Alemanha assume controle de subsidiárias da russa Rosneft
16 de setembro de 2022
Medida vai colocar sob tutela participação da petrolífera russa Rosneft em três refinarias na Alemanha, incluindo unidade responsável por abastecer 90% do petróleo consumido em Berlim.
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O governo alemão anunciou nesta sexta-feira (16/09) que assumiu o controle das atividades no país de duas subsidiárias da petrolífera estatal russa Rosneft com o objetivo de "garantir" o abastecimento de energia na Alemanha, que vem tomando medidas para reduzir sua dependência de petróleo da Rússia desde o início da invasão da Ucrânia.
As subsidiárias da Rosneft na Alemanha serão colocadas sob "administração fiduciária" pela A Bundesnetzagentur, agência governamental alemã que supervisiona as redes elétricas do país, informou o Ministério da Economia alemão.
Num comunicado, o ministério justifica a decisão de colocar as subsidiárias sob tutela com a necessidade de proteger três refinarias que contam com participação da Rosneft na Alemanha.
"A administração fiduciária neutraliza a ameaça iminente à segurança do fornecimento de energia e estabelece uma base essencial para a proteção e o futuro", apontou o governo alemão.
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Refinaria que abastece Berlim
As atenções estavam voltadas sobretudo para a refinaria PCK em Schwedt, no Estado de Brandenburgo, que conta com 54% de participação da russa Rosneft. A unidade entrou na mira do governo alemão porque fornece cerca de 90% do petróleo consumido em Berlim e região, incluindo o aeroporto de Berlim-Brandenburgo.
A refinaria PCK recebe petróleo bruto da Rússia através do oleoduto Druzhba ("amizade" em russo) desde que foi construída na década de 1960, quando a região ainda fazia parte da antiga Alemanha Oriental.
Além da refinaria PCK, o governo alemão vai assumir o controle da participação da Rosneft em duas outras refinarias no sul do país: a MiRo, em Karlsruhe, e a Bayernoil, em Vohburg. A Rosneft detém participações de 28% e 24% nas duas refinarias, respectivamente.
Ao todo, antes da intervenção do governo alemão, a Rosneft Deutschland, respondia por cerca de 12% da capacidade alemã de processamento de petróleo.
A tutela que entou em vigor nesta sexta-feira é inicialmente limitada a seis meses.
"Seremos menos dependentes da Rússia e das decisões que lá forem tomadas", comentou o chanceler federal Olaf Scholz durante entrevista coletiva.
Não está claro quem poderá substituir a Rosneft como operadora da refinaria PCK. A petrolífera Shell, que detém uma participação de 37,5% na unidade de Schwedt, já manifestou intenção de se retirar do negócio e chegou a abrir negociações com a Rosneft para vender sua parte aos russos, mas o negócio foi interrompido pela guerra na Ucrânia.
Em maio, o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, alertou que seu país poderia enfrentar "perturbações" no abastecimento de petróleo, na esteira da iniciativa da União Europeia de proibir gradualmente as importações de petróleo russo.
O ministério sublinhou que "fornecedores de serviços críticos essenciais, como seguradoras, empresas de TI [tecnologias de informação] e bancos, mas também clientes, não estavam mais dispostos a trabalhar com a Rosneft".
A Rosneft reagiu mal ao anúncio e nesta sexta-feira alertou que pode ir à Justiça para contestar a decisão do governo alemão de colocar suas subsidiárias sob tutela.
Em comunicado, a Rosneft classificou a medida como "ilegal”.
Gazprom
Ao assumir o controle, Berlim também quer evitar que as refinarias sejam desapropriadas de certos ativos por seu proprietário, ou mesmo liquidada por falta de dinheiro suficiente ou petróleo russo.
Em abril, o governo alemão já havia tomado uma decisão semelhante em relação a uma subsidiária alemã da gigante estatal russa do gás Gazprom, a Gazprom Germania.
A unidade alemã da Gazprom detém vários ativos importantes de energia, incluindo o fornecedor de gás natural Wingas, que tem uma participação de cerca de 20% no mercado da Alemanha, a empresa de armazenamento de gás Astora, um braço comercial com sede em Londres e outras subsidiárias estrangeiras.
Após colocar a subsidiária sob tutela, o governo alemão teve que alocar uma ajuda de 9 a 10 bilhões de euros para salvar o braço alemão da Gazrprom da falência.
jps (AFP, Reuters, dpa, ots)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."