lembrou que a Comissão Europeia planeja orçar 1,1 trilhão de euros para os próximos sete anos e empregar 750 bilhões de euros adicionais para mitigar os efeitos da pandemia nos países-membros da UE. "Mas os fundos para a África, por exemplo, só devem ser aumentados em 1 bilhão de euros por ano. É uma grande desproporção", reclamou.
"Dessa forma, não seremos capazes de lidar com tarefas futuras, como preparação para pandemia, proteção climática e reconstrução econômica e novos empregos para a população africana, que cresce rapidamente", disse Müller, se dizendo a favor de um programa abrangente de reconstrução e estabilização para os países atingidos no valor de 50 bilhões de euros.
Por sua vez, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) apelou ao governo alemão que faça da proteção aos refugiados uma das prioridades de sua gestão à frente da União Europeia, mesmo em tempos de pandemia. A Alemanha assumiu nesta quarta-feira a presidência rotativa da UE.
"O vírus não conhece fronteiras e afeta a todos nós", disse Gonzalo Vargas Llosa, representante do Acnur para assuntos da UE, ressaltando que as pessoas deslocadas estão em maior risco. "Com apoio político e financeiro, a UE pode contribuir para superar uma crise global e proteger melhor os refugiados", destacou.
Segundo o Acnur, 85% dos refugiados em todo o mundo encontram refúgio em países em desenvolvimento, onde os sistemas de saúde se encontram sobrecarregados. A entidade ressalta ser necessário um financiamento flexível para esses países e para apoiar os deslocados.
O ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, anunciou que almeja uma reforma do sistema de concessão de refúgio na UE durante os seis meses da Alemanha na presidência do bloco. Seehofer quer transferir a decisão sobre solicitações de refúgio para as fronteiras externas da UE, para tentar reduzir o número de refugiados que entram no bloco.
A ideia, entretanto, enfrenta resistência do Partido Social-Democrata (SPD), parceiro na coalizão de governo alemão, além de ser controversa entre os países da União Europeia.
Cerca de 68 milhões de pessoas se encontram atualmente em fuga: pelo mar, pelas montanhas, pelas estradas. A migração afeta todos os continentes. As rotas de fuga são as mais diversas. E todas são desoladoras.
Foto: Imago/ZUMA Press/G. So
Fuga por caminhão
O mais recente movimento migratório tem origem na América Central. Violência e fome levam milhares de pessoas a fugir de Honduras, Nicarágua, El Salvador e Guatemala. O destino: os Estados Unidos da América. Mas lá, o presidente Trump se mobiliza contra os imigrantes indesejados. A maioria dos refugiados permanece na fronteira mexicano-americana.
Foto: Reuters/C. Garcia Rawlins
Refugiados terceirizados
O governo conservador em Camberra não quer ter refugiados no país. Aqueles que conseguem chegar ao quinto continente são rigorosamente deportados. A Austrália assinou acordos com vários países do Pacífico, incluindo Papua Nova Guiné e Nauru, para alocar ali os refugiados em campos, cujas condições são descritas por observadores como catastróficas.
Foto: picture alliance/AP Photo/Hass Hassaballa
Os refugiados esquecidos
Hussein Abo Shanan tem 80 anos. Ele vive há décadas como refugiado palestino na Jordânia. O reino tem apenas dez milhões de habitantes. Entre eles, estão 2,3 milhões de refugiados palestinos registrados. Eles vivem, em parte, desde 1948 no país – após o fim da guerra árabe-israelense. Além disso, existem atualmente cerca de 500 mil imigrantes sírios.
Foto: Getty Images/AFP/A. Abdo
Tolerado pelo vizinho
A Colômbia é a última chance para muitos venezuelanos. Ali, eles vivem em acampamentos como El Camino, nos arredores da capital, Bogotá. As políticas do presidente Nicolás Maduro levaram a Venezuela a não conseguir mais suprir seus cidadãos, por exemplo, com alimentos e medicamentos. As perspectivas de volta a seu país de origem são ruins.
Foto: DW/F. Abondano
Fuga no frio
Pessoas em fuga, como estes homens na foto, tentam repetidamente atravessar a fronteira da Bósnia-Herzegovina para a Croácia. Como membro da União Europeia, a Croácia é o destino dos migrantes. Especialmente no inverno, essa rota nos Bálcãs é perigosa. Neve, gelo e tempestades dificultam a caminhada.
Foto: picture-alliance/A. Emric
Última parada Bangladesh?
Tempo de chuva no campo de refugiados de Kutupalong em Bangladesh. Mulheres da etnia rohingya, que fugiram de Myanmar, protegem-se com seus guarda-chuvas. Mais de um milhão de muçulmanos rohingya fugiram da violência das tropas de Myanmar para o vizinho Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo e que está sobrecarregado com a situação. Este é atualmente o maior campo de refugiados do planeta.
Foto: Jibon Ahmed
Vida sem perspectiva
Muitos recursos minerais, solos férteis: a República Centro-Africana tem tudo para estabelecer uma sociedade estável. Mas a guerra no próprio país, os conflitos nos países vizinhos e governos corruptos alimentam a violência na região. Isso faz com que muitas pessoas, como aqui na capital, Bangui, tenham que viver em abrigos.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Blackwell
Chegada à Espanha
Refugiados envoltos em cobertores vermelhos são atendidos pela Cruz Vermelha após sua chegada ao porto de Málaga. 246 imigrantes foram retirados do mar pelo navio de resgate Guadamar Polimnia. Cada vez mais africanos evitam agora a Líbia. Em vez disso, eles tomam a rota do Mediterrâneo Ocidental, a partir da Argélia ou Marrocos.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/J. Merida
Refugiados sudaneses no Uganda
Por muito tempo, Uganda foi um país dilacerado pela guerra civil. Atualmente, a situação se estabilizou em comparação com outros países africanos. Para esses refugiados do Sudão do Sul, a chegada a Kuluba significa, sobretudo, segurança. Centenas de milhares de sul-sudaneses encontraram refúgio no Uganda.