Ministro da Defesa alemão disse que proposta não é considerada pelo governo, mas ampliou pacote de ajuda militar a Kiev. Presidente ucraniano solicita o armamento de longo alcance a Berlim há mais de um ano.
Míssil de cruzeiro Taurus tem alcance de até 500 quilômetrosFoto: Bernhard Huber/MBDA
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O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, anunciou nesta quinta-feira (12/06) que Berlim vai ampliar a ajuda financeira à Ucrânia em 1,9 bilhão de euros (R$ 12 bilhões), mas disse que seu governo não considera enviar os mísseis alemães de longo alcance Taurus a Kiev.
"No total, a Alemanha vai apoiar a Ucrânia este ano com cerca de nove bilhões de euros [cerca de R$ 57 bilhões], afirmou o ministro, que fez sua primeira visita ao país como integrante do governo de Friedrich Merz. No começo do ano, a Alemanha previa uma transferência de 4 bilhões de euros a Kiev (R$ 25 bilhões). O valor vem sendo ampliado desde então.
A Alemanha é o segundo maior doador militar à Ucrânia, atrás apenas dos Estados Unidos. O novo pacote ainda precisa ser aprovado pelo Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão, explicou Pistorius em coletiva de imprensa ao lado do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.
O governo ucraniano também receberá recursos para "comprar equipamentos para a indústria de defesa ucraniana", o que permitirá "um melhor aproveitamento das capacidades produtivas locais", acrescentou o ministro da Defesa. Ele reforçou o interesse de Berlim de usar tais recursos para financiar a produção de armas de longo alcance produzidas na Ucrânia, segundo os termos de um acordo firmado entre Zelenski e Merz em maio.
Os primeiros sistemas desse tipo devem estar prontos "nos próximos meses", disse o ministro.
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Berlim rejeita envio de mísseis Taurus
No entanto, Pistorius afirmou que a Alemanha não pretende fornecer os mísseis Taurus à Ucrânia, conforme havia sido especulado após falas recentes de Merz. "Você está me perguntando se estamos considerando isso. Minha resposta é não", disse ele a um jornalista.
Kiev vem pedindo, sem sucesso, há mais de um ano, que Berlim envie esses mísseis de cruzeiro de fabricação alemã para que possam ser usados contra o território russo. O Taurus alemão, com um alcance de mais de 500 quilômetros, poderia permitir ao exército ucraniano a atingir centros logísticos russos bem atrás das linhas inimigas com alta precisão.
Envio dos mísseis Taurus à Ucrânia é uma demanda antiga de KievFoto: DW
Em maio, ele reacendeu o debate ao dizer que Berlim não vai impor limites no emprego de sistemas de longo alcance aos ucranianos, sem citar quais armas seriam essas. Ao final do mês, após se encontrar com Zelenski e anunciar a produção conjunta de armamentos, voltou a deixar a questão em aberto ao não se pronunciar sobre a transferência do Taurus.
Moscou já havia advertido que o fornecimento dos mísseis alemães à Ucrânia seria interpretado como uma participação direta de Berlim na guerra. Após as falas de Merz, a Rússia subiu o tom e chamou a cooperação industrial entre Berlim e Ucrânia de "irresponsável" e "perigosa". Havia um temor de que, com o possível envio dos mísseis, o presidente russo Vladimir Putin poderia escalar a guerra ou romper as já instáveis negociações de paz.
Ministro da Defesa da Alemanha disse que país vai ampliar transferência de recursos a KievFoto: Evgeniy Maloletka/AP Photo/picture alliance
Aumento de tensões
A visita do ministro da Defesa alemão a Kiev ocorre em um momento de intensos bombardeios russos contra o território ucraniano e com as negociações entre os dois países paralisadas.
"Ninguém pode acreditar seriamente que [o presidente russo] Vladimir Putin esteja genuinamente interessado em conversas sérias sobre cessar-fogo, trégua ou mesmo paz", declarou Pistorius.
Em duas rodadas de negociações em Istambul, Moscou e Kiev, até agora, só conseguiram chegar a um acordo sobre a troca de prisioneiros. Moscou continua exigindo que a Ucrânia reconheça a anexação de partes do seu território e insiste em uma "Ucrânia desmilitarizada". Já Kiev exige garantias de segurança sólidas dos aliados para evitar ataques futuros.
Também nesta quinta-feira, Zelenski disse que espera pressionar o presidente americano Donald Trump a aumentar as sanções contra a Rússia. Os dois líderes se encontrarão na cúpula do G7 que acontece neste final de semana.
gq (dw, lusa, afp)
O mês de junho em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
Milhares protestam nos EUA contra Trump
Uma multidão tomou as ruas de 2 mil cidades americanas em oposição à gestão de Donald Trump, acusado de autoritário pelos manifestantes. O envio de forças federais para reprimir protestos em Los Angeles na última semana e a convocação de um desfile militar que acontece neste sábado em Washington também pautaram as críticas nos atos apelidados de "No Kings" (Sem Reis). (14/04)
Foto: Yuki Iwamura/AP/dpa/picture alliance
Israel e Irã trocam agressões em escalada militar
Israel lançou um ataque contra instalações nucleares do Irã, matando 78 pessoas, incluindo três dos chefes militares do país e dezenas de civis. A ofensiva desencadeou uma troca de agressões sem precendentes entre os países. Em retaliação, a República Islâmica disparou dezenas de mísseis contra Tel Aviv e Jerusalém, furando o Domo de Ferro israelense e ferindo 34 pessoas. (13/06)
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
Queda de avião na Índia deixa mais de 200 mortos
Um avião da Air India com 242 pessoas a bordo caiu em uma área residencial logo após decolar perto do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia. Apenas um dos passageiros a bordo sobreviveu. A polícia indiana contabiliza ainda outras 24 vítimas que estavam no solo e morreram no momento do acidente. A causa do acidente está sendo investigada (12/06)
Foto: Ajit Solanki/AP Photo/picture alliance
Ajuda humanitária em Gaza na mira de militares israelenses
Pelo menos 21 palestinos morreram enquanto se dirigiam a locais de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Entidades denunciam, além da violência, quantidade insuficiente de alimentos, após meses de bloqueio à entrada de itens básicos por Israel. O exército israelense alegou que disparou "tiros de advertência". O número de palestinos mortos em 20 meses de guerra já supera 55 mil. (11/06)
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Réu no STF, Bolsonaro é interrogado em processo da trama golpista
Ao longo de dois dias, ex-presidente e outros sete ex-auxiliares acusados de integrar "núcleo crucial" da trama golpista depuseram na Primeira Turma. Político negou ter discutido planos de golpe após perder a eleição e disse que só debateu medidas constitucionais com militares, mas que não editou "minuta do golpe". (10/06)
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Israel detém barco que levava Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila
A Marinha de Israel interceptou um barco que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. O veleiro Madleen, da iniciativa internacional Flotilha da Liberdade, levava 12 ativistas a bordo. Eles foram escoltados até um porto e, segundo o governo israelense, serão deportados. (09/06)
Trump chama militares para reprimir protestos na Califórnia contra prisão de imigrantes
O presidente americano Donald Trump enviou militares da Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos que eclodiram na esteira de uma série de operações de detenção de supostos migrantes irregulares. A medida não tem apoio do governo do estado da Califórnia, que acusou Trump de tentar provocar uma crise. (08/06)
Foto: Frederic J. Brown/AFP
Rússia amplia ataques contra 2ª maior cidade da Ucrânia
A Rússia executou diversos ataques no centro de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, deixando cinco civis mortos e mais de 61 feridos, incluindo um bebê e uma adolescente de 14 anos. Bombas planadoras, um míssil e 53 drones atingiram prédios residenciais. O prefeito do município classificou a ação como o ataque mais severo desde o início da guerra. (07/06)
Foto: Sofiia Gatilova/REUTERS
Marcelo livre
Um juiz americano determinou a libertação do estudante brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, que chegou aos Estados Unidos com cinco anos de idade e foi detido pelo Serviço de Imigração (ICE) a caminho de um treino de vôlei. Ele ficou preso por cinco dias, durante os quais dormiu em chão de concreto, sem acesso a chuveiro, acompanhado de homens com o dobro da sua idade. (06/06)
Foto: Rodrique Ngowi/AP
Musk e Trump trocam insultos e rompem relações
Bilionário que atuou como conselheiro da Casa Branca criticou projeto de lei de Orçamento de Trump que prevê cortes de impostos e aumento de gastos batizado pelo presidente como "Big Beautiful Bill". Musk chegou a endossar impeachment de Trump e associou presidente ao pedófilo Jeffrey Epstein. Trump reagiu dizendo que Musk "enlouqueceu" e ameaçou cortar contratos da SpaceX com governo. (05/06)
Foto: Nathan Howard/REUTERS
Moraes ordena prisão de Carla Zambelli após deputada deixar o país
O ministro do STF acatou pedido da PGR de prisão preventiva contra a deputada federal e determinou a inclusão dela na lista de procurados da Interpol. Moraes determinou bloqueio de salários, bens, contas bancárias e perfis em redes sociais. Parlamentar deixou o país após ser condenada a 10 anos de prisão e à perda de mandato por envolvimento na invasão do CNJ. (04/06)
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Governo da Holanda desmorona após saída de ultradireitista
Alegando insatisfação com a política migratória, Gert Wilders – também conhecido como "Trump holandês" – e seu partido deixaram coalizão de governo, levando primeiro-ministro Dick Schoof (foto) à renúncia após menos de um ano de mandato. Sem maioria no parlamento, Schoof permanecerá interinamente no cargo até a realização de novas eleições e formação de um novo gabinete. (03/06)
Foto: Peter Dejong/AP/picture alliance
Conservador Karol Nawrocki vence eleição presidencial na Polônia
Resultado é derrota para o governo do primeiro-ministro Donald Tusk e deve dificultar andamento de políticas pró-União Europeia. Apoiado pelo partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), Nawrocki poderá vetar leis e desgastar o governo com bloqueios no Parlamento. Aliança frágil de Tusk pode não resistir até 2027. (02/06)
Foto: Czarek Sokolowski/AP/dpa/picture alliance
Ucrânia destrói aviões de guerra da Rússia em ataque massivo de drones
Na véspera de uma nova rodada de negociações de paz, Ucrânia e Rússia intensificaram sua ofensiva militar e protagonizaram ataques sem precedentes. Enquanto, Kiev destruiu 41 aviões militares na Sibéria, ofensiva de maior alcance no território russo em três anos de guerra, Moscou lançou número recorde de drones contra território ucraniano. (1º/06)