Alemanha apreende quantia recorde de cocaína em 2017
27 de dezembro de 2017
Polícia diz estar ocorrendo verdadeira "inundação" da droga. País confiscou quase sete toneladas, mais do triplo que em 2016. Aumento da produção na América do Sul estaria levando a crescimento da oferta na Europa.
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A polícia apreendeu neste ano na Alemanha um volume recorde de cocaína de quase sete toneladas, conforme informação divulgada nesta quarta-feira (27/12) pela imprensa alemã e confirmada pelo Departamento Federal de Investigações (BKA). A quantia equivale a mais do triplo da apreendida em 2016.
Autoridades alfandegárias de Hamburgo chegaram a classificar a cifra como uma verdadeira "inundação de cocaína”.
Segundo especialistas, uma das razões para o aumento seria um aumento da produção da substância na América do Sul, que teria levado a um crescimento das importações para a Europa Ocidental e para a Alemanha.
Veja drogas ilícitas inventadas por cientistas alemães
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De acordo com estatísticas internas do BKA, a que a televisão alemã NDR teve acesso, desde 2012 a quantidade de cocaína apreendida no mundo dobrou. Investigadores acreditam, por isso, que 2017 deverá quebrar o atual recorde de apreensão no mundo, que foi de 582 toneladas de cocaína em 2016.
Produtores sul-americanos de cocaína e redes de tráfico internacionais estariam inundando o mercado europeu, segundo Christian Hoppe, especialista da BKA. "Parece que os criminosos atuam seguindo o lema ‘mais oferta incentiva a procura'."
O diretor da polícia alfandegária de Hamburgo, René Matschke, acredita que a cocaína vem se tornando cada vez mais uma droga do cotidiano e não é mais somente consumida pela alta sociedade.
A maior quantidade do produto entra na Europa a bordo de navios, escondida em contêineres marítimos. Os principais pontos de entrada da droga na Alemanha são, além de Rotterdam e da Antuérpia, os portos de Hamburgo e Bremerhaven.
MD/afp/dpa
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Drogas com passado alemão
Muitos entorpecentes produzidos hoje em laboratórios clandestinos espalhados pelo mundo são criações de cientistas, militares e empresas da Alemanha.
Na Segunda Guerra
Nas campanhas na Polônia, em 1939, e na França, em 1940, Hitler enviou soldados drogados para o front. Na ocupação da França, teriam sido dados às tropas 35 milhões de comprimidos de Pervitin, que tinha o apelido de "chocolate de tanque" ou "pílula de Hermann Göring". A substância ativa, metanfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central. Mas também os Aliados dopavam seus soldados.
Foto: picture-alliance/dpa-Bildarchiv
Alerta, destemido e sem fome
A droga foi produzida por um japonês, inicialmente em forma líquida. Químicos da fábrica berlinense Temmler aperfeiçoaram o produto e o patentearam em 1937. Um ano mais tarde o medicamento era lançado no mercado. Ele era usado contra cansaço, sensação de fome e sede e medo. Hoje em dia, o Pervitin é comercializado ilegalmente sob novo nome: Crystal Meth.
High Hitler?
Historiadores divergem se Adolf Hitler era dependente de Pervitin. Nas anotações de seu médico pessoal, Theodor Morell, aparece um "X" com frequência. Nunca foi esclarecido o que ele significa. Sabe-se, no entanto, que Hitler recebia medicamentos fortes, a maioria provavelmente muito aquém das atuais leis de combate às drogas.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
"Milagrosa" heroína
A criatividade dos produtores de drogas na Alemanha já havia começado muito mais cedo. "Fim à tosse graças à heroína", era o slogan da fabricante alemã Bayer no final do século 19 para o seu sucesso de vendas. Em pouco tempo, a heroína passou a ser prescrita contra epilepsia, asma, esquizofrenia e doenças cardíacas, mesmo em crianças. Como efeito colateral, a Bayer apontava prisão de ventre.
Pai da aspirina e da heroína
O químico e farmacêutico Felix Hoffmann é celebrado especialmente como o inventor da aspirina. Sua segunda grande descoberta aconteceu quase por acaso, enquanto experimentava com ácido acético. Ele resolveu combinar este ácido com morfina, obtido do suco da papoula usada para produzir ópio, criando assim a heroína. O produto só se tornaria ilegal na Alemanha em 1971.
Cocaína para oftalmologistas
Já desde 1862, a alemã Merck fabricava cocaína, usada na época pelos oftalmologistas como anestésico local. Ao pesquisar folhas de coca da América do Sul, o químico Albert Niemann havia isolado um alcaloide, que chamou de cocaína. Niemann morreu pouco depois de sua descoberta, vítima de um problema pulmonar.
Foto: Merck Corporate History
Freud e cocaína
Sigmund Freud consumia cocaína para fins científicos. Em seus "Escritos sobre a cocaína", o pai da psicanálise escreveu que ela não traz inconvenientes. Segundo ele, a substância transmite euforia, energia para viver, e motiva a trabalhar. Seu entusiasmo, no entanto, acabou com a morte de um amigo por causa da droga. Naquele tempo, a cocaína era prescrita contra dor de cabeça e dor no estômago.
Foto: Hans Casparius/Hulton Archive/Getty Images
O barato do Ecstasy
Embora o americano Alexander Shulgin seja considerado o inventor da pílula Ecstasy, a receita para sua produção estava em mãos da fabricante alemã Merck. Em 1912, foi dada entrada para a patente de uma substância oleosa sem cor chamada metilenodioximetanfetamina (MDMA ). Na época, os químicos consideraram que ela não teria valor comercial.
Foto: picture-alliance/epa/Barbara Walton
Efeitos de longo prazo
Os efeitos destas descobertas são implacáveis. As Nações Unidas calculam que em 2013 morreram 190 mil pessoas no mundo devido ao consumo de drogas ilegais. Em relação a bebidas alcoólicas, que não são proibidas, os números são mais impressionantes: a Organização Mundial da Saúde estima que em 2012 5,9% de todos os casos de morte no mundo (3,3 milhões) foram uma consequência do consumo de álcool.