Alemanha anuncia alívio de restrições contra covid-19
16 de fevereiro de 2022
Governos federal e estaduais concordam com um relaxamento escalonado das medidas nas próximas semanas. Chefe de governo alemão mantém plano de impor vacinação obrigatória e alerta que pandemia ainda não chegou ao fim.
Anúncio
Os governos federal e dos 16 estados da Alemanha anunciaram nesta quarta-feira (16/02) que a maior parte das restrições para conter a propagação da covid-19 serão removidas em 20 de março. A decisão coincide com o relaxamento das medidas nos países vizinhos Áustria e Suíça.
A estratégia em três fases foi apoiada pelo chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e pelos governadores, num momento em que os números da pandemia iniciam tendência descendente. "O pico já foi provavelmente atingido”, comentou Scholz.
Em conferência de imprensa ao lado do governador da Renânia do Norte-Vestfália, Hendrik Wüst, e da prefeita de Berlim, Franziska Giffey, o chefe de governo destacou que a obrigatoriedade da vacinação ainda é a política oficial do governo.
A imposição seria necessária para preparar o país para o outono e o inverno (a partir de 23 de setembro), e que o relaxamento das restrições só funcionará atrelado à expansão da campanha de vacinação.
A vacinação obrigatória, segundo Scholz, "se torna absolutamente necessária quando as temperaturas esfriarem novamente”. A medida, porém, ainda enfrenta alguns resistência no Bundestag (câmara baixa do parlamento).
A coalizão de governo encabeçada pelos social-democratas ainda está dividida sobre a questão, e deixou a decisão para os parlamentares. Até o momento, ainda não há data para a votação nem está claro em que direção ela deverá tender.
Anúncio
Relaxamento em três fases
A primeira fase do relaxamento remove a obrigatoriedade da comprovação de vacinação ou de recuperação da doença para o acesso ao comércio não essencial e põe fim ao limite numérico para reuniões privadas entre vacinados.
A partir de 4 de março, as exigências para o acesso a bares e restaurantes serão relaxadas. Será possível entrar nesses locais apresentando somente um teste negativo ou, em algumas regiões, atestado da dose de reforço.
Já o acesso às casas noturnas e discotecas continua sendo apenas para vacinados ou recuperados. Grandes eventos poderão ocorrer somente com 75% de capacidade de público.
As medidas mais amplas de relaxamento virão a partir de 20 de março. O chefe de governo alemão ressaltou, porém, que a obrigatoriedade do uso de máscaras e distanciamento social continuarão em vigor.
A Alemanha e diversos outros países europeus registraram um aumento exponencial dos casos, nos últimos meses. A variante ômicron do coronavírus, mais contagiosa, gerou recordes de casos diários em diversas regiões.
O Instituto Robert Koch, a agência de controle e prevenção de doenças da Alemanha, registrou ligeiras quedas seguidas nas taxas de infecção nos últimos dias, apesar de os números ainda estarem acima dos níveis pré-ômicron.
"Pandemia ainda não acabou"
Nesta quarta-feira, o RKI registrou 219.972 novos casos de covid-19 e 247 mortes. A taxa de incidência por 100 mil habitantes em sete dias – fundamental para a definição das políticas de combate a pandemia – está em 1.401.
"Depois de dois anos, merecemos que as coisas, de alguma forma, voltem a melhorar, e parece ser exatamente isso que temos à nossa frente”, disse Scholz à imprensa, após a reunião com os governadores.
Ele se declarou otimista, mas pediu que a população se mantenha alerta, pois novas variantes do coronavírus ainda poderão surgir. "Não podemos ser desleixados em meio a todo esse otimismo e confiança. Por isso, temos que dizer com clareza que a pandemia ainda não acabou.”
rc/av (AP, DPA, Reuters)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine